sábado, 28 de abril de 2012

Aquisições da Feira do Livro de Lisboa de 2012 (Terceira Volta)


Lá venho eu de mais uma tarde na Feira do Livro! Desta feita apenas comprei um livrinho, o Fio da Navalha para a minha colecção. O do Ken Follett foi o namorado que ofereceu (era o único que me faltava da Bertrand do autor) e O Obelisco veio numa troca em mãos na feira.
Cada vez mais tenho que me cingir à listinha e deixar as tentações de parte!

Aquisições da Feira do Livro de Lisboa de 2012 (Segunda Volta)

Embora um pouco desfocada, esta é a foto que mostra as aquisições na minha segunda visita à feira do Livro de Lisboa. Ainda em alfarrabistas, claro, e curiosa com os livros de Aleksandra Marínina (já li o primeiro e achei muitíssimo interessante). Estou a tentar coleccionar estes livros do Fio da Navalha, colecção que já mostrou estar à altura das minhas preferências literárias.

Aquisições da Feira do Livro de Lisboa de 2012 (Primeira Volta)

E pronto, já cá faltava o típico post das aquisições da Feira. Este ano, estreei-me nos alfarrabistas e no primeiro dia trouxe estes para casa, um deles oferta do namorado que sabe que estou entusiasmada com Ken Follett!

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Giorgio Faletti - Eu Sou Deus [Opinião]


Eu Sou Deus é o segundo romance do famigerado autor Giorgio Faletti, autor de um dos melhores livros que li em 2011, Eu Mato. Desde Maio do ano passado que ansiava pela publicação deste livro, que será posto à venda no próximo mês.

Comparando ambas as histórias, estas são definitivamente de cariz diferente. Eu Mato trazia um rápido e empolgante arranque na narrativa. Ora, Eu Sou Deus contrapõe-se na forma como se inicia, lenta e focada no veterano de guerra Wendell Johnson e na sua árdua história de vida. Em passagens no mínimo emocionantes, são descritos os efeitos da guerra do Vietname e os traumas que daí advêm tanto físicos como psicológicos, enfatizando esta personagem e a relação que estabelece com os demais. O leitor questiona-se como terá este homem influência na acção explanada na sinopse. E esta inicia-se apenas na página 68, altura em que, numa outra fase temporal, apresenta a detective Vivien Light. A então protagonista desta história investiga um caso de um desconhecido emparedado numa obra. Sem certezas sobre a sua identidade, tudo o que resta é uma estranha fotografia antiga e uma carteira. Ela irá associar-se a Russell Wade, um fotógrafo jornalista filho de uma família abastada mas que vê a sua carreira em decadência.

São duas personagens com um carácter forte, com os seus esqueletos no armário. A conjugação destas duas personagens de sexo oposto e dotadas desta forma, não é de todo inovadora e consegue ser bastante previsível o rumo da relação dos dois. Um cliché que resulta, e alivia a carga pesada da trama.
Além da componente thriller e do romance (ainda que numa versão muito discreta) há também um forte peso de emoções fortes, trazidas muito a partir do dramatismo dado pelas personagens secundárias. Estas, embora com um papel mais reduzido, revelam-se fulcrais com o desenvolvimento da narrativa.

Dado que há muitas passagens com a finalidade de apresentação de personagens, o autor recorre frequentemente a flashbacks, de forma a dar a conhecer um pouco mais sobre estas ou situações que sejam fulcrais para a narrativa. A forma como o faz não baralha o leitor, e enquadra-se bem na estrutura da narrativa.O autor tem uma escrita versátil, ora adequando-se às confissões homicidas deste homem perturbado, ora relatando com mestria os demais diálogos de personagens que, embora traumatizadas, não deixam transparecer qualquer tipo de más intenções. Faletti é um autor extremamente descritivo, e na minha opinião, muitas das passagens que se inserem nesta categoria seriam dispensáveis e contribuíram para alguma da morosidade que caracteriza a acção em Eu Sou Deus. Descrições violentas são nulas, embora choquem as passagens relativas aos massacres que vão ocorrendo.

Ora bem, Eu Sou Deus é a história de um homem que julga ter o poder de uma entidade superior, eliminando quem quiser e como o entender. Ele acha que é Deus, e como tal pode controlar quem vive e quem morre. Mas com este pressuposto achei que os homicídios fossem mais direccionados e chocantes. Não, este homem que se julga Deus mata em massa, escolhendo colocar de forma estratégica, dispositivos como bombas, permitindo assim eliminar várias pessoas ao mesmo tempo e contrariando as minhas expectativas. Não é não me sinta chocada com atentados terroristas, não é isso. É que a premissa do livro fez-me pensar que cada pessoa seria eliminada após um cauteloso critério, à semelhança de Eu Mato e isso teria um outro impacto na história, muito mais forte, a meu ver.
Àparte deste reparo, Eu Sou Deus é uma boa história: tramas paralelas aparentemente sem ligação cujo fio condutor remota há anos atrás, vinganças pessoais por parte de personagens complexas e uma dose sobrelevada de mistério. O que se avizinhava por um livro moroso, rapidamente se torna frenético e compulsivo.

Mas eis que Faletti nos troca as voltas, e o final é absolutamente imprevisível. Quando o leitor julga que tem desvendado o crime, eis que há uma reviravolta final, muitíssimo bem conseguida e coerente no contexto da narrativa, que marcará a diferença. Eu fiquei genuinamente surpreendida e quando fechei o livro, nem queria acreditar no que tinha acabado de ler!

Na minha opinião, o livro fica um pouco aquém de Eu Mato, contudo não posso deixar de recomenda-lo. Eu Sou Deus comprova que o autor Giorgio Faletti continua a dar cartas na literatura thriller. Da leitura dos seus livros, ficou a ansiedade em ler uma próxima obra do autor.

Link

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Divulgação Editorial D.Quixote: Jo Nesbo - Caçadores de Cabeças


Sinopse: Roger Brown é um vilão sedutor, um homem que parece ter tudo: é o caçador de cabeças mais bem-sucedido da Noruega – procura e seleciona altos quadros para as maiores empresas –, casado com uma elegante galerista e proprietário de uma casa luxuosa. Mas, por detrás desta fachada de sucesso, Roger Brown gasta mais do que pode e dedica-se ao perigoso jogo do roubo de obras de arte.
Na inauguração de uma galeria, a mulher, Diana, apresenta-o ao holandês Clas Greve e Roger percebe imediatamente que não pode deixar escapar aquela oportunidade. Clas Greve não é apenas o candidato perfeito ao cargo de diretor-geral que ele tem de recrutar para a empresa Pathfinder, como ainda tem em seu poder o famoso quadro de Rubens, A Caça ao Javali de Caledónia. Roger identifica aqui a possibilidade de se tornar financeiramente independente e começa a planear o seu maior golpe de sempre. Mas depressa se vê em apuros – e desta vez não são financeiros.
Em Caçadores de Cabeças, Jo Nesbø envolve-nos numa conspiração explosiva nos meandros da elite industrial e financeira, que culmina no submundo de assassinos contratados e vigaristas. Uma sucessão de homicídios surpreendentes, perseguições e fugas espetaculares, capazes de prender até à última página o mais exigente dos leitores.

Sobre o autor: Jo Nesbo nasceu na Noruega em 1960. É músico, compositor, economista e um dos escritores de policiais mais elogiados e bem-sucedidos da Europa. Com os nove livros da série protagonizada pelo inspetor Harry Hole conseguiu um sucesso invejável quer no seu país de origem quer a nível internacional, recebendo elogios da crítica e do público. Está traduzido em mais de 40 línguas, recebeu vários prémios literários e muitos dos seus livros atingiram os tops de vendas. É hoje um autor de primeiro plano na nova vaga de escritores de policiais nórdicos. 

Nas livrarias a 31 de Maio (ainda temos que esperar um pouquinho...)

domingo, 22 de abril de 2012

Mary Higgins Clark - Gosta de Música, Gosta de Dançar [Opinião]

O livro que vos apresento hoje foi escrito por uma das rainhas do thriller. Mary Higgins Clark conta já com uma vasta carreira, publicando a solo ou com a colaboração da sua filha, Carol Higgins Clark, inúmeros romances de suspense.

Já adaptada em filme, inquestionavelmente, esta é uma boa história de suspense, embora não se foque propriamente no crime. O início da trama apresenta-nos o psicopata com uns contornos na sua personalidade extremamente macabros, que quer-me fazer parecer, se relacionam com um exacerbado fetiche de pés e sapatos. As vítimas são encontradas com calçado diferente em cada pé: um sapato da própria num pé e o outro, um sapatinho adequado para dançar.
O que este homem tem de doentio, tem também de determinação: ele definiu um plano, que tenciona seguir à risca. Por isso ele estrangula Nan Sheridan sem remorsos para grande consternação do irmão gémeo Chris e da mãe. Quinze anos depois, a proeza repete-se, ficando o leitor na dúvida: será que Charley voltou ou terá sido um outro homem que copia o seu modus operandi?

A autora escreve de uma forma soberba, atenuando todos e quaisquer eventuais elementos violentos, lançando suspeitas sobre todas as personagens masculinas: claro que, ainda assim, a identidade do psicopata constituirá uma surpresa. Está eminente a dualidade que coexiste dentro de um homem entre o mal e a aparente harmonia que ele demonstra para com outros.
Penso que facilmente o leitor terá afinidade com Darcy. Gostei desta personagem apesar de achar que há algures uma contradição: Darcy está consciente que a sua amiga Erin foi morta por um homem num encontro com um desconhecido, porque é que a mesma não tem medo e pára com estas saídas? No entanto, este comportamento assumidamente de risco, será fulcral para que a narrativa tenha corpo.

A autora desenvolve o enredo dentro destes contornos, e explorando ao limite cada saída com um desconhecido, mesmo sendo este apresentável e aparentemente digno de confiança. Assim, estamos perante um famigerado médico, um homem casado e pai de família que quer fugir à rotina, uma pessoa com problemas mentais, sendo estes uma amostra de um vasto role de indivíduos, que aparentemente apresentáveis, mas descritos pela autora como não sendo de confiança. Desta forma, a autora estabelece e assegura uma sensação genuína de desconfiança e temor por Darcy face aos seus encontros. É desta forma que o suspense, o thriller e o mistério toma forma, numa linha psicológica.
À medida que vamos conhecendo os vários homens, vamos estabelecendo um inevitável paralelismo, de forma a tentar deslindar se a identidade verdadeira será Charley. Sem grande sucesso devo dizer!
Trata-se de uma trama, cuja acção é dita lenta, por não ter picos de adrenalina no seu desenvolvimento. Há um ênfase numa componente comportamental das demais personagens. Quando Erin morre há um pesar que facilmente é transmitido ao leitor. A parte da investigação policial poderia estar mais intensa, a meu ver. No entanto, o clímax está repleto de emoções fortes. É revelada finalmente a identidade de Charley e é aqui que torcemos para que Darcy se consiga salvar. No entanto, e apresento como maior fragilidade do enredo, gostaria que tivessem sido mais aprofundadas as justificações para a tão íntima sociopatia de Charley. Apenas nos é revelado, sob o relato do nosso psicopata, a estranha interacção familiar dele, que certamente contribuiu para o seu retrato psicológico sombrio.

Um livro que alerta, ainda que da forma arcaica em jornal, os perigos que ainda existem actualmente (mais comuns em Internet), dos blind dates, explorando os seus limites. Não sou experimente em encontros desta natureza, mas uma coisa é certa: doravante vou considerar estas situações como assustadoras!
E Mary Higgins Clark é, sem qualquer sombra de dúvidas, uma autora que vou querer conhecer melhor. Recomendo.

sábado, 21 de abril de 2012

Divulgação Editorial (Bertrand): Mary Higgins Clark - Eu Sei Que Voltarás

Já está nas livrarias.

Sinopse: Alexandra, uma bela designer de interiores com uma carreira de sucesso, fica aterrorizada ao descobrir que alguém anda não só a usar os seus cartões de crédito e a movimentar as suas contas para a levar à miséria, como também a tomar a sua identidade para cometer crimes violentos, de rapto e homicídio. Logo ela, que já vivia assombrada pelo desaparecimento do próprio filho, raptado à luz do dia em Central Park há dois anos. Agora que o filho faria cinco anos, começam a surgir fotografias que sugerem que foi ela que raptou o próprio filho, seguidas de uma série de acontecimentos que indicam que, de alguma maneira, alguém conseguiu roubar-lhe a identidade. Mas quem? E porquê?
Perseguida pela imprensa, sob investigação policial, atacada pelo ex-marido e por um rival nos negócios, a única coisa que lhe dá esperança é a fé de que o filho continua vivo. Só não percebe que, cada passo seu em direção à verdade, a põe a si e aqueles que ama em grande perigo.
Até as pessoas que a apoiam acreditam que foi ela a raptar o filho e a própria Alexandra começa a duvidar da sua sanidade mental. Mas num final explosivo, característico da Mary Higgins Clark, as peças do puzzle encaixam finalmente numa revelação inesperada e chocante.

Publicações Europa América na Feira do Livro: Divulgação

FEIRA DO LIVRO DE LISBOA
De 24 Abril a 13 de Maio


Como é habitual, as Publicações Europa-América marcam presença na 82.ª edição da Feira do Livro de Lisboa que decorre, entre 24 de Abril a 13 de Maio, no Parque Eduardo VII.
No certame estarão em destaque novidades editoriais na área da ficção e não ficção, bem como diversos títulos de fundo editorial e autores de referência.

Com a estreia do filme O Hobbit, o livro homónimo e restante obra de J. R. R. Tolkien, estará em grande destaque nesta edição da feira. Uma boa oportunidade para começar a ler a jornada fantástica de Bilbo Baggins e seus companheiros.
Na área da literatura contemporânea destacam-se os livros Laços que nos Unem, de Linda Gillard; Inocente, de Scott Turow, Uma Ponta de Verdade, de Jeffrey Archer ou Viver o Sonho, de Josephine Cox, entre outros.
Já nos clássicos as grandes apostas são Ema e Sensibilidade e Bom Senso, de Jane Austen; Ana Karenina, de Leão Tolstoi ou A Paixão de Jane Eyre, de Charlotte Bronte, entre outros.
Os amantes de thrillers e policiais poderão deliciar-se com o novo livro de Robin Cook, Cura; Ex-Machina, de Robert Finn, O Vizinho, de Lisa Gardner ou Pele, de Mo Hayder, entre outros autores conceituados na área do suspense.
Na área da não-ficção Toda a Verdade sobre o Clube Bilderberg e Os Senhores da Sombra de Daniel Estulin serão dois livros indispensáveis para levar na bagagem; enquanto o ensaio de Antoine Vitkine, Mein Kampf - História de um Livro, ajudá-lo-á a compreender melhor quem foi Hitler.

Para além dos livros do dia (com 40% de desconto), a promoção 3=5 (compra três livros e leva de oferta os dois de menor valor), o visitante poderá aproveitar a Hora H, a decorrer na última hora da feira, e comprar livros com mais de 18 meses, por metade do preço (50% de desconto).

Para saber mais informações visitem a nossa loja online em www.europa-america.pt.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Saskia Noort - O Gosto Amargo da Traição [Opinião]

O Gosto Amargo da Traição é, com muita pena minha, o único livro da autora holandesa publicado em Português. Pertencente à colecção Grandes Narrativas da Editorial Presença, dado o seu conteúdo rico em mistério, poderia muito bem passar por um "Fio da Navalha" ou "Minutos Contados". No entanto, adoro a capa e reconheço que esta foi fulcral para que, primeiro, reparasse no livro, segundo tivesse muita vontade de o ler.

A trama centra-se essencialmente em cinco casais: Evert e Babette, Kees e Angela, Simon e Patricia, Ivo e Hanneke e por último Michel e Karen. E é precisamente esta última personagem que relata, em primeira mão, uma história simples e básica mas extremamente envolvente.
As mulheres reuniram-se para criar um "Clube das Refeições" onde decorrem amistosas tertúlias envolvendo frequentemente gossips, lembrando uma das séries televisivas da minha preferência, Donas de Casa Desesperadas. Quem vê esta série, facilmente pode deduzir os laços que unem estas mulheres (se bem que aqui mais vulneráveis) e constatar que este livro, acima da resolução do crime, é uma profunda reflexão sobre por um lado, a amizade e por outro, matrimónio e valores familiares.

Numa noite, um terrível incêndio abate-se sobre a residência de Evert, Babette e os filhos, vitimando o marido. Dadas as estranhas circunstâncias que envolvem o acidente, Karen resolve investigar o caso. Doravante nada será como era...

O livro, de poucas páginas numa linguagem simples e desprovida de elementos gráficos/violentos, é de fácil e compulsiva leitura. Eis um senão: a autora recorre frequentemente a flashbacks para relatar a relação entre os cinco casais. No entanto fá-lo, sem especificar quando, podendo deixar o leitor um pouco confuso. O leitor aufere que são momentos passados, dada a participação de Evert, que morre nas primeiras páginas do livro. Teria sido mais sensato, na minha opinião, se a autora tivesse identificado devidamente os momentos passados da acção corrente, datando-os.
Os nomes das personagens podem igualmente ser um pouco confusos. Com quem é por exemplo, Patricia casada? Simon, Michel, Evert, Kees, Ivo? Dada a índole holandesa dos nomes até ao factor preponderante (o tipo de relações muito semelhante, tendo cada um dos casais dois ou três filhos), pode também baralhar o leitor. Numa tentativa de simplificação e sistematização das personagens, os nomes dos casais e respectivos filhos, são apresentados na página 24, de forma esquemática, num cartão fúnebre que servirá (por mim falo, que teve este propósito) de uma espécie de cábula.

Apesar de, como já referi anteriormente, ter achado este enredo simples, na minha opinião, é igualmente cativante. Até porque há ainda mais uma morte, cuja natureza é igualmente duvidosa, e à medida que Karen investiga o caso, o leitor é confrontado com uma teia de mentiras e intrigas, e ficará, até ao momento final, na expectativa.
Associado a estes ingredientes, há uma componente com um forte peso, sobre as relações humanas, abarcando a aparência de um casamento falhado num vilarejo, em que todos conhecem a vida de todos. A autora debruça-se sobre temáticas como a luxúria, sexo e relações proibidas, fazendo com que cada um de nós questione o que é o amor, e o quão será fácil sentir-se vulnerável a atracções numa relação monótona.

As personagens são misteriosas e cativantes. Exceptuando a narradora, Karen, desconfiamos constantemente do íntimo das personagens. Afinal de contas, estamos perante um livro, cuja grande parte da informação advém dos gossips e boatos sem fundamento, pelo que desconhecemos quem estará a falar verdade. O final pode não ser o mais imprevisível, dado o reduzido número de personagens, nem o mais elaborado, dada a simplicidade da acção, nem sequer explica devidamente alguns factos.
O facto é que gostei, foi um desfecho harmonioso com a restante narrativa.

Não deixo de recomendar este livro, sobretudo aos fãs do mistério e do thriller psicológico.





Mais informações sobre este livro aqui.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Ken Follett - O Preço do Dinheiro [Opinião]

Ken Follett é um autor que dispensa apresentações. Cada vez estou mais fascinada pelas suas obras. Não me esqueço do primeiro livro que li, A Ameaça, que me tornou ávida em ler mais e mais do autor. E desde então que li O Homem de Sampetersburgo e O Terceiro Gémeo, tendo já reservado duas leituras futuras, O Vale dos Cinco Leões e A Chave para Rebecca,

Publicado originalmente em 1977, O Preço do Dinheiro é possivelmente uma das obras menos conhecidas do autor, tendo sido uma das primeiras que Follett escreveu, e sob um pseudónimo.
Este livro trata-se de um thriller que se passa num espaço de um dia e debruça-se sobre personagens tão diferentes como um membro do Parlamento Britânico, um magnata de negócios, um criminoso e um jovem repórter de um jornal. Existem algumas personagens secundárias, cujo papeis terão de certa forma algum destaque, de forma a complementar as diferentes acções subjacentes às personagens anteriormente mencionadas.

Tim Fitzpeterson acorda com uma jovem ruiva a seu lado. Com vergonha de ser o primeiro membro do Parlamento Britânico divorciado, pensa numa forma de ficar com a rapariga sem que coloque a sua família em risco. Este será o primeiro acontecimento que irá condicionar todo um conjunto de acções sobre a vasta gama de personagens.
Isto porque Follett não destaca uma personagem em especial, debruçando-se sobre os vários protagonistas, formulando para todos uma linha de acontecimentos no mínimo imprevisível.
Dada a particularidade do espaço temporal estar definido e limitado a umas horas no mesmo dia, desencadeia no leitor uma vontade incontrolável de ler um pouco mais, afim de descobrir o destino das personagens. Por outro lado, este mesmo facto origina uma caracterização muito peculiar nas mesmas: é que Follett descreve-as sem grande background passado, limitando o conhecimento do autor sobre as vivências passadas das personagens. Os juízos de valor que vamos formulando sobre estas reside essencialmente nas acções que elas têm naquele preciso momento.

Na minha opinião, o fascinante deste livro assiste precisamente no facto de Follett ter arquitectado um argumento tão real e plausível que interliga estas personagens de cariz tão diferente. E embora divergentes, as personagens em geral, são munidas de uma característica: a ganância. E as acções das personagens regem-se a partir deste que é considerado um pecado mortal, levando-as aos actos mais infames.

Um enredo que aparte do suspense que o autor nos tem habituado, há uma dose de outros ingredientes que apimentam a complexa história: infidelidade, conspiração, tentativas de suicídio, perseguições policiais, corrupção no jornalismo, embora não haja uma profundidade das personagens a que Follett nos habituou. Há uma dose de acção e adrenalina que se estende constantemente por toda a trama, não ocorrendo, na minha opinião, momentos parados.
Na minha opinião, o final do livro ficou um pouco em aberto relativamente a algumas personagens, tendo pessoalmente preferido, que todas as pontas soltas tivessem ficado resolvidas.

Nota-se portanto, que este terá sido um dos primeiros romances de Follett, no entanto a sua mestria em formular enredos de suspense é inquestionável. Tenho como preferidos O Terceiro Gémeo e O Homem de Sampetersburgo, não obstante, O Preço do Dinheiro é um livro de que gostei, e não deixo de recomendar. É uma leitura compulsiva e interessante, que dará que reflectir sobre a sociedade londrina dos anos sessenta.

domingo, 15 de abril de 2012

Marek Halter - Os Mistérios de Jerusalém [Opinião]


Opinião por Ricardo Grosso


Foi com alguma expectativa que descobri esta obra da colecção Ilhas Encantadas, da editorial Bizâncio, uma colecção da qual, muito honestamente, apenas tinha ouvido falar.
Deparei-me então com um livro cujo género poderemos categorizar, à partida, como thriller histórico, pese embora quase toda a acção se desenrole na actualidade, a verdade é que as alusões ao passado, sobretudo aos tempos bíblicos, estão sempre presentes ao longo da narrativa como, de resto, verificaremos adiante.
Ao visualizarmos a sinopse na contracapa, reparamos que esta obra nos remete, quase imediatamente, para um tema sobre o qual já muito se escreveu, os chamados Manuscritos do Mar Morto e a sua suposta relação com o tesouro perdido do Templo de Jerusalém, em busca do qual já muitos pereceram ao longo de quase dois milénios. O nome da antiquíssima cidade de Jerusalém traz à memória imagens de um destino longínquo e exótico, mas também um dos principais focos de tensões religiosas do globo.
É com esta espécie de cartão de apresentação que o autor convida os leitores a entrarem nesta narrativa que efectivamente os leva de Nova York a Jerusalém, com breves passagens por Paris.
Travamos então conhecimento com um dos protagonistas da história, Tom Hopkins, um jornalista do New York Times que na sua busca incessante pelo prestigiado prémio Pulitzer acabou de sair do anonimato da sua redacção, após ter feito uma reportagem de investigação. Abro aqui um parêntesis para dar a minha explicação sobre o significado de reportagem de investigação, uma vez que admiro a forma como as mesmas levam o conceito de “sociedade de informação” a um novo patamar, e que, pela espectacularidade com que são publicadas nos jornais, ou transmitidas num qualquer canal de televisão, nos põem a pensar sobre “quem, afinal, deverá ser encarregue de fazer investigações? A polícia ou os jornalistas?”
Fechado este parêntesis, voltemos então ao protagonista Tom Hopkins que conhecemos após a conclusão da sua investigação sobre uma zona muito particular de Nova York denominada Little Odessa e as ligações da mesma com organizações mafiosas russas. Porém, a investigação de Tom parece ter aberto uma caixa de Pandora com cerca de 2000 anos, uma caixa que também desperta o interesse da máfia que não hesitará em afastar quem quer que se lhes atravesse no caminho.
Fazendo uso do velho ditado “todos os caminhos vão dar a Roma”, em apenas meia centena de páginas percebemos que, neste livro, todos os caminhos irão dar a Jerusalém e às suas muralhas milenares, onde os ecos do passado se ouvem a cada esquina, em cada ruína e em cada alfarrábio.
É neste contexto que o protagonista Tom irá travar conhecimento com o outro protagonista que é, nada mais, nada menos que o próprio… Marek Halter. Na verdade, antes do protagonista conhecer o seu “criador”, temos alguns capítulos anteriores onde Marek Halter já aparece, mas com uma narrativa mais de índole pessoal e aparentemente paralela, ou seja, sem qualquer relação com a narrativa do que se passa em Nova York.
Na minha modesta opinião de leitor, se as narrativas se tivessem mantido paralelas, eu, nada teria a obstar, porém, e pedindo antecipadamente desculpa se o que vou escrever parece ofensivo, parece-me demasiado narcisista, já para não dizer naif, que o autor se coloque a si próprio na pele de protagonista, uma vez que eu entendo que o autor é, por assim dizer, o demiurgo da obra, em toda a sua plenitude, desde a narrativa, o espaço, o tempo, até ao processo de criação de personagens, tendo inclusive, direito de vida e morte sobre as mesma, sendo por isso que, a mim, pessoalmente, faz-me alguma confusão que um autor queira ser simultaneamente o criador e um protagonista da sua criação qual deos ex machina.
Apesar deste aspecto, a meu ver, menos positivo, a narrativa pareceu-me muito bem estruturada apesar de, como referi no início, focar um tema já bastante debatido, como os manuscritos do mar morto e o paradeiro do tesouro dos templos de Jerusalém, quer o de Salomão, como o de Herodes, o Grande.
É, contudo, uma narrativa que também requer alguns conhecimentos de história bíblica, uma vez que é considerável a quantidade de diálogos em que se faz alusão, com elevado grau de detalhe, aos textos bíblicos, estando também presentes várias referências a civilizações da antiguidade oriental, como a Pérsia Aqueménida, a Babilónia, a Assíria ou o Egipto, civilizações essas que, em ao longo da antiguidade, dominaram o território que corresponde, actualmente, ao Estado de Israel.
Em resumo, posso afirmar que, do ponto de vista de um leitor com formação em história, é uma obra cativante onde à acção e ao romance se juntam a religião e a arqueologia, formando os condimentos de uma narrativa rica e diversificada e levando-nos a conhecer os recantos e os arredores da cidade que é considerada sagrada para as três grandes religiões monoteístas, Judaísmo, Cristianismo e Islão.