terça-feira, 31 de julho de 2012

Saldos nas Publicações Europa América

Clicando sobre a imagem, irá entrar no site das Publicações da Europa América onde está a decorrer uma campanha fantástica de saldos. Até 15 de Setembro, os livros editados há mais de 18 meses estão com 50% de desconto e as novidades 20%.
Esta campanha está igualmente disponível nas lojas físicas da Europa América.

Mary Higgins Clark - O Berço da Morte [Opinião]

Sou fã de Mary Higgins Clark e cada vez mais me sinto fascinada pelas suas obras. Este ano já li da autora Gosta de Música, Gosta de Dançar, Enquanto o meu Amor Dorme, este e desconfio que não ficarei por aqui. As suas tramas prendem verdadeiramente o leitor em histórias misteriosas e cativantes.
Este livro está publicado em português sob dois títulos: O Berço da Morte (das Publicações Europa América) ou a Clínica do Terror (da colecção Mestres policiais da Visão ou anteriormente publicado também pela PEA na colecção de bolso Pêndulo).

Particularizando para este livro: a promotora de justiça Katie DeMaio chega ao hospital após um acidente de carro. Ainda sonolenta, ela vê pela janela um homem a carregar um cadáver para a bagageira da sua viatura.
Paralela (e aparentemente) uma mulher comete suicídio. Ela chama-se Vangie Lewis e está grávida, embora o seu casamento com Chris esteja à beira do abismo.
A polícia inicia uma investigação e potenciais suspeitos começam a aparecer mortos, tornando-se uma corrida contra o tempo para apanhar o verdadeiro culpado.

Como já é costume, a autora encaixa estas subtramas numa convergência para um ponto comum. Desde cedo o leitor percebe qual será uma vez que a autora imediatamente desvenda o autor do crime.
Os leitores mais cépticos poderão equacionar se o livro tem o tal factor surpresa que é já quase a fórmula da leitura policial. E na minha opinião, sim, o livro consegue surpreender pelo suspense e entusiasmo que a autora induz na história e por algumas reviravoltas. Afinal de contas o homicida tem um estatuto social que à partida exclui características psicopatas.
Diria que o objectivo da trama é saber apenas como esta é deslindada, embora a autora coloque sempre a dúvida no marido de Vangie nos olhos da polícia, o que é perfeitamente dispensável pois o leitor sabe quem é na verdade o autor da sua sentença de morte.

Nesta novela, ao contrário de tantas outras, é quase impossível definir um protagonista. Ora oscilamos entre o "mau da fita", que desfruta das suas refeições como do ávido prazer de matar e Katie DeMaio, a nossa infeliz vítima viúva que ainda hoje sofre por não ter tido um filho do juiz John DeMaio.
Um outro ingrediente já conhecido nas histórias de Higgins Clark é o romance, discreto, sob a trama misteriosa. Por isso a autora emparelha esta personagem vulnerável ao dr. Richard Carroll, uma outra personagem com grande peso na resolução do caso.

Outro aspecto que condicionou a minha ávida leitura foi o facto da autora ter conciliado (e muito bem, devo desde já dizer) elementos como a medicina e a psicopatia. Este livro vai além do mero thriller ou policial, estando quase à altura do autor Robin Cook e as suas arrepiantes narrativas de natureza médica. Em particular, a trama debruça-se sobre as temáticas de infertilidade e experiências médicas em prole de uma gravidez bem sucedida.
Note-se que este livro data de 1980 e incide em temáticas que, nos nossos dias, continuam a ser assuntos actuais, como gravidezes não desejadas, paternidade, fertilizações in vitro ou negligência médica.
Este conto pode ser aclamado como do género de terror na medida em que a autora explicita várias experiências com fetos abortados, claramente de índole mais fantasiosa mas que impõe grande respeito dado que o cenário abrange pouco mais do que um hospital.
Tal como no clássico policial, a autora recorre a descrições de mortes mais subtis, que não chocam o leitor, numa trama até bastante simples mas igualmente cativante.

Em suma, O Berço da Morte é uma novela extremamente bem construída e que me deixou em suspense até finalizar a sua leitura. Esta é, decididamente, uma das histórias da autora que mais gostei, embora me seja muito difícil eleger a preferida.
Mary Higgins Clark uma vez mais demonstra o porquê de se ter consagrado numa das minhas autoras preferidas. Gostei muito e recomendo, principalmente aos fãs de thrillers médicos.






Mais informações sobre o livro aqui.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Divulgação Editorial Quetzal: Yrsa Sigurdardóttir - Lembro-me De Ti

Sinopse: Três jovens propõem-se recuperar uma velha casa de uma aldeia abandonada, algures nos Fiordes Ocidentais islandeses.
Mas não imaginam o cataclismo que este inofensivo trabalho vai desencadear. Na outra margem do fiorde, um psiquiatra investiga o suicídio misterioso de uma mulher mais velha que poderá estar ligado ao desaparecimento do seu próprio filho.

Estas duas intrigas vão convergir para uma história de um enorme suspense que os críticos têm considerado tratar-se da melhor que até agora saiu da pena de Yrsa Sigurdardóttir – Lembro-me de Ti foi galardoado com o Prémio de ficção Policial Nórdica de 2011, e os direitos de adaptação ao cinema comprados pelo produtor islandês radicado em Hollywood Sigurjón Sighvatsson (Wild at Heart e the Killer Elite, entre dezenas de outros).
Um thriller policial arrebatador, uma leitura saborosamente arrepiante.


Nas livrarias a 3 de Agosto.

domingo, 22 de julho de 2012

Robert Wilson - Pena Capital [Opinião]

Pena Capital é o recente romance de Robert Wilson, autor da tetralogia protagonizada por Javier Falcon (da qual constam os livros lidos O Cego de Sevilha e Mãos Desaparecidas) e O Último Acto em Lisboa, que li ainda este ano, tendo sido dos livros que mais gostei.

A trama desenvolve-se em torno do rapto de Alyshia D´Cruz, filha do mediático Frank D´Cruz, magnata indiano, ex actor em Bollywood.
É então contratado Charles Boxer, um ex militar e ex polícia que enveredou pela segurança privada, tendo-se especializado em raptos e resgates. Este caso revelar-se-á, para Boxer, como umas das operações mais arriscadas na sua carreira.

Esta história de Robert Wilson teve um rápido e emocionante arranque. Desconhecem-se as motivações dos sequestradores, embora o autor desvende desde o início as suas identidades.
A própria configuração do rapto não é a habitual: afinal de contas os sequestradores não entram em contacto com a família a pedir resgate, como seria de esperar, agindo de forma diferente e até surpreendente. O próprio rapto decorre em condições atípicas e toma proporções que o leitor não equacionou antes.

Um dos pormenores mais interessantes do livro é a forma como o autor tem como acção principal este rapto de Alyshia, contrapondo com as várias acções mais do foro pessoal das personagens. Robert Wilson tem a preocupação de dotar as personagens de características no seu passado, de forma a que sejam mais profundas e reais quanto possível. Por isso, são explanados os passados sombrios dos maus da fita, Dan e Skin, cujos perfis criminosos vão sendo desvendados à medida que lemos o livro.
Depois há dois pares de dois ex-casais, cujas dinâmicas são continuamente aprofundadas: Isabel Marks/Frank D´Cruz (os pais de Alyshia) e Charles Boxer/Mercy Danquah. Estes, que à primeira vista tratar-se-iam de heróis pela resolução do caso, são igualmente dotados de fragilidades, nomeadamente no que concerne à filha em comum, Amy, que claramente os odeia e entra em provocações contínuas com os pais. Sobre Frank D´Cruz, é previsível que este tenha alguns segredos dado que o rapto foi desencadeado por acções passadas do pai de Alyshia. O autor desvenda por partes alguns desses segredos.

Gostei particularmente da forma como o autor interpôs vários cenários na mesma narrativa e na mesma linha cronológica, permitindo ao leitor saber os factos que ocorrem quase simultâneamente ao longo dos dias que sucederam ao rapto. Assim, a acção em Londres é conhecida praticamente ao mesmo tempo da ocorrência dos factos em Lisboa ou Mumbai. Sendo Robert Wilson um autor de nacionalidade britânica, a forma como descreve Lisboa actual, principalmente a zona do Parque das Nações, confere uma estranha mas agradável familiaridade.
O autor tem naturalidade britânica, justificando o seu à vontade na descrição da passagens londrinas. O mesmo não consigo precisar no que concerne aos acontecimentos ocorridos em Mumbai, no entanto, a sua verosimilhança, leva-me a supor que o autor conhece igualmente bem a cidade indiana.
A propósito do realismo em descrições, achei deveras curiosa a forma como o autor evidencia o sentido do paladar através da forma como descreve os aromas e os odores do caril na preparação dos bhaji, os típicos pasteis de cebola indianos, acontecendo o mesmo relativamente a uma refeição tradicional portuguesa, o arroz de pato. Denota-se que o autor tem um extenso conhecimento sobre vinhos portugueses, enumerando alguns na trama.

Não sendo eu grande fã da temática de terrorismo, conspirações e corrupções, penso que o final poderia ser diferente se o autor tivesse enveredado pela contínua descoberta de segredos em relação a Frank D´Cruz. À primeira vista pensei estas temáticas fossem apenas introdutórias, e embora as mesmas sejam recorrentes em tramas policiais, pensei inicialmente que não tivessem um papel tão importante em Pena Capital.
Este final é também quase deixado em aberto, sugerindo que as personagens podem voltar a cruzar-se numa eventual sequela. E de facto é esta a sua intenção segundo o que o próprio frisou no dia da apresentação do livro na Fnac do Centro Comercial Colombo.

Em suma, Pena Capital foi um livro de que gostei, embora não tenha destronado o meu livro preferido do autor até à data, O Último Acto em Lisboa.


Steve Mosby Vence Prémio Literário CWA Dagger









Steve Mosby foi galardoado com o "CWA Dagger in the Library" um prémio literário atribuído pela Crime Writer's Association, uma associação que reúne escritores ingleses na área policial/mistério.

Este prémio foi atribuído ao escritor pelo conjunto dos seus livros, tramas sombrias mas cuja a simplicidade das histórias e a humanidade das personagens conseguem ser revigorantes.

Na colecção «Crime Perfeito» das Publicações Europa América, já foram publicados os seguintes títulos do autor: O Assassino 50/50, Um Grito de Ajuda e Mar de Sangue.

O último livro do escritor Black Flowers, brevemente em Portugal, foi também nomeado para o prémio Theakston's Peculiar Crime.

E L James - As Cinquenta Sombras de Grey [Opinião]

Muitos de vós poderão pensar o que faz E L James num blog sobre literatura policial. Passo a explicar: quando o livro foi publicado, foi rotulado de thriller erótico. Nestes termos só me recordo mesmo da minha agradável experiência com Killing Me Soflty de Nicci French, de modo a que fiquei curiosa com estas cinquenta sombras.
Pois eis que... o livro não se enquadra neste género. Mas foi realmente uma leitura tão intensa que terei mesmo que comentar aqui.

Basicamente o livro retrata a evolução da relação entre Anastacia Steele e Christian Grey, explorando as suas personalidades: Ana é ingénua e inocente mas Christian é controlador e obsessivo, adjectivos que se reflectem não só nas acções do quotidiano como nas suas práticas sexuais que incluem bondage e BDSM.
Para quem não sabe, e descomplicando o que estes termos querem dizer, nestas práticas existem um(a) submisso(a) e um(a) dominador(a). Um submisso deve disciplina e submissão ao dominador, que caso falhe, o pode punir com os mais diversos acessórios, desde a palmatórias até chibatas ou chicotes. Se esta minha definição é demasiado vaga, sempre podem fazer uma pesquisa na internet.

Antes de partir para o livro, muito open minded que sou, eu própria fiz questão de fazer alguma pesquisa. Sobre BSDM já tinha uma vaga ideia... o que suscitava a minha curiosidade era o porquê do êxito do livro.
A que surgiu em primeiro lugar foi a comparação deste livro face à saga Twilight (que também li ainda antes deste blog nascer) pelo que tenho que discordar com tal facto.
Para já os livros de Stephenie Meyer são rotulados de fantasia, ponto, o que impossibilita o seu acontecimento! Se existe semelhança tal se deverá ao facto talvez, de um amor quase impossível ocorrer que obrigue a uma cedência de ambas as partes.
Lá pelo facto de EL James ter lido a tetralogia de vampiros e equacionado a escrita dos seus próprios livros, não entremos por comparações sem nexo, pois Stephenie Meyer dirige os seus livros a um público mais jovem, e os livros de EL James são claramente destinados aos mais adultos pelas explícitas passagens sobre sexo.

Não posso estabelecer comparações com outros livros pois nunca li um romance erótico (talvez com excepção de Diz-me Quem És da Jessica Bird ou os livros de Sandra Brown), mas a minha percepção é que todo o livro é bastante sensual, intenso e cria ali uma dependência, o que leva a uma rápida e compulsiva leitura. Por mim falo, que li o livro de 500 e poucas páginas em apenas dois dias.
Ao contrário de um livro policial ou thriller, em que fechava o livro, equacionando o que iria acontecer doravante, este género literário é mais leve, sendo uma leitura bastante fácil. Não estou familiarizada com este livro de literatura, uma vez que o thriller é mais complexo e exigente mas o facto é que gostei bastante do livro e fiquei curiosa em ler os restantes volumes que compõem este trilogia.

A história do livro até é bastante simples mas cativou-me não só pela abordagem de bondage e BDSM que, (e desculpem se estou errada mas sou mesmo muito imberbe na leitura de romances) é uma temática invulgarmente usada em literatura de romance sensual. Além disso, gostei particularmente do facto de Christian ser tão misterioso que, a pouco e pouco, vai desvendando um pouco de si, do seu sombrio passado e de como este o afectou enquanto adulto.

Penso que as práticas de bondage e BDSM não são tão invulgares quanto se julga, mas que não socialmente aceites neste nosso país. Recordo-me de um programa na Sic Radical que explanava esta temática. Falar sobre sexo, quer queiramos quer não, ainda é tabu actualmente, quanto mais a prática ousada supra referida neste livro. Estas fantasias sexuais mais extremas são descritas com um certo toque de requinte e são bastante eróticas. Não menosprezo nem critico o calão pois compreendo que seja quase acessório a esta prática tão hardcore. Note-se que esta linguagem é usada apenas em diálogos e nunca nas descrições, evitando que estas caiam de certa forma, numa vulgaridade facilmente confundível com pornografia literária.
Falando especificamente nas descrições, devo dizer que achei-as menos violentas que a própria prática sugere, dotadas de algum requinte e primor, facto que me surpreendeu positivamente, dada a temática abordada.
Sim, o livro tem muito sexo, gráfico, o que pode representar uma leitura mais constrangedora às mais tímidas.

No meu ponto de vista, vendo também inúmeras críticas que destronam a personagem Anastacia pela sua ingenuidade aos 21 anos de idade: pode acontecer e de facto há raparigas que com esta idade são virgens pelos mais diversos motivos. A ingenuidade pode advir de uma pouca auto estima, o que é facilmente perceptível, se tivermos em conta que a autora contrabalança com uma personagem masculina de forte carácter. Esta é uma oposição extrema de carácteres dado a (extrema) auto estima de Grey, o seu controle, o seu perfeccionismo. A descrição do mesmo como um Adónis pertence à fórmula atractiva do público feminino na leitura deste livro.

As Cinquenta Sombras de Grey é claramente um romance no domínio do sensual, pautado por alguns elementos dramáticos. Afinal de contas há sofrimento e algumas dúvidas.
O desfecho do livro foi deixado em aberto para que soframos até Outubro, mês em que será publicado o segundo da trilogia, o qual irei ler de imediato. Cativou-me ler este livro, completamente oposto do meu género de eleição. É um livro que irá ler com um sorriso nos lábios e a deixará com vontade de apimentar a relação com o seu mais que tudo.

domingo, 15 de julho de 2012

Donna Leon - Morte Num País Estranho [Opinião]

Morte num País Estranho é o livro que sucede a Morte no Teatro La Fenice, este que é a estreia da autora Donna Leon (mais uma saga que tento ler ordenadamente). A capa do livro é lindíssima: gosto particularmente da combinação de cores roxo e azul no cenário veneziano na estética da capa, considerando eu esta mais apelativa face a tantas outras versões deste livro, oriundas de vários países.
Tendo como cenário a bela cidade italiana de Veneza e como protagonista o comissário Guido Brunetti, esta trama inicia-se quando é descoberto um corpo num canal veneziano. Depois de se averiguar a sua identidade, chega-se à conclusão que era um militar americano. À primeira vista este seria um homicídio decorrente de um assalto mal sucedido, mas a investigação conduzida por Brunetti leva a outras conclusões.

Ao ler Morte Num País Estranho, escrito em 1993, senti que o livro aborda questões ainda bastante actuais, nomeadamente a emigração ou questões ambientais referentes a depósito de lixo sem tratamento. Talvez Leon, tenha pegado nestes assuntos fracturantes, sem qualquer dependência, de forma a elaborar o enredo. Senti ao início que tal corrupção no depósito não autorizado de material refugo pudesse dispersar a investigação da morte de
Escandaliza-me, como engenheira do ambiente, que já nos anos 90, a eliminação de produtos tóxicos pudesse ser feita de forma ilegal, gerando largos lucros para algumas pessoas. E claro, sabe-se que este cenário vai muito além da mera ficção.

Donna Leon escreve tramas policiais fáceis de ler, embora com algum grau de complexidade, que se encaixam na descontraída vida familiar de Brunetti. Penso já ter referido numa crítica anterior, que o vulgar do detective em tramas policiais é a existência de um trauma ou algo mal resolvido na sua vida, que o condiciona perante a investigação criminal.
Guido Brunetti afasta-se claramente desta categoria: é um homem de bem com a vida, e tem uma família deveras castiça: a esposa Paola e os filhos Raffaele e Chiara são extremamente unidos, especialmente Paola que atenta em observações importantes para a resolução do caso. Já o fez no livro anterior, fá-lo agora e desconfio que terá a mesma postura doravante na saga.

Esta é uma das razões porque gosto tanto de Leon, justamente, por exemplo, pela forma como uma refeição mediterrânica é preparada e apreciada numa família feliz e equilibrada. Posso enumerar mais razões que se prendem com a forma como a autora formula os enredos policiais, não tão simples como aparentam ser à primeira vista como também a capacidade descritiva da cidade de Veneza, incutindo uma vez mais, uma natural e genuína vontade em visitar a cidade em questão.

Donna Leon mantém a mesma linhagem na escrita, quase isenta de grafismo. Embora a autora contemple mais do que uma morte relativamente violenta, não há grandes pormenores macabros que possam chocar. Nem em termos de sexualidade apesar das inúmeras evidências da contínua paixão de Guido pela esposa. Não contem com uma história com inúmeros twists, cheia de adrenalina ou acção: ao invés, a autora oferece 312 páginas de mistério e suspense, adequando-se uma quase familiaridade e conforto na descrição de uma vida familiar harmoniosa, pautados por momentos mordazes, em que está presente algum humor. Estes sobretudo presentes na relação entre Brunetti e o seu superior Patta.
A própria beleza da cidade de Veneza é um factor que afasta a possibilidade de ocorrência de crimes.

Morte Num País Estranho não faz qualquer referência ao seu antecessor, Morte no Teatro La Fenice mas penso que se deve ler os romances de Leon por ordem, a fim de não perder pitada sobre a personagem, que evoluiu desde o romance de estreia, e penso que continuará a evoluir na sua astucia e perspicácia na resolução dos casos. Como já referi, a vida quotidiana de Brunetti é simplesmente apetitosa, pelo que é interessante acompanhar o crescimento de Raffaele e Chiara. Neste livro Raffaele entra na fase da adolescência e para já começa a apresentar aqueles pormenores tão típicos desta faixa etária. A autora não desenvolveu, mas o livro termina justamente em aberto para esta personagem, tendo eu ficado curiosa em ler o terceiro livro, que será Vestido para a Morte.

Não querendo eu tecer considerações específicas para este livro, penso que será mais adequado fazê-lo para a saga de Donna Leon. As tramas conduzidas por Guido Brunetti são altamente recomendáveis. Não é preciso ser-se viciado em leituras policiais para as ler e apreciar, pois como disse anteriormente, são livros relativamente descontraídos, não tendo um público alvo específico. Altamente recomendado para quem gostaria de estar em Itália sem sair do seu próprio sofá e conhecer o quotidiano de um simpático e afável polícia no seio da cultura mediterrânica. E claro, no meio de tudo, não esqueçamos o mais importante: acompanhar a investigação de um crime...





Mais informações sobre o livro aqui.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Divulgação Editorial Planeta Manuscrito: Asa Larsson - A Senda Obscura

Sinopse: Está escuro no Norte da Suécia e uma tempestade de neve fustiga o lago gelado de Torneträsk. Procurando abrigo do frio mortal, um pescador encontra o cadáver de uma jovem numa cabana. A vítima é Inna Wattrang, uma executiva da empresa mineira Kallis Mining. Anna-Maria Mella, a inspectora da polícia encarregada do caso, precisa da ajuda de um especialista em leis, e conhece o melhor: Rebecka Martinsson. Juntas iniciam uma investigação em duas frentes que parece revelar uma sinistra relação entre o ambiente que rodeia a vítima e o dono da empresa.

Åsa Larsson é uma das autoras de romance policial mais reconhecidas do mundo e queridas em vários países. Aurora Boreal e Sangue Derramado, os seus anteriores romances, foram um êxito de vendas aclamado pela crítica. No entanto, nada do que possa ser dito irá preparar o leitor para o abalo emocional de A Senda Obscura, um relato arrepiante que deixa a descoberto a fragilidade da alma humana.

Nas livrarias a 12 de Julho.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Linwood Barclay - Sem Dizer Adeus [Opinião]

Esta foi a minha estreia no autor, pelo que percebi, conhecido no nosso país apenas por este livro, editado há uns aninhos sob a chancela da Temas&Debates. Após uma pesquisa exaustiva, apercebi-me que este livro é realmente o único do autor em português, o que é pena, porque o livro é bastante bom!

O mote da história até é bastante simples e começa quando Cynthia Bigge, de apenas 14 anos, acorda e não encontra a sua família em casa. Passados 25 anos, ela é Cynthia Archer, casada com Terry e com uma filha de 8 anos, Grace. Cynthia participa num programa de televisão que relata este caso, levantando algumas hipóteses para o sucedido. A partir daí, uma espiral de acontecimentos faz com que Cynthia reflicta se terá sido uma boa ideia desenterrar o passado.

Este autor é tipo Harlan Coben. OK, com menos twists... o facto é que a narrativa surpreendeu-me e muito. Dentro do desaparecimento ou da possível morte, equacionei uma série de situações que poderiam ter acontecido aos pais e irmão de Cynthia e à medida que caminhei para o final do livro, o enredo foi numa direcção completamente diferente e que me deixou genuinamente surpreendida.
Não só a estrutura do enredo que achei semelhante aos moldes de Coben, dotado de twists e reviravoltas inesperadas. Talvez a acção seja, neste caso particular, e numa primeira fase, mais parada. Até porque inicialmente há um desfile de personagens aparentemente trapaceiras ou outras situações dignas de ultraje e burla. O próprio narrador é professor de literatura, e aborda muitos aspectos inerentes à sua actividade profissional, sem que tenha grande importância no decorrer da acção. Exceptuando talvez a apresentação da sua aluna Jane Scavullo, que terá um papel acima do meramente figurante.

A estrutura do livro por si remete subtis pistas para deslindar o caso. O que acontece é que, por entre as narrativas de Terry, há uns pequenos capítulos, a itálico, que referem diálogos, cuja identidade dos intervenientes se desconhece, bem como a altura em que estes tiveram lugar. Este pormenor poderá à partida, confundir o leitor mas acima de tudo, todos os diálogos deste modo apresentados, constituem importantes peças de puzzle que apenas terão sentido no final.
A própria linguagem de Barclay é fluída, dotada de grande adrenalina, sem que o autor utilize linguagem ofensiva ou violenta.
Todo o livro se encontra escrito de forma a que possa dar uma excelente adaptação para cinema.

Gostei do facto da narrativa ser na primeira pessoa e contrariamente ao que seria de esperar, esta é relatada pelo marido de Cynthia, Terry Archer, o que envolve o leitor na história de uma forma mais intensa. E claro, este narrador dá que pensar nos sacrifícios pela pessoa amada e a forma como o esposo ou esposa, se deixa comprometer até pelos mais sórdidos problemas que alguém possa ter. Isto vai além do amor, é a dedicação a 100%, sentimento que se deixa passar de uma forma genuína ao leitor, o que contribui e muito, na empatia que Terry transmite. Acaba por ser esta personagem, mais querida ao público, do que a própria Cynthia. O outro aspecto é a forma como o casal lida com os acontecimentos traumáticos de Cynthia, embora esta não consiga abstrair-se e tenha uma atitude com a filha de sobreprotecção quase exagerada.

Se há bons valores por trás da trama como o poder do amor e dedicação, então o lado mais negro reside nas várias traições, más escolhas e as consequências que daí advêm permanentemente, bem como segredos que virão ao de cima à medida que a história caminha para o desfecho, para mim absolutamente surpreendente mas que mantém a lógica dos factos narrados até então.

Sem Dizer Adeus foi uma agradável surpresa tendo em conta que é um livro que está num anonimato sem fundamento. Espero que esta ausência de destaque nas prateleiras das livrarias se deva meramente ao facto do livro ter sido publicado em 2008 (e mesmo assim nem é muito antigo). É altamente recomendável para quem gosta de um thriller com acção e mistério ao estilo de Dean Koontz ou Harlan Coben. Um livro que me cativou imenso, devido precisamente à capacidade do autor em surpreender-me e como tal, recomendo vivamente!

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Divulgação Editorial Bertrand: Paul Sussman - O Oásis Escondido


Sinopse: No ano de 2152 a.C., oitenta sacerdotes do Antigo Egipto usam a capa da noite para irem até ao deserto levando consigo um misterioso objeto envolto num pano. Quatro semanas mais tarde, ao chegarem ao seu destino, cortam em silêncio os pescoços uns dos outros.
Quatro mil anos mais tarde, no Egito dos nossos dias, Freya Hannen, alpinista profissional, chega para ir ao funeral da irmã, Alex, uma exploradora do Sara. Desde o início que Freya desconfia das alegações de que a irmã se terá suicidado e decide investigar as verdadeiras causas da sua morte. Recebe a ajuda de Flin Brodie, um académico britânico amigo da falecida irmã. Também Flin procura respostas: dedicou a vida inteira à procura de um mítico oásis escondido.
Num thriller de cortar a respiração — o próprio Sussman trabalhou como arqueólogo no Egito - seguimos a inesquecível aventura dos dois protagonistas. Em jogo não está apenas um grande mistério da arqueologia, a localização do lendário oásis de Zerzura, mas também a chave para um segredo terrível e surpreendente que reside no coração do oásis.

Nas livrarias a 6 de Julho.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Colleen McCullough - Um Passo à Frente [Opinião]

Ter lido Crueldade a Nu, o terceiro livro protagonizado por Carmine Delmonico, foi fulcral para ficar curiosa em ler Um Passo à Frente. Este sim, é o primeiro caso do tenente Delmonico e a estreia da autora, versada no romance, na escrita policial.

A trama inicia-se quando é feita uma descoberta macabra numa câmara frigorífica de um laboratório de investigação veterinária: um tronco de uma mulher encontrado junto dos animais mortos. Sem cabeça e membros.
Rapidamente o tenente Carmine Delmonico intervem junto com a sua equipa para investigar este caso. Sem deixar rasto, este temido serial killer será doravante designado por Fantasma e as suas vítimas irão amontoar-se de acordo com um modus operandi bastante cruel.

Se há algo que me apercebi nas tramas de McCullough é que os tempos narrativos das obras (falo das policiais) situam-se nos anos 60. É portanto expectável que a autora tenha dedicado algumas passagens aos confrontos sociais/raciais que ocorriam na altura em Connecticut (partindo do princípio que estas terão de facto ocorrido e confessando desde já, a minha falta de conhecimento sobre a história dos Estados Unidos da América), o que tornou a leitura um pouco mais morosa. No entanto, este facto é perfeitamente compreensível se tivermos em conta que McCullough é entendida na escrita do romance histórico.
Se há todo um contexto cultural desenvolvido, este irá coadunar-se com a investigação por parte de Carmine, que incide não só sobre a sua história de vida, como também um pouco da vida de várias personagens intervenientes da trama. São demasiadas personagens, bastante complexas, o que pode dificultar a retenção de nomes ou histórias de vida e o papel destes na trama. Depois penso que a autora teve um cuidado especial em dotar de diferentes formas as personagens, não tendo achado eu invulgar que uma das personagens seria cega (veja-se o caso das tramas de Karen Slaughter).

Como li Crueldade a Nu (terceira história de Delmonico) em primeiro lugar, houve factos que perdi e que pude acompanhar ao longo deste livro. Falo principalmente de como conheceu Desdemona Dupre e como se enamoraram, num contexto abalroado pelos sucessivos homicídios que vão ocorrendo. Algumas passagens em que achei forçadas as investidas românticas, o que contrariaram com a minha percepção sobre o casal em Crueldade a Nu.

A análise e caracterização psicológica das personagens é mais importante face à fisionomia das mesmas, exceptuando talvez as vítimas, em que a autora elabora um extenso quadro de características físicas afim de convencer o leitor que os crimes terão algum ponto em comum, nem que seja um racial. Fisicamente não sei como é Carmine Delmonico. E generalizando, não que seja um ponto fundamental mas faltou uma caracterização para que eu pudesse formular o retrato das personagens na minha cabeça.

Não há muitos(as) autores(as) que consigam chocar-me mas confesso que McCullough é uma delas. Em Crueldade a Nu com o grafismo das passagens de violação, em Um Passo à Frente é indescritível a crueldade com que os cadáveres são deixados e toda uma pormenorização forense (convincente mas bem sofisticada por sinal, tendo em conta que a história ocorre nos anos 60).

Um Passo à Frente foi uma leitura que iniciei com as expectativas demasiado altas, o que acabou por me desiludir o facto de achar que sim senhora, é um bom policial, mas já li livros muito mais emocionantes.
Neste livro não consegui entrar na história de forma, ou embrenhar-me na totalidade, com a sensação de estar ao lado de Delmonico na investigação criminal (como me acontece diversas vezes). De facto, senti-me antes a sobrevoar sobre Holloman e a assistir de cima, toda a trama, havendo um certo distanciamento entre mim e a trama (sem eu saber explicar porquê).
Ainda assim, gosto e acho interessante a forma como McCullough conduz as tramas policiais pela mão de Carmine Delmonico, e irei ler em breve o segundo livro da autora, O Dia de Todos os Pecados. Estou curiosa e aprecio a autora.
Pena é, uma vez mais, o facto do término da editora Difel que tem publicado bons policiais, sendo este um exemplo.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Mons Kallentoft - Flores Caídas no Jardim do Mal [Opinião]

Flores Caídas no Jardim do Mal é o quarto volume da que inicialmente era a tetralogia de Mons Kallentoft, correspondente às estações do ano. Mas este livro não encerra a saga de Malin Fors, que tanto ainda tem por contar. Efectivamente, a trama referente a Maria Murvall e que tem vindo a arrastar-se durante a saga, ainda não tem solução conhecida, o que me deixa uma vez mais, a ansiar pela leitura do próximo livro protagonizado por Fors.

Antes de mais nada, penso que a primeira coisa a destacar é a capa, lindíssima. De toda a saga é a minha favorita, e é bastante representativa da estação primaveril, época onde ocorre a acção. Mais tarde vim a perceber o porquê da presença de um varano.

A trama inicia-se com um atentado bombista numa praça de Linköping, fazendo duas vítimas: duas irmãs gémeas de seis anos Tuva e Mira Vigerö. A mãe fica em estado grave, dando entrada no hospital. A trama adensa-se quando de averigua as verdadeiras intenções do atentado...

Ora estamos perante uma temática até bastante actual dado o atentado por parte de Anders Breivik o ano passado na Noruega. O que acontece é que se duvida que o atentado aqui detalhado pelo autor, tenha motivações políticas ou ideológicas. Desde os estereotipados motoqueiros até extremistas de esquerda, todos são considerados suspeitos até que a investigação os leva numa pista, desencadeando uma espiral de revelações por parte das personagens que deixarão o leitor bastante surpreendido.

Como o autor nos tem vindo a habituar, existe uma ênfase da componente pessoal das personagens face à trama policial. E assim, em Flores Caídas no Jardim do Mal, Fors sofre um abalo face à morte da mãe, que lhe trás a revelação de inúmeros segredos que perduram desde a infância da personagem. Face ao que sabemos sobre Fors nos anteriores livros, esta revelação pode parecer um pouco abrupta, mas o facto é que eu até gostei. Assim, a reflexão principal neste livro são as relações familiares e o paradigma que reside na ocultação ou na revelação de um segredo que poderá abalar por completo uma relação tão forte como a de pai/filho.
Por outro lado, a fórmula de Mons que tanto me fascina, é o testemunho dos falecidos que apelam a Fors para a rápida resolução do caso, transparecendo uma certa sobriedade perante a morte. Neste caso o autor recorre às meninas de seis anos, sendo a primeira vez na saga que estes discursos sejam feito por alguém de tão tenra idade. Não se nota, o autor simplesmente mune estes testemunhos de uma maturidade não muito comum se tivermos em conta a idade das meninas.

Outro aspecto incomum é a forma como o autor introduz o animal varano, originário da Indonésia, num país tão climaticamente diferente como a Suécia. Se este se dará bem na gélida Suécia, bem, isso desconheço. O certo é que o varano é por si, um animal temido e ameaçador (eu por mim falo, que não sou muito amiga de répteis), o que auxilia na tensão e suspense nas passagens em que estes bichinhos são cabeças de cartaz.

Tal como os livros anteriores de Kallentoft, Flores Caídas no Jardim do Mal cativou-me imenso o que se reflectiu na rápida e compulsiva leitura. Adoro a escrita do autor que se consagrou precocemente num dos autores escandinavos da minha preferência. Através de quatro partes que exploram as vertentes policial e pessoal de Fors, trazendo revelações em catadupa, aliando-se a uma investigação com contornos pouco previsíveis, este é um livro que altamente recomendo juntamente com os restantes volumes da saga.