sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

James Thompson - Anjos na Neve [Opinião]

Anjos na Neve é o livro de estreia do norte-americano residente na Finlândia, James Thompson. Um livro que entrou directamente no top dos meus favoritos da colecção Alta Tensão. Depois de ter lido policiais suecos, noruegueses, islandeses e dinamarqueses, era a Finlândia, o país escandinavo a que faltava um representante do género, editado em português. Esta lacuna foi ultrapassada com a leitura de Anjos na Neve.

A trama inicia-se quando Kari Vaara, inspector da polícia numa aldeola finlandesa, é chamado para investigar o crime de Sufia Elmi, uma actriz de filmes de categoria B, com origem somali. Estamos na época do kaamos, em que é de noite 24 horas por dia e tudo na Finlândia parece enfadonho e depressivo, o que influencia a esposa de Vaara, Kate, americana, que não se familiariza com os costumes do País.
De facto o autor revela-se já como profundamente enraizado num país onde, a cultura é completamente diferente tanto dos valores europeus como os norte-americanos. Sei que o autor é americano mas reside na Finlândia há dez anos, num país onde raramente existem serial killers, os finlandeses não expõem muito os seus sentimentos mas são xenófobos não assumidos.
A morte de uma estrangeira é já algo frequentemente retratado na literatura policial mas não deixa de despoletar conflitos culturais e sociais, ainda mais distintos quando se fala dos nórdicos, em contraponto com os mediterrânicos.

Thompson descreve com um tom crú mas real os procedimentos de uma autópsia bem como os pormenores de toda uma brutalidade na mutilação de um cadáver. Não é fácil digerir os detalhes da extrema violência no corpo de Sufia, deveras chocantes até para o mais forte dos leitores. A linguagem gráfica a que o autor se refere a práticas sexuais e fetiches poderão igualmente deixá-lo chocado.
Mas o bom livro policial se caracteriza desta forma, a meu ver, não existem eufemismos para algo tão cruel como o homicídio.

Uma história contada na primeira pessoa, por parte de Kari, onde usa o tempo verbal do Presente do Indicativo, que induz a sensação de vestirmos a pele do inspector e acompanharmos toda a investigação a par e passo a partir do momento em que se inicia a leitura. Com capítulos curtos e deixados em aberto, o leitor anseia por ler mais um e sem dar conta, chegar ao final. E claro, o livro tem cerca de 250 páginas, o número certo para quem escreve um bom policial sem se perder nos pormenores fúteis. Torna-se aliciante ler este livro, e por mim falo que o li em apenas um dia! A história é daqueles que prende o leitor, e este não descansará enquanto não conhecer toda a verdade sobre Sufia e os segredos que esta escondia.

Fantásticas as personagens que Thomson cria. O inspector Kari Vaara, divorciado, que deixa os seus esqueletos no armário quando conhece a americana Kate e se apaixonam apesar da sua diferença de idades. A própria infância do inspector bem como a relação com os seus pais são aspectos peculiares que o leitor irá gostar de conhecer.
Kate, a sua esposa, que duvida da cultura finlandesa mostrando como contraponto, os costumes norte-americanos mas que ama condicionalmente (e mostra-o) o inspector. É uma personagem bastante ternurenta e que ameniza tantos sentimentos de ódio e revolta que vamos experienciando à medida que desfolhamos as páginas do livro. Mas o confronto de costumes não é apenas nesta relação que é explorado. Neste livro, o leitor irá conhecer os valores incutidos aos muçulmanos e que darão que pensar!

Um enredo intenso que irá mexer com o leitor quer pela qualidade da história, quer na parte da investigação, bem como o desenvolvimento de um súbtil paralelismo entre a cultura finlandesa, por parte de Vaara e os costumes norte-americanos de Kate.
Apesar da morte de Sufia ser fulcral no enredo, haverá outros dramas, completamente inesperados, que farão com que o leitor fique genuinamente surpreendido. O suspense brilhantemente alia-se às reviravoltas inesperadas na trama, contemplando as passagens pessoais das personagens, havendo um racio equilibrado entre as componentes.

Curioso foram as palavras escritas em finlandês, desde o puro calão até às mais singelas, como Obrigado e Amo-te, tornando-se uma leitura também interessante e didáctica na aprendizagem de pequenas palavras finlandesas.
Depois o próprio livro inspirou-me a pesquisar imagens sobre auroras boreais e estas noites polares nos invernos que conseguem chegar à temperatura de 40º negativos! Embora munido destas características tão invulgares, a Finlândia tornou-se um país inspirador. A abordagem e a comparação do caso presente com o da Dália Negra, deixou-me extremamente curiosa em ler a referida obra de James Ellroy.

O único aspecto negativo que posso apontar será o tempo que tenho que esperar até à publicação do livro seguinte desta saga protagonizada por Kari Vaara. Um livro que recomendo, sem sombra de dúvidas. Uma excelente história que deixa-lo-à chocado com a violência, comovido com o amor que supera diferenças culturais e acima de tudo, atraído pela Finlândia e seus costumes.

Quanto à publicação deste primeiro policial finlandês, só tenho algo a dizer à Porto Editora: Kiitos!

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Robin Cook - Cura [Opinião]

Robin Cook é um nome já conhecido na literatura do suspense, sobretudo pela descrição de procedimentos já bastante comuns em hospitais, tendo sido apelidado de "mestre do thriller médico". Foi com Cura que me estreei neste autor e passo desde já a tecer algumas considerações sobre o livro.

É o primeiro dia de trabalho de Laurie Montgomery, após dois anos de interrupção por motivos de saúde do seu filho e ela recebe um caso de uma morte de um homem, aparentemente comum de causas naturais. Mas Laurie vem a descobrir que o homem foi assassinado. O caso revela ser ainda mais chocante quando se conhece a identidade deste homem. Satoshi Machita afinal de contas, é um ex-investigador da Universidade de Quioto e detentor de uma patente relativa a células estaminais. Posto isto, quem teria razões para matar Machita?

Devo confessar que, inicialmente, me custou entrar na história. O extenso role de personagens de nome oriental constituiu uma tarefa deveras dificil na associação de papéis e de importância na trama. Mas Cook facilita esta função através de um levantamento dos vários intervenientes, tendo sido fundamental a consulta desta lista enquanto decorria a leitura do livro. E como constatei no início, este é o primeiro livro do autor, por isso desconheço se Cook utiliza esta abordagem nas demais obras ou se o fez, pela primeira vez, numa tentativa de auxiliar o leitor na distinção das várias personagens, tarefa esta complicada dada a natureza toponímica.

Desta forma, também foi a primeira vez que li sobre Laurie Montgomery, uma personagem já habitual nos livros de Robin Cook. Após uma breve apresentação sobre a mesma, sinto que foi pouco e que, deveria ter começado a ler os seus livros a partir do momento em que esta personagem surge nos seus enredos, afim de a conhecer bem e de ter ainda mais empatia do que a conseguida através deste livro. Parece-me que em Cura, a personagem regressa após a licença de maternidade, e esta fase foi um tanto ou quanto complicada dado que o seu filho bebé foi vítima de um neuroblastoma potencialmente fatal.
A necessidade de precisar de ler os livros anteriores com esta protagonista advém também do facto desta ser extremamente neurótica. Porque o é, não sei, mas penso que vai além do neuroblastoma do filho. Confesso que fiquei curiosa como terá sido o livro anterior e como terão os pais ultrapassado este problema, desconfiando que este terá sido um livro mais perturbante e desconfortável. Ao denotar que Laurie é casada com Jack Stapleton, também este médico legista, cuja presença é fulcral nas tramas anteriores de Robin Cook, suscitou-me uma certa curiosidade também, em acompanhar a evolução da relação entre estas duas personagens.

Um outro pormenor que me parece imponente é a própria trama. Ora, e tendo eu já ouvido falar diversas vezes da mestria em que o autor escreve sobre suspense médico, notei alguma carência desta componente no livro. A trama trata essencialmente de assuntos sobre conspirações e ajuste de contas no seio da máfia japonesa, entrelaçando com um conflito de interesses por parte de uma associação norte americana. O tópico da ciência está presente pois claro, na abordagem do tema de células estaminais.

Mas estes pontos em nada invalidam a qualidade do autor. Então vejamos, o livro inicia-se com uma grande cena de acção, de onde resulta um morto, passagem esta muito bem descrita, ora não fosse ele, Robin Cook, que pormenoriza golpes, concussões e outras maleitas tais, que só um médico conseguiria descrever. com esta precisão. E mais, estas descrições, que mostram o quão vulnerável é o corpo humano, apesar de realistas, não chocam, pela escolha certa das palavras e pelo tom sóbrio mas quase como poético com que estas são conjugadas.

Um enredo que apresenta tanto suspense como picos de acção, motivando o leitor na sua leitura e ultrapassando os obstáculos referidos anteriormente. O arranque é lento mas o desenrolar da acção é deveras interessante.

Gostei do livro e depressa irei ler outros do autor. Estado Crítico e Mutação já se encontram na estante mas rapidamente se irão juntar a estes muitos mais. Recomendo o autor e o livro, mas acima de tudo, aconselho a leitura das obras por ordem cronológica, de forma a que acompanhemos a evolução das personagens Laurie e Jack, para melhor apreciar toda a envolvente pessoal destes intervenientes.

Divulgação Quinta Essência: Sandra Brown - Obsessão


Depois de Calafrio, Uma Voz na Noite, Vidas Trocadas e Ricochete, aí vem mais um livro da consagrada autora, Sandra Brown.

Sinopse: Um milagre da medicina proporciona à estrela de televisão Cat Delaney mais do que um novo coração. Com a sua segunda oportunidade de vida, Cat troca Hollywood por San Antonio, onde apresenta um programa de televisão em prol de crianças com necessidades especiais. É nesta cidade que conhece Alex Pierce, um antigo polícia que optou por escrever romances policiais - o primeiro homem a vê-la como uma mulher depois da sua cirurgia.
Mas o novo mundo de Cat torna-se assustador quando "acidentes" fatais começam a ceifar a vida de outras pessoas que receberam transplantes de coração e alguém começa a seguir todos os seus movimentos. Cat não tarda a aperceber-se de que Alex talvez - ou talvez não - seja o seu aliado mais importante e que o seu novo coração lhe custa um preço terrível: uma teia de segredos e alguém determinado a acabar com a sua vida. Com o seu novo mundo a tornar-se cada vez mais assustador e um perseguidor misterioso a seguir cada um dos seus movimentos, Cat é apanhada num labirinto sombrio de traição e segredos... e talvez veja demasiado tarde a máscara que esconde o rosto de um assassino.

Nas livrarias a 13 de Fevereiro.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Divulgação Clube do Autor: David Baldacci - O Jogo da Verdade

Sinopse: Nicolas Creel é um homem com uma missão. A sua empresa de armamento enfrenta uma crise e ele arrisca tudo para assegurar o negócio por muitos e muitos anos. Creel põe em marcha um ambicioso jogo, criando e manipulando eventos e conflitos, contando com a ajuda do experiente Dick Pender, "gestor da percepção".
Os dois lançam na Internet o vídeo de um homem a ser torturado, que desencadeia uma série de eventos à escala internacional. De repente, não se fala de outra coisa e o mundo é confrontado com uma nova ameaça, relegando o terrorismo islâmico e outros conflitos para o esquecimento. Alheio aos jogos que manipulam as principais nações, Shaw, o herói de A Conspiração do Silêncio, só tem um desejo: abandonar a agência secreta para a qual trabalha, para se casar. De uma forma inesperada, a sua vida pessoal colide com os planos de Nicolas Creel. E enquanto as nações se aproximam cada vez mais de um conflito aberto, Shaw não descansará enquanto não descobrir toda a verdade, naquela que poderá ser a batalha mais perigosa de todas...

Nas livrarias a 26 de Janeiro.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Mark Mills - Maré de Azar [Opinião]

Maré de Azar é o primeiro livro da autoria de Mark Mills. Foi com a sua obra de estreia que me iniciei neste autor.

A trama inicia-se quando Conrad Labarde, um humilde pescador de Amagansett, descobre nas teias de pesca, um cadáver de uma mulher. A acção passa-se em 1947 numa aldeola chamada Amagansett. Depois de uma investigação inicial, o polícia Tom Hollis, identifica a vítima como Lilian Wallace, filha de um empresário bem sucedido. Mas o humilde pescador junta-se a Hollis para tentar descobrir o que realmente terá acontecido a Lilian? Terá sido acidental? Ou terá sido... morta?

Uma das coisas que faço menção, sempre que leio uma obra de um autor que até à data desconheço é a forma como ele escreve. E de facto Mark Mills tem uma escrita fluida, com grande pormenorização de pessoas e locais mas com uma descrição cuidada e desprovida de elementos muito violentos ou gráficos, sobre o crime em si. Até o procedimento da autópsia é brevemente descrito sem que possa eventualmente chocar o leitor.
Através de analepses na trama, o autor vai relatando as histórias de Conrad e de Lilian, intercalando-as com a narrativa corrente da investigação. Mas não é apenas esta o ponto fulcral da acção. Há uma componente histórica relevante, associada principalmente a trajecto de vida de Conrad e a forma como ele ultrapassou os períodos negros da Gripe Espanhola e da Segunda Guerra Mundial.

Esta é sem dúvida, a personagem que mais se destaca. Conrad Labarde terá tido uma infância difícil como o autor assim o conta. Dotado de uma grande humildade, o pescador basco junta-se assim ao policia para então conhecer a verdade. Não irei desvendar as razões porque o faz, induzindo o seguidor a ler o livro e descobrir por si próprio. Tendo já alguns traumas de guerra, ele mostra-se bem sucedido apesar da árdua tarefa que vem aí. Por outro lado, temos outro herói, Tom Hollis, magoado pelo recente divórcio. A personagem evolui ao longo do livro, muito por causa de Mary. Mas ao fim e ao cabo, Hollis amadurece, e ultrapassa, dentro do possível, a sua luta interior.
Se estes de destacam pelo envolvimento positivo na trama, considero os restantes personagens como suspeitos. Falo portanto da família de Lilian, em que todos agem de uma forma estranha face à morte dela. Sem dúvida que, apesar da acção se passar nos anos 30, já é notório o poder da ambição sobre assuntos monetários e corrupção associada. E assente nesta base, há uma desconfiança inicial e muito natural sobre os elementos da família da rapariga assassinada. Sobre esta vamos conhecendo a personagem nos vários flashbacks existentes no livro, em que nos é relatado algumas situações por ela vividas.

Assim, não posso afirmar que o ritmo do livro é acelerado, antes pelo contrário, entre a história de vida de Conrad, a própria investigação do crime, a vida romântica de Hollis e algumas descrições sobre a fauna e flora da praia, o livro mantém uma dose de mistério aliada ao interesse dos factos históricos. No sentido da investigação, a trama desenrola-se lentamente mas contempla alguns picos de acção com maior intensidade, como a cena final.
De facto, o autor faz um extenso role de descrições no que concerne sobretudo a paisagens marítimas, com uma especial ênfase em pescas. Sim, se nunca pescou na vida, com este livro terá oportunidade em conhecer a par e passo a pesca de um atum, por exemplo. Isto para não falar da própria história local da aldeola, onde há toda uma abordagem sobre os mitos e os costumes populares de Amagansett.

Maré de Azar mistura harmoniosamente as temáticas do policial com história folclore, relações de amor proibidas, segredos no seio da família Wallace e mistério numa história que mantém o leitor curioso especialmente sobre o mote do crime. Além disto, é notável o toque dramático através das vivências em guerra por parte de um dos protagonistas.

Posto isto, e dada a natureza diversificada do livro, penso que este agradará a públicos que não sejam apenas aficionados aos policiais. É um bom livro que certamente irá gostar.

sábado, 21 de janeiro de 2012

David Fincher - Os Homens que Odeiam as Mulheres (Adaptação Cinematográfica) [Opinião]

Adaptado do primeiro livro que constitui o bestseller mundial, da autoria de Stieg Larsson, este foi um filme bastante esperado da minha parte. Cheguei a contar os dias para que o pudesse visionar no cinema e saciar a minha curiosidade sobre esta versão.
A ideia de passar para o filme as quinhentas e qualquer coisa páginas de um livro que li em menos de nada, não é contudo original. Em 2009, o também sueco Niels Arden Oplev pegara nesta obra de Larsson e transformou-a num filme chocante e impressionante, que catapultou a leitura compulsiva destes livros.
Sim, eu confesso que até ver o filme, não fazia ideia do que estava a perder. E mal o filme terminou no dvd, eu convenci-me que teria que ler a trilogia.

Posto isto, voltemos então a esta nova adaptação cinematográfica. Ora a versão de Hollywood, ao contrário do que eu esperava, está fantástica. Tirando uma cena (a verdade sobre Harriet Vanger), o filme está bastante leal ao filme, dedicando pormenores que Oplev descurou. Falo sobretudo do final do filme. E confesso, revivi os sentimentos que experienciei quando li o livro. Outros detalhes do livro foram contemplados no filme, explicando a longa duração do mesmo. No entanto o filme peca por um pormenor. Reparei que, uma personagem tão importante como a Erika Berger, nunca é referido o seu nome. Claro que quem leu o livro, torna-se óbvia a associação do nome com a personagem. Ainda em relação a esta personagem, penso que nesta versão se torna evidente a natureza do trio Greger/Erika/Mikael.

David Fincher é já um nome conhecido na praça publica. Quem é que aqui ainda não viu por exemplo, 7 Pecados Mortais ou Clube de Combate? O realizador mostra não ter pudor em filmar cenas de nudez e violência. Especialmente o último adjectivo. Pessoas mais sensíveis terão certamente uma repulsa ao visionar algumas das passagens mais impressionáveis do filme.

E se há algo de que não posso esquecer de comentar, é sem dúvida o ambiente nórdico muitíssimo bem conseguido no filme. Desde a neve e o frio gélido, os placards com nomes suecos e evidentemente, a toponímia dos locais. Nada foi deixado ao acaso, e a história do filme, embora com actores americanos, segue com rigor o país sueco. A percepção é: a trama é nórdica mas os intervenientes falam inglês. Se influencia? Não. Penso no filme de Mel Gibson, a Paixão de Cristo, em que os actores aprenderam Latim e Aramaico, e desta forma, foi conseguida uma plena envolvência com o público no filme. Não acredito que trouxesse vantagens a aprendizagem da língua sueca, por parte de Daniel Craig e Rooney Mara pois a envolvente sueca era já por si, bastante intensa.
Conhecia apenas este actor, principalmente dos seus papéis como 007, e sinceramente acho-o brilhante. E reparem como o actor é versátil. Se é um bom James Bond (e notem que o actor, ao contrário de tantos outros, não ficou "agarrado ao papel") mas também dá um excelente vilão (lembram-se do papel deste em Tomb Rider?). Acima de tudo, é fantástica a semelhança deste com Michael Nyqvist (actor que realiza o papel de Blomkvist na versão sueca). E de facto achei que Daniel Craig captou a essência de Mikael Blomkvist.

Não conhecia a jovem actriz Rooney Mara mas fiquei impressionada com a sua versatilidade como actriz. Modificou em muito o seu aspecto para que pudesse mergulhar na personagem de Lisbeth Salander. No entanto, e comparando em termos de fisionomia, há um aspecto em que a personagem não corresponde ao livro, na sua totalidade: a tatuagem do dragão que não se encontra completamente nas costas. Já tinha achado a prestação da Noomi Rapace (Lisbeth Salander sueca) bastante boa pelo que, este papel por parte de Rooney Mara não veio acrescentar admiração extra pela personagem.

Resta-me apenas desejar que Fincher termine o trabalho que iniciou, realizando os dois volumes seguintes desta saga. No entanto, fico desiludida por não haver ainda nenhuma informação alusiva a este desejo no imdb...
Um filme que recomendo vivamente! Corra já para um cinema perto de si!

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Divulgação Chiado Editora - Pedro Assunção: Morto 2 Vezes

Sinopse: Na escuridão da casa um vulto negro traz, com sangue frio correndo nas veias, a foice do Diabo. Mas não é a própria Morte que a carrega... Trata-se de um ser humano, que, com as suas próprias mãos, quis desenhar o destino de outrém. Nem serafim, nem querubim, nem arcanjo nem a sorte se dignaram a mexer. Alípio de Sousa sem tempo de despedidas nem aviso prévio, viu a sua vida ser ceifada cedo demais.
Cabe a Carlos Salgueiro, inspector da Judiciária e à sua equipa, descobrir o portador da foice. Mas nem tudo parece o que é...

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Novidade Editorial Porto Editora: James Thompson - Anjos na Neve


Há dez anos que o americano James Thompson foi viver para a Finlândia, onde se inspirou para escrever o seu primeiro romance, Anjos na Neve, o novo título da coleção Alta Tensão, que a PortoEditora publica no dia 23 de janeiro.

O sucesso deste policial foi imediato e, para além de os direitos de tradução já estarem vendidos para 10 países, Anjos na Neve foi escolhido como um dos melhores vinte livros do ano pela Booklist, tendo igualmente sido nomeado para o Edgar Allan Poe Award da Mystery Writers of America 2011 e para o Anthony Award for Best Novel.
O grande escritor de policiais americano Michael Connelly recomenda-o: «Um livro fantástico. Deixei-me conduzir de imediato a um estranho mundo novo, ficando seu prisioneiro da primeira à última página. Uma obra magistral.»

Sinopse: O inspetor Kari Vaara é o protagonista deste romance que nos leva ao submundo violento e obscuro da Finlândia, onde a noite polar, kaamos, é a época mais lúgubre do ano. Quando uma bela imigrante somali aparece brutalmente mutilada num campo coberto de neve, com uma injúria racista gravada no ventre, Kari Vaara sabe que é crucial manter o crime em segredo, pois este seria um escândalo num país que convive mal com a sua xenofobia.
Por outro lado, as exigências da investigação começam a afetar o seu próprio casamento – Kate, a atual mulher, norte-americana, adapta-se mal à cultura e ao modo de vida finlandês. E o próprio Vaara vê-se inesperadamente confrontado com o passado: as suas suspeitas sobre o assassino da jovem somali recaem no homem por quem a sua primeira mulher o trocou…

Sobre o autor: James Thompson, nascido e criado no Kentucky, vive na Finlândia há dez anos e reside atualmente em Helsínquia com a mulher. Antes de se tornar escritor a tempo inteiro, estudou Sueco e Finlandês e trabalhou como barman, segurança, operário da construção civil,
fotógrafo, negociante de moedas raras e soldado. Anjos na Neve é o seu primeiro romance. ´

Passatempo Civilização Editora: Irmã de Rosamund Lupton


Desta vez, e em parceria com a Civilização Editora, a menina dos policiais tem para sortear um exemplar do livro Irmã de Rosamund Lupton. Para participar no passatempo, tem apenas de responder acertadamente a todas as questões seguintes:

Regras do Passatempo:

-O passatempo começa hoje dia 17 de Janeiro de 2012 e termina às 23.59h do dia 31 de Janeiro de 2012;

-O participante vencedor será escolhido aleatoriamente;

-O vencedor será contactado via e-mail;

-Apenas poderão participar residentes em Portugal e só será permitida uma participação por residência.

- Se precisarem de ajuda, podem consultar aqui:

Só me resta desejar boa sorte aos participantes!!!



sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Jodi Compton - A 37ª Hora [Opinião]

A minha estreia na autora Jodi Compton traduz-se desta forma: um livro com 250 páginas, com uma sinopse aliciante, inserido numa das colecções minha favorita, Crime Perfeito das Publicações Europa América, e do qual vos falarei neste post.

Gostei imenso da escrita de Compton. Muito acessível, com uma linguagem desprovida de elementos chocantes, vários diálogos, abundantes descrições, e dado o tipo de narrador, é um livro que visualizamos todos os acontecimentos como se directamente participássemos na acção. Sim, o livro é narrado na primeira pessoa, sob o ponto de vista de Sarah Pribeck, detective do departamento de pessoas desaparecidas. Desta forma, a trama envolve o leitor no seu drama pessoal, quando o marido, Michael Shiloh subitamente desaparece. E Sarah, que está contextualizada com casos de inúmeros desaparecimentos, a este não consegue dar resposta.

Se por um lado, um livro narrado na primeira pessoa permite estarmos na trama como se directamente participássemos na mesma, por outro sinto que se houvesse um narrador, mais brilhantemente descreveria esta personagem. Pois é esse pormenor que tenho a apontar, sinto que inicialmente, a personagem pouco revela de si mesma, do seu passado, e terá que ser o leitor a formular uma caracterização psicológica de Sarah, através dos acontecimentos que ela narra.
Na minha opinião, o conhecimento sobre Sarah é limitado dada esta perspectiva, no entanto com o desenvolvimento da trama, o leitor vai conhecer alguns aspectos sobre a personagem e da sua infância, que, como seria de esperar, traz associada uns pequenos esqueletos no armário.
Depois é todo um paralelismo com a minha forma de ser, e admito, estaria muito mais desesperada caso o meu marido desaparecesse. OK, mas Sarah é detective, já se deparou com inúmeros casos semelhantes, ainda com pessoas desconhecidas, e deverá ser racional (postura que demonstrou durante toda a trama).

Mas se Sarah Pribeck é um tanto ou quanto enigmática, o seu marido Shiloh ultrapassa-a. Nada sabemos dele, senão que é um marido aparentemente atencioso. Ao longo da trama iremos saber alguns factos do seu passado, que inclusivé Sarah desconhecia até então. A autora arquitecta segredos obscuros e intensos na personagem de Shiloh, e desvenda-os num timing perfeito. Mais uma vez, o facto da história ser narrada na primeira pessoa, intensifica o efeito surpresa dos segredos do marido de Sarah.

A trama tem definitivamente como tema fulcral o desaparecimento de Shiloh. Como contraponto há uma trágica eventualidade com a qual Sarah se debate: o homicídio de Kamareia, a filha da sua melhor amiga e parceira, Genevieve Brown.
As consequências deste acontecimento dramático são fortemente exploradas ao longo do livro, e no decorrer da leitura me questionei várias vezes, se haveria alguma relação de causa-efeito entre estes dois tristes episódios. É sem dúvida um livro que prende, pelo mistério e a ânsia em descobrir o paradeiro de Shiloh. E como prova, li, aliás, devorei, este livro em apenas dois dias.
Não consegui descobrir uma conexão entre o nome do livro e o conteúdo do mesmo. Até porque a acção dura seis dias. A minha teoria, no entanto, é o quão empolgante e dramático é a seguinte frase: "Diz-se que se uma pessoa desaparecida não é encontrada em 36 horas, o seu rasto desaparece", como subtítulo, aferindo ao livro, uma enorme curiosidade.

Um livro cujo início foi algo moroso, mas o desenrolar da trama foi fascinante. A cada página virada, estava a braços com uma descoberta sobre Shiloh, o que tornou o livro muito interessante. Mas devo confessar que o final não foi bem aquilo que tinha equacionado, deixou algumas dúvidas, e uma pequena surpresa. Foi então que pesquisei sobre a autora, e descobri que este é apenas o primeiro livro protagonizado por Sarah Pribeck. Fico ansiosamente à espera da publicação do próximo livro pela Europa América.

Não deixo de recomendar aos fãs do thriller psicológico! Uma excelente leitura que irá deixar-vos alerta e mais sensibilizados com as questões de desaparecimento, homicídio e sacrifício. Uma autora que, definitivamente, quero voltar a ler as suas obras.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Brian Freeman - Cidade Inquieta [Opinião]

Brian Freeman conta já com quatro livros, publicados na famigerada colecção policial/thriller, Fio da Navalha da Editorial Presença. Apesar de ter lido o primeiro livro, Segredos Imorais, prosseguido pela leitura do quarto, O Voyeur, livros que constam do meu top 10 das leituras do ano que passou, não poderia deixar de ler os livros intermédios. Desta feita, li Cidade Inquieta, o segundo livro protagonizado por Jonathan Stide, do qual vos falarei neste post.

A trama inicia-se quando assistimos ao homicídio de Amira Luz, uma entertainer das lides nocturnas de Las Vegas. Desde já o prólogo do livro prende o leitor, fazendo-o questionar quem seria Amira e principalmente, quem terá sido o seu executor. Mas eis que, ao iniciar-se o primeiro capítulo, o leitor fica ainda mais surpreendido (e genuinamente chocado) quando M.J. Lane é morto. As cenas descritivas são chocantes, e não apropriadas para publico mais susceptível.

Jonathan Stride trocou Duluth por Las Vegas. O leitor é confrontado com aquela vida boémia e tão típica desta cidade americana. Logo aí sente-se desconfortável, afinal de contas, uma cidade assim é bem mais propícia à ocorrência de crimes do que uma aldeola pacata.
Stride emparelha com Amanda Gillen. Na verdade, Amanda é um transsexual, estado ainda incompleto, vulgo ainda com a genitália masculina, sendo quase como uma vítima da sociedade.
Entretanto Serena Dial, a namorada de Stride, e o parceiro Cordy, investigam um estranho atropelamento de um menino. A ocorrência de outras mortes faz-nos crer que há uma ligação dissimulada, entre as personagens.

Quem já leu um livro de Brian Freeman, sabe que a escrita do autor é dura. Ele não tem qualquer pudor em descrever, utilizando a linguagem mais dura e real, cenas de sexo ou prostituição e os homicídios chocantes. O que até faz sentido. Num bom livro policial, não há que ter rodeios na descrição destes elementos chave. E é expectável que, num mundo de corrupção, prostituição e drogas, as pessoas não se cinjam à boa educação. Portanto, e com isto quero dizer que, sim encontrarão muita linguagem obscena, muito sangue, tripas e violência gratuita. Uma linguagem deveras gráfica, que poderá deixar o leitor verdadeiramente desconfortável.

A trama é intrincada e Freeman, consegue deixar pontas soltas, que brilhantemente são resolvidas no final. Nada garante à partida, uma ligação entre os crimes, mas o autor, e através de constantes reviravoltas no enredo, formula complicadas mas lógicas ligações entre as personagens, que acabam eventualmente, por explicar as consequências. Afinal, os meios justificam os fins. E não é só no crime que Brian Freeman é mestre. O autor consegue explorar temas complicados como a homossexualidade, o estigma na sociedade quando se faz escolhas contra a natureza humana, o mundo da prostituição e o luxo e o glamour em Las Vegas e a ambição desmesurada das pessoas em singrar neste meio e na vida. Além disso, o autor não tem qualquer pejo na elaboração da estrutura das personagens. Certamente que o seguidor concorda comigo, afinal de contas é a primeira vez (que eu tenha conhecimento) que existe como polícia, uma figura transsexual.

É um livro, que na minha opinião, se encontra muitíssimo bem estruturado. Se Freeman introduz uma personagem nova, dedica um capítulo à mesma, para que o leitor conheça o seu passado e tudo o que este interveniente traga de novo à narrativa.

As personagens são formidáveis. Falo de todas, mas claro que adoro o par Jonathan Stride e Serena Dial, as já nossas conhecidas desde Segredos Imorais. Neste livro, a ex parceira de Stride, Maggie, tem um papel meramente figurativo, o que é pena, eu engracei com ela no livro anterior, e as suas deixas humorísticas desanuviavam em muito, os momentos dramáticos contemplados pela acção. Mas o leitor vem a descobrir neste livro, um terrível drama pessoal de Maggie, que acredito piamente, mudará o rumo da personagem, para a frente da saga.
Também Serena tem os seus esqueletos no armário, ainda... O primeiro livro desvenda por completo o seu passado, e no decorrer de Cidade Inquieta, é notório o quão influenciáveis são os seus segredos face à actualidade. Optar pela prévia leitura de Segredos Imorais torna-se quase imprescindível, para compreendermos profundamente esta personagem, uma vez que só nos apercebemos da autenticidade dos seus fantasmas do passado relativamente a meio da trama.
O restante leque de personagens representa quase como uma crítica à sociedade, caracterizando a ganância do poder, à corrupção, às ligações amorosas que funcionam como troca de favores pessoais, entre outros, havendo um rácio equilibrado entre o número de vítimas e o de suspeitos.

Uma leitura que aconselho vivamente aos amantes do suspense e da acção. Torna-se compulsivo ler cada capítulo afim de desvendar toda o fio condutor do enredo. Acima de tudo, recomendo a leitura prévia de Segredos Imorais, afim de não perder pitada sobre as personagens!

Divulgação ASA - Dan Burstein: Os Segredos da Rapariga Tatuada

Em contagem decrescente para a estreia da versão americana do filme baseado na obra de Stieg Larsson no cinema, Os Homens que Odeiam as Mulheres, a ASA publica um livro que visa desmistificar alguns aspectos referentes ao autor e à bibliografia. Ora espreitem a sinopse ;)

Sinopse: Este é um livro que aborda temas como a morte de Stieg Larsson, autor da trilogia Millennium, e a possibilidade da edição, não concretizada, de um quarto volume da saga.
Através de comentários perspicazes e entrevistas reveladoras, entramos no mundo singular de Lisbeth Salander, Mikael Blomkvist e, claro, do próprio Stieg Larsson, descobrindo as fascinantes experiências de vida do autor e os incidentes à volta da vida política sueca, da violência sobre as mulheres e dos movimentos neonazis que estão no centro da obra de Larsson.
O que torna Lisbeth Salander tão especial e inesquecível? Quais os motivos de tanta especulação - e qual é, afinal, a verdade - sobre a trágica morte de Stieg Larsson? Quais eram as ideias do autor para o quarto livro? Terá deixado pistas para os restantes livros da série de dez que pensara escrever?

domingo, 8 de janeiro de 2012

Novidade Editorial Civilização Editora: Irmã - Rosamund Lupton

Sinopse: Quando Beatrice recebe um telefonema frenético a meio do almoço de domingo e lhe dizem que a sua irmã mais nova, Tess, desapareceu, apanha o primeiro avião de regresso a Londres. Mas quando conhece as circunstâncias que rodeiam o desaparecimento da irmã, apercebe-se com surpresa, do pouco que sabe sobre a vida de Tess - e de que não está preparada para a terrível verdade que terá que enfrentar. A Polícia, o noivo de Beatrice e até a própria mãe aceitam ter perdido Tess, mas Beatrice recusa-se a desistir e embarca numa perigosa viagem para descobrir a verdade, a qualquer custo.

Sobre a autora: Rosamund Lupton ensina Literatura Inglesa na Universidade de Cambridge. Depois de vários empregos em Londres, incluindo copywriting e revisão para a Literary Review, venceu uma competição para jovens escritores e foi selecionada pela BBC para um curso de jovens escritores. Também foi convidada para o grupo de escritores do Royal Court Theatre. Escreveu guiões originais para televisão e cinema, antes de escrever o seu primeiro romance, Irmã, um bestseller no Reino Unido e nos EUA. O seu segundo romance, Afterwards, também já é um bestseller no Reino Unido.
Rosamund vive em Londres, com o marido e os dois filhos.

Nas livrarias a 16 de Janeiro.

Ken Follett - O Terceiro Gémeo [Opinião]

Iniciei o ano com um autor já nosso conhecido, Ken Follett. Ainda só li um livro deste autor, é certo, mas A Ameaça revelou ser uma das melhores leituras do ano passado. Tendo apenas como base de comparação esse livro, achei que este se desenvolve num ritmo mais lento, no entanto não deixa de apresentar uma abordagem deveras interessante: a clonagem. Sim, hoje em dia a clonagem é um assunto que, embora controverso, não deixa de ser banalíssimo, mas não nos esqueçamos que o Terceiro Gémeo data de 1996, ano em que se davam os primeiros passos nesta técnica (originando o nascimento da ovelha Dolly).

A trama inicia-se num plano maléfico para intimidar algumas raparigas e violar uma delas. Quem pretende fazê-lo não conhecemos, o certo e que o homem leva a sua avante e a sua vítima acaba por ser a ajudante da investigadora Jean Ferrami. Esta é detentora de um estudo sobre gémeos verdadeiros e a potencialidade dos genes na criminalidade ou na vida em sociedade. Mas eis que surge Steve Logan, e é neste momento que a trama adensa-se. Afinal Jeannie sente-se rapidamente atraída por ele. Será ele um rapaz genuíno, dadas as controversas suposições que vão surgindo sobre este estudante de Direito? E que intenções terá Berrington Jones, o professor da Universidade que supervisiona o trabalho de Jeannie?

Muita conspiração, corrupção no meio académico e intrigas numa trama com muita emoção e algum romance. É um livro que tem uma trama relativamente linear até meio, onde o leitor rapidamente deduz uma teoria relativa ao desenrolar da história. Apesar de relativamente previsível, não deixou de ser emocionante acompanhar a jornada de Jeannie. O mesmo digo para o desfecho. É que Follett se preocupou em dar uma ênfase emocionante em toda a trama, que diria que o final da história é claramente expectável.
Afinal de contas, são 500 e algumas páginas, mas que se leêm muitíssimo bem, dotada de acontecimentos intensos e alguma acção. Penso que a trama está muito bem construída e sólida.
À semelhança de A Ameaça, a acção passa-se durante uma semana, e em cada dia, os acontecimentos são extremamente intensos. Há desta forma, e mais uma vez, uma sensação de "time is running out", levando a que o leitor se envolva fortemente com a trama.
Um livro que debate temáticas polémicas como a clonagem e a fertilização in vitro, explorando os limites sobre o que separa o progresso da ciência e a ética humana.

Só tenho a apontar uma ou outra fraqueza no enredo que se prende a dois aspectos. Sem querer levantar alguma suspeita ou spoiler, primeiro, pergunto aos seguidores que certamente assistem a várias tramas desencadeadas na prisão: afinal como é que em plena sala de interrogatório neste local, o recluso solta um rato sem que o guarda prisional se aperceba? E não terá Jeannie precipitado em relação aos seus sentimentos? Conhece Steve há uns dias mas já o ama assim tão intensamente apesar das inúmeras provas que indicam que este não é flor que se cheire.
Mas estas são apenas umas pequenas vulnerabilidades, que, comparadas com o global do livro, são desprezáveis. É notório o trabalho de pesquisa de Ken Follett sobre a replicação do ADN no processo de clonagem. Sem dúvida que o autor demonstra mestria ao manusear esta temática.

Se há algo que destaca as obras de Follett, são sem dúvida as fortes personagens que o autor cria. E há um que se realça em toda a trama. Esta é nada mais que Jeannie Ferrami. Tem uma história de vida, um tanto ou quanto complicada, sobretudo em relação ao seu pai. No entanto conseguiu ser bem sucedida na vida, e agora doutorada, fará de tudo para trazer o seu estudo à praça publica. No entanto achei que faltou ali um pouco mais de emoção na personagem. O mesmo para Lisa, que sendo uma vítima de violação, aparenta ter ultrapassado o trauma num curto espaço de tempo. Afinal a trama passa-se numa semana, e Lisa recupera do trama em um ou dois dias! De resto, os vilões achei-os extremamente bem caracterizados, transmitindo sentimentos muito adversos ao leitor.

A escrita de Follett é bastante acessível, desprovida de termos que possam chocar o leitor, ainda que ele descreva algumas passagens, que no âmbito do romance, são certamente mais quentes.

Um livro que, pelo misto de acção, thriller e romance, deu já origem a uma adaptação cinematográfica em 1997 e que realmente, fiquei curiosa em ver.

Em relação à leitura de mais livros do autor, só tenho a dizer o seguinte: "Não demoro, comodoro". Quem leu irá entender? E quem não leu, não vai deixar passar a oportunidade de ler este livro fantástico! Recomendo vivamente!

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Divulgação Editorial: Publicações Europa América

Sinopse: Agora que o neuroblastoma potencialmente fatal que tomou conta do seu filho parece estar em plena remissão, a médica legista de Nova Iorque, Laurie Montgomery, volta ao trabalho no Gabinete de Medicina Legal, onde trabalha há mais de duas décadas.
Preocupada com a incerteza de ainda ter estofo para o seu trabalho ou não depois da longa ausência, Laurie depara-se com um primeiro caso que é nada mais do que um puzzle altamente perigoso e da maior importância, que envolve o crime organizado e duas empresas recém-criadas de biotecnologia, num jogo de audazes. Apesar dos conselhos e avisos dos seus colegas e do seu marido, o também colega Jack Stapleton, Laurie está determinada a resolver o mistério que este caso representa.
Satoshi Machita, um ex-investigador da Universidade de Quioto, é o detentor de uma patente extremamente valiosa que diz respeito às células estaminais induzidas pluripotentes, que serão a base para a construção de uma industria de triliões de dólares na área da medicina reconstrutiva. Quando este morre numa plataforma do metropolitano de Nova Iorque, cheia de pessoas, Laurie tera de decidir se a sua morte se deve a causas naturais - ou algo mais… diabólico.
Nas sombras, escondem-se pessoas que gostariam de ver Laurie bem longe da morte de Satoshi. Apesar das ameaças que recebe, ela insiste, até que as estas começam a ser tornar-se bem reais e afectam a pessoa que ela mais ama no mundo: o seu fillho J.J.. Subitamente, Laurie não terá outra escolha senão resolver o crime e salvar o seu filho.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Saldos nas Publicações Europa América

As Publicações Europa América estão de volta com os saldos! Não deixe escapar a oportunidade de comprar títulos de autores como Mo Hayder, P.D. James, Ruth Rendell, Stephen Booth, Steve Mosby ou o famigerado Robin Cook por metade, sim metade, do preço (em livros editados há mais de 18 meses). Com este preço vou-me desforrar e comprar uns quantos da colecção Crime Perfeito!

Clique sobre a imagem para ver mais. E boas compras :)

domingo, 1 de janeiro de 2012

Harlan Coben - Desaparecido para Sempre [Opinião]

Quem já leu Harlan Coben sabe que se há coisa com a qual as suas histórias se desenvolvem é a imprevisibilidade. Coben manuseia temas complicados e difíceis de digerir, como o homicídio, o desaparecimento, a prostituição ou o abuso de menores, para criar excelentes tramas onde nada mas nada é o que parece. Esta era fundamentalmente a ideia que eu tinha antes de avançar para este livro, tendo lido anteriormente Não Contes a Ninguém, Morte no Bosque e Falta de Provas.

Na presente narrativa, somos que enredados por uma teia complexa de relações e de personagens que, por intermédio de twists sucessivos, nos surpreendem à medida que nos aproximamos da verdade. E o que será esta dita verdade? Inicialmente pressupõe-se que Ken Klein, irmão do protagonista Will Klein, terá violado e assassinado a namorada e vizinha Julie Miller, tendo-se de seguida, posto a monte, para nunca mais ser visto. Esta é a versão oficial das autoridades, contudo, para o irmão Will, Ken não só não matou Julie como terá sido ferido ou mesmo assassinado pelo verdadeiro autor do homicídio há onze anos atrás.

É com esta dicotomia que Harlan Coben nos lança numa alucinante espiral de acontecimentos envolvendo Will Klein, incluindo o desaparecimento da sua actual namorada e levando-o a questionar em quem realmente confia e a mergulhar no submundo do crime organizado e da prostituição à revelia das próprias autoridades.
Ao longo da trama vamos conhecendo os segredos das personagens, sendo completamente impossível adivinhar as consequências dos mesmos.

Assim, e como nos livros que li anteriormente de Coben, já tinha contactado com a escrita do autor, que suspende brilhantemente os finais de capítulo, para que o leitor anseie ler mais um e outro. A capacidade de descrição do autor é fantástica e versátil. Coben descreve com mestria passagens aceleradas de pura acção, deixando o leitor quase como sem pinga de sangue. Como contraponto, o autor descreve brilhantemente personagens e cenários, transportando o leitor até Nova Iorque e Nova Jérsia, e mesmo que este não tenha lá ido, acredite, vai sentir-se como se estivesse nos Estados Unidos. Uma escrita também munida de um toque de um certo humor melodramático, sobretudo nos diálogos de Will e Squares.

Desaparecido para sempre caracteriza-se assim, por ser um livro que envolve o leitor por completo, levando-o no ritmo frenético da acção. É daqueles livros que, primeiro, o leitor terá dificuldade em pousar e retomar a sua leitura no dia seguinte, segundo, por mais teorias que o leitor fará, a trama nunca será aquilo que se equaciona. O virar de cada página associa um facto novo e a acção prossegue num novo sentido. Os momentos de tensão seguem atentamente todas e quaisquer acções contempladas na trama. Tem reviravoltas até literalmente, à última página. Narrado sob a primeira pessoa, concretamente sob o ponto de vista de Will, imediatamente o leitor sente uma afinidade com esta personagem. E desta forma, acompanha e sente na pele, as emoções e descobertas do protagonista.
As personagens causaram em mim uma série de sentimentos. Se por um lado, como referido acima, sentimos uma afinidade com Will, e com o seu leal amigo Squares, por outro há umas quantas personagens com as quais o leitor irá sentir uma enorme repulsa. Claro que falo de Ghost, ou John Asselta, cujos objectivos de vida não são nada mais do que desprezo pela vida humana. Não posso deixar de mencionar outras personagens, que caracterizadas como Coben o faz, espelham verdadeira degradação humana.

Desaparecido para Sempre tornou-se o meu livro preferido do autor até à data, e creio que daria uma excelente adaptação cinematográfica. Adequado para os amantes das emoções fortes. É uma obra sem dúvida a não perder!

Novidade Editorial Bertrand 11 X 17

Uma excelente notícia para quem segue atentamente as aventuras de Maura Isles e Jane Rizolli, desta feita, em formato de livro de bolso. Em Janeiro é publicado Duplo Crime, o livro seguinte à Pecadora. Toda a informação disponível aqui.

Camilla Lackberg - Ave de Mau Agoiro [Opinião]

Ave de Mau Agoiro é o quarto livro da autoria Camilla Lackberg, protagonizado por Patrik Hedstrom e a sua companheira Erica Falck. Esta é uma saga que acompanho com muita curiosidade, uma vez que desde o primeiro livro, A Princesa de Gelo, a autora mostrou estar à altura dos meus autores policiais favoritos.

À medida que se desenrolam os vários tramas dos livros, é feito através de um fio condutor, comum e evolutivo, que é a relação entre Patrik e Erica. Depois de se enamorarem, no primeiro livro, da gravidez de Erica, surge, numa linha bastante natural mas ao mesmo tempo cativante, os preparativos do seu casamento. Desta forma, aconselho acima de tudo, a leitura dos livros de Lackberg por ordem, afim de não perder pitada sobre cada etapa do progresso da relação entre estas duas personagens. Nem o mais insensível ao romance ficará indiferente a estas duas personagens, não deixando de estabelecer no entanto, as diferenças culturais que dotam estas figuras face aos mediterrânicos.

Neste livro, em concreto, a componente íntima de Patrik e Erica, reflecte-se sobretudo na ansiedade existente no desenrolar dos procedimentos desta cerimónia tão especial. E o quão complicada pode ser esta tarefa quando existe um bebé. Pois eis que Maja cresceu e já tem oito meses. Não esqueçamos o drama pessoal da irmã da protagonista, Anna, que teve uma vida complicada devido a Lucas, o marido com precedentes de violência doméstica.
Em grosso modo, e em semelhança dos livros anteriores, é posta uma grande dosagem da vida pessoal das personagens, o que cativa o leitor e fá-lo sentir mais próximo das mesmas. Talvez o público feminino se sinta mais entusiasmado com esta abordagem, no entanto, Camilla Lackberg entrelaça esta vertente mais romanceada com a investigação em paralelo de dois crimes. Esta é feita por Patrik Hedstrom e a sua equipa. Erica vai tendo ao longo da saga, um papel cada vez menos activo na formulação de teorias que auxiliem o desvendar dos crimes. Neste livro em concreto, o papel de Erica cinge-se apenas a ouvir os desabafos do seu companheiro. Se eu concordo? Bem, penso que tal personagem tão perspicaz em relacionar factos, vê assim reduzido o seu potencial na investigação do crime.

Em Tanumshede, uma mulher abstémica, de seu nome Marit, Kaspersen, tem um acidente de viação e morre. O estranho é que ela revela uma taxa de alcoolémia bastante elevada tendo em conta o absentismo à bebida, e a polícia que investiga este caso considera-o portanto,um homicídio. Sendo divorciada de Ola, um homem maníaco pela organização, e mãe de Sophie, não há. aparentemente, razões para a ocorrência de um acto tão cruel. Em sintonia com a investigação deste crime, há também um outro, ocorrido em pleno reality show.

Com uma componente forense muito intensa, a resolução destes crimes passa sobretudo no associar de pistas, recorrendo ao passado das vítimas e terceiros. Mas Camilla Lackberg fá-lo com mestria, desvendando as peças chave do puzzle quase como em passadas largas na acção da trama.

As personagens são cativantes e misteriosas mas não deixam de ser bastante reais. Falo portanto de um leque de intervenientes que aparece pela primeira vez em Ave de Mau Agoiro, como a nova polícia Hannah e o seu marido Lars, os jovens que concorrem no reality show sueco, os familiares das vítimas de homicídio.
No fundo, a autora quer incluir testemunhos de realidades já nossas conhecidas, e aborda aqui, temas como homossexualidade, a burla, a ansiedade na preparação de um casamento ou a ruptura deste, a morte da mãe quando se é uma menina adolescente, o rapto de crianças... enfim, uma panóplia de situações possíveis que são espelhadas nas demais personagens que compõem a trama. E são precisamente estes dramas que arrastam o leitor e envolvem-no profundamente. Falo por mim que fiquei seduzida pela investigação do crime e pela leitura sobre os demais dramas de Kerstin; feliz nos preparativos do casamento de Erica; comovida na descrição da rotina de Erica com os passos da bebé; frustrada quando me apercebia que não se chegaria à resolução do crime daquela forma; angustiada ao conhecer o passado dos jovens que enveredaram pela participação num reality show e acima de tudo surpreendida ao assistir à resolução dos crimes.

Um enredo imprevisível, que vai ligando as pontas soltas à medida que caminhamos para o final do livro, tem direito a um desfecho brilhante e que deixa o leitor ansioso por ler o livro seguinte afim de desvendar o tenebroso passado de Elsy, a mãe de Erica. O identificar do assassino para mim não foi assim tão inesperado quanto comparado com os livros anteriores. No entanto o genial da história foi a conexão dos factos, garantindo de certa forma uma imprevisibilidade dos mesmos.

Um livro que, sem sombra de dúvidas, recomendo vivamente! Por ser um policial, com uma relevância para as relações humanas, penso que se adequa a qualquer público. Um toque de dramático acompanha as tramas das personagens. Mais do que aconselhar este livro, recomendo os três livros anteriores. Mal posso esperar que a Dom Quixote publique o próximo volume desta saga de Fjallbacka.