quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Jo Nesbø - Caçadores de Cabeças [Opinião]


Sinopse: Roger Brown é um vilão sedutor, um homem que parece ter tudo: é o caçador de cabeças mais bem-sucedido da Noruega - procura e seleciona altos quadros para as maiores empresas -, casado com uma elegante galerista e proprietário de uma casa luxuosa. Mas, por detrás desta fachada de sucesso, Roger Brown gasta mais do que pode e dedica-se ao perigoso jogo do roubo de obras de arte.
Na inauguração de uma galeria, a mulher, Diana, apresenta-o ao holandês Clas Greve e Roger percebe imediatamente que não pode deixar escapar aquela oportunidade. Clas Greve não é apenas o candidato perfeito ao cargo de diretor-geral que ele tem de recrutar para a empresa Pathfinder, como ainda tem em seu poder o famoso quadro de Rubens, A Caça ao Javali de Caledónia. Roger identifica aqui a possibilidade de se tornar financeiramente independente e começa a planear o seu maior golpe de sempre. Mas depressa se vê em apuros - e desta vez não são financeiros.
Em Caçadores de Cabeças, Jo Nesbo envolve-nos numa conspiração explosiva nos meandros da elite industrial e financeira, que culmina no submundo de assassinos contratados e vigaristas. Uma sucessão de homicídios surpreendentes, perseguições e fugas espetaculares, capazes de prender até à última página o mais exigente dos leitores.

Opinião: Sou grande fã de Jo Nesbø e do protagonista de Pássaro de Peito Vermelho, Vingança a Sangue Frio e A Estrela do Diabo, o inspector Harry Hole. Mas desengane-se quem pensa que Headhunters pertence a esta série.

O livro é totalmente independente. O protagonista não poderia ser mais diferente de Hole. Roger Brown é um caçador de cabeças, um termo de economia para um caça talentos, prestando consultoria às empresas, na procura do melhor profissional para um determinado cargo. Como tal, ele tem dinheiro e bastante presunção, para compensar talvez a sua altura. Não obstante, Roger Brown é tão orgulhoso com o seu cabelo como o é com a sua esposa, Diana.
Aumentar o orçamento para sustentar pequenos luxos é fácil: Roger Brown é um ladrão de arte extremamente hábil.
Ao contrário de Harry Hole, que transmitia empatia ao leitor, este Roger Brown é quase uma espécie de anti-herói. Narrado sob a perspectiva do próprio Brown, rapidamente se deduz uma segunda vida, em que a moral pouco persiste.

Os conceitos de Física e os vastos termos de Economia estão presentes, embora num contexto quase de curiosidade. A par destes, são inúmeras as referências de obras de arte escandinavas, sucessivamente descriminadas em notas de rodapé, para que os mais curiosos como eu, possam procurar por imagens no Google. A acção é toda bastante ágil, e o número de páginas que não ascende às 300 torna este livro de fácil e ávida leitura.
Numa trama repleta de reviravoltas e alguns laivos de humor negro, Roger Brown é confrontado com inúmeras provações (e algumas humilhações), levando a que o leitor mude de ideias sobre a personagem e termine o livro a torcer pela mesma.

Caçadores de Cabeças foi um livro de que gostei bastante, embora esteja a meu ver, um pouco aquém dos livros anteriores do autor. Isto porque este livro é um thriller, não envolvendo as investigações policiais que Jo Nesbø nos havia habituado na saga de Harry Hole.
Não obstante, existem alguns homicídios, os quais se encontram descritos num tom desprovido de violência.
A espiral de acontecimentos é extremamente envolvente e deixará preso o leitor, até que finde a sua leitura. E eu que o diga, cerca de dois dias bastaram para apreciar uma história frenética e muito inteligente.

Este livro foi já adaptado no cinema, pelos conterrâneos do autor. Já tive a oportunidade de ver o filme, ainda antes de ter lido o livro, e gostei bastante, embora não se compare à obra. Podem ver o trailer AQUI.


terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Sandra Brown - Letal [Divulgação Editorial Quinta Essência]

Nas livrarias a 8 de Fevereiro.

Sinopse: Quando a filha de quatro anos lhe diz que está um homem doente no seu jardim, Honor Gillette corre a ajudá-lo. Mas esse «doente» revela ser Lee Coburn, o homem acusado de assassinar sete pessoas na noite anterior. Perigoso, desesperado e armado, ele promete a Honor que ela e a filha não irão magoar-se se ela fizer tudo o que ele lhe pedir. Honor não tem alternativa a não ser aceitar a sua palavra. Em breve Honor descobre que nem as pessoas mais próximas de si são de confiança. Coburn afirma que o seu falecido marido possuía algo extremamente valioso que coloca Honor e a filha em perigo. Coburn está ali para levar consigo esse objeto - a qualquer custo. Dos escritórios do FBI em Washington, D.C. a um velho barco no litoral da Louisiana, Coburn e Honor fogem das pessoas que juraram protegê-los e desvendam uma teia de corrupção e depravação que os ameaça não só a eles, mas à própria sociedade.


segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Gillian Flynn - Em Parte Incerta [Divulgação Editorial Bertrand]


Data de Publicação: 8 Fevereiro 2013


Título Original: Gone Girl
Tradução: Fernanda Oliveira
Páginas: 520
Preço com IVA: 17,70€
              ISBN: 9789722525572    

O livro mais comentado no site Goodreads
(22.383 recensões)

Sinopse: O casamento pode dar cabo de uma pessoa…
Uma manhã de verão no Missouri. Nick e Amy celebram o quinto aniversário de casamento. Enquanto se fazem reservas e embrulham presentes, a bela Amy desaparece. E quando Nick começa a ler o diário da mulher, descobre coisas verdadeiramente inesperadas…
Com a pressão da polícia e dos media, Nick começa a desenrolar um rol de mentiras, falsidades e comportamentos pouco adequados. Mostra-se evasivo, é verdade, e amargo – mas será mesmo um assassino?
Entretanto, todos os casais da cidade se perguntam já se conhecem de facto a pessoa que amam. Nick, apoiado pela gémea Margo, assegura que é inocente. A questão é que, se não foi ele, onde está a sua mulher? E o que estaria dentro daquela caixa de prata escondida atrás do armário de Amy?
Com uma escrita incisiva e a sua habitual perspicácia psicológica, Gillian Flynn dá vida a um thriller rápido e muito negro que confirma o seu estatuto de uma das melhores escritoras do género.


Sobre a autora: Gillian Flynn é autora de Dark Places, best-seller do New York Times, que foi eleito melhor livro de 2009 pela Publishers Weekly. Foi um dos favoritos dos críticos da New Yorker, a primeira escolha de Chicago Tribune na área da ficção e o livro de escolha para o verão da Weekend Today.
É também autora de Sharp Objects, em português Objectos Cortantes, editado em Portugal pela extinta editora Gotica. Livro este vencedor do Dagger Award e nomeado para o Edgar Award de romance de estreia, escolha da Book Sense e da seleção de Descobertas da cadeia de livrarias Barnes & Noble.
Escrito em 2012, Gone Girl torna-se o livro mais comentado no Goodreads, sendo publicado agora pela Bertrand.
A autora está publicada em vinte e oito países
Vive em Chicago com o marido e o filho.

Críticas de imprensa
 «Engenhoso e viperino. Vai fazer de Gillian Flynn uma estrela.»
Entertainment Weekly


«Um thriller de verão irresistível com uma reviravolta digna de Alfred Hitchcock.»
People


«Pura e simplesmente fantástico.»
Associated Press

 
«Uma leitura extraordinariamente boa.»
Boston Globe

 
«O retrato de um casamento tão aterrador e hilariante que o vai fazer pensar em quem é de facto a pessoa no outro lado da sua cama.»
Time

 
«Que delícia, este romance.»
New York Daily News


«Uma leitura compulsiva.»
Columbus Dispatch


«Não consegui dormir de noite depois de o ler.»
Pittsburgh Post-Gazette


«Um livro raro: arrepia e delicia-nos ao mesmo tempo que nos mostra um espelho de como vivemos.»
San Francisco Chronicle


«Enredos com voltas, reviravoltas e muita perversão.»
Kansas City Star


«Uma história que me deixou surpreendido, indignado e hipnotizado com as suas voltas e reviravoltas.»
St. Louis Post-Dispatch
 

«Seja quem for o Leitor, esta história vai ficar consigo,como impressões digitais numa arma.»
Cleveland Plain Dealer



Lisa Gardner - O Assassino das Sombras [Opinião]


Sinopse: Um acto inqualificável deixou destroçada a pacífica cidade de Bakersville e os habitantes, outrora tolerantes, exigem justiça. Mas embora um rapaz tenha confessado o crime hediondo, tudo leva a crer que não seja culpado.
A agente Rainie Conner está no centro da controvérsia. Tudo se passa demasiado perto de casa, trazendo-lhe à memória os seus piores pesadelos e ameaçando revelar os seus pecados secretos. Porém, com a vida do rapaz em jogo, nada a detém na busca do verdadeiro assassino. Com a ajuda de Pierce Quincy, um agente do FBI, Rainie descobre uma verdade mais terrível do que alguma vez imaginara...

Opinião: Este é o segundo livro protagonizado por Quincy e Rainie, que relembro, em Minha Até à Morte, Quincy tinha um papel muito fugaz. Quanto a Rainie, esta nem sequer estava contemplada na narrativa.
Porém, em O Assassino das Sombras, o caso muda de figura. A autora investe em Lorraine Conner, dotando-a de um passado sombrio e volta a chamar o agente do FBI, Pierce Quincy, membro da Unidade de Ciência Comportamental, afim de analisar o caso que se sucede.

Não quero levantar spoilers, mas tenho mesmo que comentar este facto, apesar de não estar claro na sinopse. Este é um livro que aborda o fenómeno dos tiroteios em escolas. Achava eu ser este um fenómeno relativamente recente quando me apercebi que o livro, foi escrito em 2001 e já nesse ano, os Estados Unidos contavam com casos pontuais de tiroteios em comunidades escolares e levados a cabo por alunos.
Estas situações, para mim que trabalho numa escola, deixam-me muito apreensiva.

O que me chocou no livro foi precisamente esse facto: existe efectivamente uma criança suspeita da autoria dos disparos, e há grande desenvolvimento em torno da sua personalidade e vivências, isto num pano de fundo de investigação policial. 
Penso que a trama está longe de ser ficcionada, pois é verdadeiramente perceptível o medo e o choque que terão sentido os familiares dos envolvidos do massacre de Colombine. E este foi apenas um dos massacres desta dimensão. Nas notas iniciais da autora, chocou-me muito ela ter referido que em 1998, tragédias como esta teriam já ocorrido, assistindo ela a cinco tiroteios no espaço de quinze meses. É de facto uma situação lamentável, mas normalmente são desencadeadas por infâncias ou traumas mal resolvidos, daí cada vez mais eminente um acompanhamento das nossas crianças. Felizmente em Portugal não há casos registados, mas estes já terão ocorrido também um pouco pela Europa.

No entanto, o que me agradou na história, foi o modo como a autora recorre ao passado de Rainie e como de certa forma, este terá influenciado o massacre descrito na trama. E ninguém melhor que Quincy para entender Rainie, ele que também tem mazelas familiares e uma história de vida extremamente comovente.
As emoções não são descuradas, e Lisa Gardner cria um ambiente de muita empatia e cumplicidade entre os dois responsáveis da investigação antecipando um romance que certamente será mais desenvolvido em livros posteriores. 

O Assassino das Sombras constitui assim um policial poderosíssimo pela intensidade dos acontecimentos descritos, bem como a infeliz familiaridade que estes são acompanhados. Um tema desconfortável, que nunca vi abordado na literatura, com proporções comoventes como a que será a do luto numa inteira comunidade escolar. Sinceramente, nem quero imaginar...
Daí que este foi um livro que me marcou muito e anseio pela leitura do próximo livro da saga Quincy & Rainie, A Vingança de Olhos Negros.


Ken Follett - O Estilete Assassino [Opinião]

Sinopse: Um agente secreto de Hitler, um assassino frio e profissional com o nome de código «Agulha», vê-se envolvido na manobra de diversão dos aliados que antecede o desembarque militar em França. Estamos em 1944, a semanas do Dia D.
O Estilete Assassino é um arrebatador bestseller internacional em que o destino da guerra assenta nas mãos de um espião, do seu adversário e de uma mulher corajosa.

Opinião: Logo que tive conhecimento da publicação deste livro, pensei o que teria relacionado o Estilete Assassino com o título original, Eye of The Needle, relação essa convincentemente explicada logo nas primeiras páginas. A história tem um rápido arranque que assegurava certamente, uma excepcional história, ao estilo do que o autor nos tem vindo a habituar. E de facto, a sinopse é tão sucinta que não exprime o quão excelente é este livro. O Estilete Assassino foi uma das primeiras obras de Ken Follett e já é notório o seu talento a nível da escrita e criatividade da trama.

Não sou grande entusiasta, embora ultimamente comece a gostar mais, de tramas que tenham como tema central, a Segunda Guerra Mundial. E associado a este, vem inevitavelmente a temática da espionagem.
Follett, assim o explica, a história tem como alicerces um contexto histórico verídico, embora com personagens ficcionadas que enriquecem em muito a presente trama.

O ataque à Normandia e as acções de despiste por parte dos britânicos, de forma a iludir os alemães do verdadeiro local de desembarque e o próprio desenvolvimento de estratégias da guerra, foram portanto, factos que se constituíram didácticos, pela sua natureza intrínseca, sendo explanados de uma forma muito entusiasta. Para os mais cépticos, não creio que tenha sido nada maçador.
Por outro lado, o autor desenvolve aquele que seria o quotidiano neste período tão turbulento e que certamente seria o verdadeiro retrato de uma sociedade em convulsão. A grande depressão dos anos 30 fez com que a democracia fosse posta em causa em alguns países, proporcionando a ascensão dos regimes totalitários como o nazismo na Alemanha. Ainda assim, este não é exaustivamente explorado como seria expectável, cingindo-se o autor às temáticas acima supra referidas, sem que contemple as morosas e até habituais narrativas relacionadas com campo de concentração e judeus (que já se verificou constituírem excelentes argumentos para thrillers).

Por outro lado, os laços de natureza mais histórica contrapõem-se com duas histórias de vida. Como já li anteriormente algumas obras do autor, esperava fascinar-me pelas personagens, aliás como acontece sempre, e neste caso não foi excepção.
Além do espião que constitui indiscutivelmente, o protagonismo da trama, existem outras duas de igual importância: o casal Lucy e David. Por um lado, Henrik Faber, o espião alemão conhecido por Die Nadel. Este, como qualquer espião, é inteligente mas um verdadeiro assassino a sangue frio.
Por outro lado, temos numa ilha isolada, Lucy que casou com David, mas após um acidente, vê surgir um casamento de aparências. Ela mostra as emoções de uma esposa negligenciada mas é suficientemente forte para defender a si e à sua família contra as adversidades. Rapidamente, o autor dá a entender que as histórias de Faber e o casal se iriam cruzar, embora não se saiba como.
Penso que o maravilhoso dos livros de Follett é precisamente a forma como ele caracteriza as personagens, a ponto de despertar os mais vários sentimentos no leitor.

Embora este seja um livro claramente classificado como pertencente ao género de espionagem de alto nível, o autor não se coíbe no suspense, emoções fortes e cenas sexuais... sim, porque essas também as há, parecendo constar daqueles livros mais marotos.
O Estilete Assassino reuniu em mim, emoções de naturezas várias: o fascínio pela história e por aprender mais sobre a Segunda Guerra e por outro lado as minhas angústias sentidas através das personagens. Mais uma vez, Ken Follett mostra o porquê de ser um dos autores de eleição! Gostei imenso, e recomendo, claro!

Denotei que o livro já foi adaptado em cinema, em 1981. Caso vos interesse, podem ver o trailer AQUI. Sinceramente, acho que fica aquém do livro mas de qualquer das formas, fiquei interessada em ver a adaptação cinematográfica.




domingo, 27 de janeiro de 2013

Cheryl Holt - Ligações Proibidas [Opinião]

Sinopse: Abigail Weston, uma solteirona resoluta de vinte e cinco anos, está decidida a ver a irmã mais nova casada com um homem de bem. Contudo, a sua falta de experiência com o sexo oposto impede-a de apaziguar os medos da irmã em relação à noite de núpcias - a não ser que se atreva a dar um passo arriscado de forma a aprender o que a intimidade entre um homem e uma mulher implica. No entanto, o único homem em Londres qualificado para a ensinar fá-la desejar algo que ela nunca esperou: experimentar todos os prazeres por si própria...
James Stevens - rico, imoral e tremendamente aborrecido com a sociedade londrina - acredita que nada é capaz de chocá-lo. Embora o pedido de Abigail, a explicação verbal dos prazeres da carne, seja um pouco surpreendente, o que o espanta realmente é a sua reacção poderosa em relação à inocência e beleza dela. Um romance entre ambos pode trazer grandes êxtases carnais, mas qualquer coisa mais arruinaria para sempre Abigail. Pela primeira vez na vida, James suspeita que a mera intimidade física nada é quanto comparada ao amor verdadeiro...

Opinião: Ando verdadeiramente fascinada com estes romances sensuais eróticos de época. Já tinha lido da autora, Entrega Total e dado que adorei, tinha que voltar a ler um outro livro de Cheryl Holt.
Ligações Proibidas é o livro que antecede Entrega Total e embora tenha lido fora de ordem, não senti qualquer dificuldade em adaptar-me às tramas. Estas, embora independentes, têm um aspecto em comum: as personagens. Se bem se lembram, Entrega Total tinha como protagonista Michael Stevens, que também é contemplado nesta história, embora com um papel de menor destaque visto que o protagonismo vai para o casal James Stevens e Abigail Weston.

A trama tem de simples como cativante: é uma história de amor entre duas personagens com diferentes estratos sociais. Lady Abigail Weston, de 25 anos, é uma senhora ainda solteira mas que deseja ver bem casada a sua irmã Caroline, de 17 anos, pedido para isso lições sobre sexualidade. Por isso, e como senhora que é, é dotada de uma grande ingenuidade. Bem... e destas lições, como se espera, da teoria à prática vai um pequeno passo. Para isso pede ajuda a James Stevens, que representa a vida boémia da sociedade. Ele e o irmão Michael, gerem uma casa de jogos e conhecem os riscos do vício. É um bon vivant que aprecia relações ocasionais com mulheres.

As personagens são os típicos clichés: a falta de informação sobre as práticas sexuais nas mulheres de alta sociedade em contraste com a vasta experiência por parte de Stevens. Ainda assim, a personagem masculina cativou-me. Mesmo consciente das diferenças sociais, e depois de uma experiência romântica mal sucedida, a personagem rapidamente assume os seus sentimentos. Embora grande parte da trama, seja um homem aparentemente frio, por ter a real percepção que esta será provavelmente uma relação infrutífera, pelas pressões da sociedade.

Um aspecto que gostei muito, foi a forma como a autora formulou uma história para os outros casais, não se cingindo em demasia em James e Abigail. Holt formula uma história, ainda que secundária mas igualmente apaixonante para Angela e Edward, provando que o amor verdadeiro permanece apesar das várias reviravoltas que a vida dá.

Achei que o livro tinha menor teor sexual do que Entrega Total, embora sejam captados de forma apaixonada, os momentos relativos à sedução entre o casal. A forma como as cenas sexuais são contextualizadas acabam também por ser diferentes do livro que li anteriormente, estas são feitas por apresentação de imagens captadas por um desenhador, enfatizando o impacto visual como principal sentido.
Adorei a história de amor, que acompanha a avassaladora paixão que une James e Abigail e a forma como esta se depara às inúmeras provações.
Acredito que a trama traduz com muito realismo aquelas que terão sido ligações menos aceites dentro da sociedade inglesa pré vitoriana do século XIX, onde impera a intriga, os dissabores de uma filiação ilegítima e sobretudo as aparências. Estas são responsáveis por dificultar qualquer ligação entre casais de diferentes estratos sociais, deflagrando-se facilmente um escândalo, na altura mais susceptível que actualmente, sem qualquer dúvida.

Cheryl Holt disputa já o lugar cimeiro das autoras dos romances sensuais que mais aprecio. Ligações Proibidas, fez-me "viver" na sociedade de época, aluna destas sensuais lições de sexo. Adorei!

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Chris Mooney - Sem Rasto [Opinião]

Sinopse: Quando a agente CSI de Boston Darby McCormick, encontra uma mulher emagrecida e em delírio escondida num caso de rapto violento, ela faz um teste de adn para identificar a desconhecida. O resultado confirma que a vítima foi raptada há cinco anos e, de alguma forma, conseguiu escapar de um calabouço no qual fora feita cativa.
Com um casal de adolescentes também desaparecido e a desconhecida gravemente doente, o relógio pressiona Darby na caça do raptor antes que mais alguém desapareça ou morra.

Opinião: Lamentável a MillBooks ter falido! A avaliar por este livro, penso que seria uma editora com bastante potencial. Isto para não falar da dificuldade que tive em encontrar este livro, depois de ter comprado O Amigo Secreto e ter percebido que este era o segundo de uma série.

O início da acção é bastante emocionante: remota a 1984, altura em que a protagonista, Darby McCormick, está num bosque com as amigas e testemunham os gritos de uma mulher, que tem um desfecho muito infeliz e que tornam Darby e as suas amigas, alvos a abater.
Depois em 2007, Darby tem 37 anos de idade e é investigadora da polícia de Boston. O seu novo caso é a investigação do desaparecimento de Carol Cranmore, acabando por espelhar o seu próprio passado.

Sem Rasto configura-se como um completo livro policial que tem como alicerces da investigação, as técnicas e procedimentos forenses, deliciando os fãs de CSI. Não obstante, as várias mortes e possíveis sequestros são da responsabilidade de um vilão, com uma complexa personalidade, finamente dissecada afim de entender a origem do mal. E a presença deste psicopata é intensificada pela própria estrutura da narrativa, escrita ora sob a perspectiva de Darby, ora pela do assassino, que desvenda a sua identidade antes do final.

A par desta, é uma história que enfatiza a vida pessoal das personagens, realçando os seus dramas. Como não podia deixar de ser, esta componente acentua-se em Darby, filha de um falecido polícia e de uma mulher doente, já em fase terminal. Desta forma, diria que Darby McCormick é uma heroína que se destaca, não só pelo historial familiar delicado, como pelo passado marcado pelo trauma ocorrido nos anos 80, que o autor dá a conhecer logo no início do livro.

Os capítulos são muito curtos, com bastante acção, tornando o livro muito rápido de se ler. O autor, como já referi, não se coíbe nos pormenores técnicos forenses,o que muito me agradou, por conferir um grande realismo à investigação.

Em suma, Sem Rasto é um livro muito intenso, repleto de acção e reviravoltas, logo daria uma excelente adaptação em filme. Li-o num ápice e tenciono ler em breve O Amigo Secreto, a avaliar por este livro, promete ser uma excelente leitura também.
Resta-me apelar às editoras portuguesas que publiquem as obras do autor. Tendo sido este o primeiro livro que li de Chris Mooney, este já é para mim, um inesquecível autor de policiais, sem qualquer margem para dúvidas.


terça-feira, 22 de janeiro de 2013

David Hewson - The Killing Vol 2 [Divulgação Editorial Dom Quixote]


Sinopse: Sarah Lund está a acabar o seu último dia como detetive no departamento da Polícia de Copenhaga antes de partir com o filho adolescente para a Suécia onde vai viver com o namorado. Mas tudo muda quando Nanna Birk Larsen, uma estudante de dezanove anos, é encontrada morta nos bosques em redor da cidade com sinais evidentes de ter sido brutalmente agredida e violada. 
Os planos de Lund para deixar o país vão sendo adiados à medida que a investigação com o seu colega, o detective Jan Meyer, se torna cada vez mais complexa. Enquanto a família de Nanna tenta conviver com a sua perda, o carismático político Troels Hartmann está em plena campanha eleitoral para a presidência da Câmara Municipal de Copenhaga. 
Quando as ligações entre a Câmara e o assassínio se tornam conhecidas, o caso toma uma direção completamente diferente. Ao longo de vinte dias, os suspeitos sucedem-se enquanto a violência e a intriga política estendem a sua sombra sobre a investigação. Baseado no argumento de Søren Sveistrup para a série de televisão com o mesmo nome, David Hewson transformou um enorme êxito televisivo num sucesso literário.

Os dois volumes publicados pela Dom Quixote correspondem à primeira temporada da série. Pode ver a sinopse do primeiro AQUI e a opinião AQUI.

Nas livrarias a partir de 22 de Janeiro.


Martin Suter - Cinzas do Passado [Divulgação Editorial Porto Editora]


Data de Publicação: 28 Janeiro 2013


Título Original: Small World
Tradução: Carlos Leite
Páginas:256
Preço com IVA: 16,60€
              ISBN: 9789720043771    

Sinopse: A história comovente de um homem arrastado para o passado por uma doença que o despoja do presente.
Aos sessenta e cinco anos, Konrad Lang ainda vive às custas da abastada família Koch. Durante anos, foi um parasita tolerável, inicialmente enquanto companheiro de brincadeiras de Thomas Koch, o herdeiro da fortuna da família, mais tarde enquanto zelador da mansão de férias em Corfu, embora sempre sujeito aos caprichos da família. 
Certa noite, porém, Konrad pega acidentalmente fogo à mansão, reduzindo-a a cinzas. A princípio, atribui-se a causa desse incidente ao seu alcoolismo, mas os esquecimentos de Konrad sucedem-se. São os primeiros sintomas de um mal misterioso, que trará consigo consequências perturbadoras. No entanto, à medida que a memória recente de Konrad se vai esvaindo, as recordações que muitos esperavam estar soterradas vão ressurgindo pouco a pouco… A doença de Alzheimer instala-se, ameaçando pôr a descoberto segredos guardados a sete chaves.

Sobre a autora: Martin Suter, nascido em Zurique em 1948, é escritor e argumentista. Até 1991 trabalhou em publicidade, como diretor criativo, altura em que decidiu dedicar-se exclusivamente à escrita. Vive com a família entre a Espanha e a Guatemala. Os seus romances encontram-se traduzidos em mais de trinta países, estreando-se agora em Portugal. Cinzas do Passado (Small World) foi adaptado ao cinema por Bruno Chiche e protagonizado por Gérard Depardieu.

Críticas de Imprensa
«Um final envolvente, digno de qualquer filme de Hitchcock.»
Die Zeit

«Um livro admirável sobre o insólito mundo do esquecimento.»
Le Monde
 
«Martin Suter recorre à memória e à ausência dela para viajar no passado e assim deslindar as ações das personagens no presente. Neste romance, esse trajeto intriga-nos e, quanto mais revela, maior é o nosso desejo de conhecer o seu desfecho.»
El País

«Suter teceu um romance de estrutura clássica entre o misterioso e o psicológico, integrando uma doença como a peça-chave para a resolução de um mistério.»
La Vanguardia


segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Tana French - Sombras do Passado [Opinião]


Sinopse: Um momento decisivo - aos dezanove anos - definiu o rumo de vida de Frank Mackey: quando a sua namorada, Rosie Daly, não compareceu a um encontro em Faithful Place e, dessa forma, não fugiu com ele para Londres como tinham planeado. Frank não voltou a ter notícias dela.
Vinte anos mais tarde, Frank vive ainda em Dublin e trabalha como polícia infiltrado. Cortou todos os laços com a sua família disfuncional. Até ao dia em que a irmã lhe telefona a dizer que encontraram a mala de Rosie. Frank embarca numa viagem ao passado que o leva a reavaliar tudo aquilo que ele crê ser verdade.

Opinião: Tana French é uma autora com a qual tenho uma relação estranha. Ainda não sei se sou fã. E porquê? Gostei imenso do seu livro de estreia, Desaparecidos (lido antes de surgir o blog, daí a ausência de opinião), mas ao enveredar pela leitura de A Semelhança, devo confessar que as minhas expectativas foram defraudadas.
Ainda assim, Sombras do Passado era um livro que tinha lugar cativo na estante desde a sua altura de lançamento, Fevereiro de 2010, e após ter lido boas críticas sobre o mesmo, lancei-me na sua descoberta, tendo sido o último livro lido em 2012.

Este foi um livro que me cativou muito devido ao enredo que se debruça sobre segredos do passado que surgem como revelações inesperadas. Não há nenhum serial killer que inferniza a vida de uma população, sendo o principal mistério, a investigação do paradeiro de Rosie, após uma prova encontrada duas décadas depois. O que sugere uma narrativa de ritmo lento, rapidamente se torna ávida e bastante intrigante.
A autora precocemente desvenda a chave que encerra o mistério relativo a Rose, o que não faz perder o entusiasmo pelo livro, antes pelo contrário, o leitor aventura-se, juntamente com Frankie na investigação que justifica tal desfecho da personagem.

A trama é rica em analepses, e embora isentas de qualquer marca temporal, estas são fulcrais e ajudam a perceber como evoluiu a relação de Frankie com Rose, e com os demais elementos na sociedade à vinte anos atrás. As mesmas são contextualizadas na narrativa da actualidade com grande naturalidade, sem que o leitor se perca na acção.

Tana French volta a utilizar a fórmula que a caracteriza e a distingue como única no género: ela torna como protagonistas, personagens que tenham aparecido em livros anteriores. Desta forma, o protagonista é Frank Mackey, que tem uma participação fugaz em A Semelhança. Sem grandes afinidades para com o leitor, até porque a personagem está francamente subdesenvolvida no livro antecessor, em Sombras do Passado, a autora preocupa-se em dotar um carácter forte, que o distingue da família.
Tal pormenor garante que os livros se possam ler independentemente, até porque os protagonistas são, regra geral e embora participantes da trama anterior, praticamente desconhecidos. As tramas são completamente independentes umas das outras.

São esperados desenvolvimentos aliados às famílias disfuncionais, a temática elegida para a autora, para caracterizar e justificar o afastamento para com a família em Faithful Place. Nesta óptica, o alcoolismo e a negligência parental destacam-se harmoniosamente no ambiente onde se insere o mistério fulcral desta trama.

A autora tem uma escrita que também acaba por diferenciá-la em relação aos demais escritores de policiais.
Penso que é de salientar a abundância dos diálogos, de uma forma bastante natural. Ou seja, escrita sem floreado, dotada de observações com algum humor, bastante presente nos diálogos, e o eventual uso ao calão, tornando as falas das personagens muito naturais e realistas.

Mais do que um thriller, Sombras do Passado constitui uma interessante reflexão sobre os caminhos da vida e as consequências do rumo escolhido por cada um de nós. Gostei imenso e aguardo com ansiedade pelo próximo livro da autora.




Stephen Booth - Medo de Viver [Opinião]



Sinopse: «Rose Shepherd sempre soube que a iriam matar… era apenas uma questão de quando e como.»
Um homicídio na calada da noite - uma janela aberta e três balas vindas da escuridão. A vítima é uma inocente senhora de meia-idade. Mas será que ela é tão inocente quanto parece? A morte de Rose Shepherd está repleta de questões - ao contrário da morte de uma mulher e duas crianças num incêndio doméstico. Não deixa de ser uma tragédia, mas é algo mais comum.
É nesta altura que a detective Fry vai encontrar uma ligação entre os dois casos, um elo que atravessa a fronteira entre nações, entre o bem e o mal, entre a loucura e a sanidade. Diane Fry e o detective Ben Cooper vão descobrir a razão pela qual algumas pessoas têm medo de viver - e outras estão destinadas a morrer…

Opinião: Sou grande fã das tramas de Stephen Booth e estou a ler a série ordenadamente. Depois de ter lido Ossos, Um Último Suspiro e O Lugar Morto, segue-se este Medo de Viver.
Gostei muito de como a trama se inicia mas devo confessar que perdi um pouco o interesse lá para meados da história (já vou explicar porquê). Mas rapidamente, este constrangimento desapareceu, e terminei mais um bom policial do autor britânico.
Obviamente que a premissa me deixou muito intrigada, até porque não me parecia muito lógico que o homicídio de uma idosa pudesse estar de alguma forma relacionada com a morte de Lindsay Mullen e seus filhos, quando estas são em circunstâncias completamente diferentes.

Quando se está prestes a descobrir esta ligação, eis que o autor inclui na trama elementos alusivos à Máfia da Europa de Leste. E como vós sabeis, nem sou grande fã de histórias baseadas no crime organizado. Foi nesta altura que fiquei um pouco desmotivada com a leitura. No entanto, devo admitir que foi até interessante conhecer mais sobre a história da Bulgária, o que aconteceu com o país com o colapso da União Soviética, e acima de tudo, os métodos mais desesperados que as pessoas adoptavam para sobreviver.
Este contexto, um pouco mais histórico, e embora saindo das minhas preferências literárias, reconheço que foi fulcral para a resolução dos crimes, mostrando que Medo de Viver é uma trama bastante intrincada e muito surpreendente. O autor desenvolve os dois casos, investigado cada um pelos dois protagonistas, como se independentes se tratassem até certa altura, onde se verifica que as investigações se cruzam: uma revelação inesperada que explica porque algumas pessoas podem ter "medo de viver."

O segundo ponto que me desiludiu foi obviamente a relação de Diane Fry e Ben Cooper. Já me tinha expressado anteriormente em como desejava que ambos ficassem juntos até porque o autor sempre enfatizou uma química entre as personagens mas em Medo de Viver, existe um claro distanciamento entre as mesmas.
Resta o magnífico da Inglaterra rural, ponto de vista realçado por Ben (que me fascina como curiosa que sou com as ilhas britânicas) aliado à preocupação do seu irmão Matt com a hereditariedade da doença que a mãe padece.
Já a história de Diane, que se debruçava sobre a complicada relação com a irmã, está francamente subdesenvolvida, não trazendo nada de novo.
Aguardo então por novos desenvolvimentos nos futuros livros, Morto por Pecar e O Toque da Morte.

Sem grandes registos de violência, uma vez mais, caracterizando os policiais de Stephen Booth como quase equiparáveis aos da conterrânea Agatha Christie. Com excepção talvez de O Lugar Morto, que me impressionou pelo mórbido que caracterizava toda a trama. A série de Fry e Cooper, diria que se adapta a todos aqueles que gostam de uma boa resolução de um crime. Bem... devo dizer que até são dois crimes, fórmula esta também característica de Booth, que revela a capacidade de surpreender qualquer leitor ao ligar, de forma lógica mas aparentemente imperceptível, dois casos de naturezas diferentes.
E claro, a mestria do autor no final, extremamente irónico... de facto faz-me ansiar por mais obras do autor, que lerei em breve, sem qualquer medo!

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Susana Fortes - A Marca do Herege [Divulgação Editorial Porto Editora]



Data de Publicação: 21 Janeiro 2013


Título Original: La Huella Del Hereje
Tradução: Helena Pitta
Páginas:224
Preço com IVA: 16,60€
              ISBN: 9789720044372

Sinopse: A descoberta do cadáver de uma jovem na Catedral de Santiago de Compostela cai como uma bomba na cidade. Ao mesmo tempo desaparece um manuscrito de Prisciliano, o grande herege galego. O comissário Castro ocupa-se de ambos os casos com a ajuda de dois jornalistas determinados: Laura Márquez, uma jovem bolseira que chega à cidade fugindo dos seus próprios fantasmas, e Villamil, um repórter veterano e meio anarca que já conheceu dias melhores na profissão.
Uma trama em ritmo crescente onde se cruzam ecologistas, peregrinos, professores universitários, tubarões das finanças e padres que fazem as suas próprias apostas de salvação numa cidade levítica.

A Marca do Herege é um thriller viciante que nos convida a viajar no tempo, transferindo a atmosfera ameaçadora do melhor romance policial para as ruas inesquecíveis de Santiago de Compostela.

Sobre a autora: Licenciada em Geografia e História pela Universidade de Santiago de Compostela e em História da América pela Universidade de Barcelona, reside atualmente em Valência, conjugando o ensino com o jornalismo e a crítica de cinema.
Os seus romances estão traduzidos em 12 línguas e obtiveram numerosos prémios. Em Portugal, estão publicadas as suas obras Querido Corto Maltese, Ternos e Traidores, Fronteiras de Areia, O Amante Albanês e Quattrocento – A Conspiração Contra os Médicis.


Críticas de Imprensa
«Um enredo bem concebido, sem pontas soltas. Além disso, a autora trata com notória mestria a história da heresia religiosa na Galiza.»
El País


«Laura Márquez, a jornalista que nos traz à memória Lisbeth Salander.»
El Mundo


«A cidade galega surge como um personagem que lança sombras sobre as relações entre os que buscam a verdade e os que procuram ocultá-la a todo o custo.»
Europa Press


«A Marca do Herege é uma autêntica boneca russa com inúmeras capas de realidade, onde lendas milenárias de sociedades secretas convivem com o narcotráfico e a corrupção da sociedade atual […] o divino e o humano, o sórdido e o sublime.»
hoyesarte.com



Patricia MacDonald - Um Estranho em Casa [Opinião]

Sinopse: Há onze anos, a vida idílica de Anna Lange ficou destroçada quando Paul, o seu filho de quatro anos, desapareceu sem deixar rasto. Anna nunca deixou de acreditar que ele estava vivo e, quando o rapaz reaparece por fim, todos pareciam achar que o pesadelo terminara. Contudo, a alegria do reencontro dura pouco tempo. Nervoso e retraído, Paul começa a comporta-se de modo estranho. Anna pensa que o filho continua a recuperar do terrível trauma vivido na noite em que desapareceu —embora o jovem afirme não se recordar do que aconteceu. Mas será verdade que Paul não se lembra? Bom, há alguém que se lembra e que está disposto a tudo para impedir que a verdade venha ao de cima...

Opinião: Já há muito que Patricia MacDonald me suscitava alguma curiosidade e que este livro aguardava a sua vez na estante. Chegou a sua hora. Estava em busca de um livro, mais do género thriller, com grande carga psicológica. Penso que não poderia ter decidido melhor!

Um Estranho em Casa é dos livros que mais facilmente despertou em mim, uma genuína angústia logo nas primeiras páginas. A acção inicial é muito rápida, aquando o desaparecimento da criança e as primeiras reacções em resposta a esta. Ao longo da leitura, senti-me várias vezes revoltada e intrigada com as razões por trás do desaparecimento do menino.
Embora date de 1983, é um livro ainda bastante actual. Afinal de contas e infelizmente, o desaparecimento de crianças ainda acontece, decorrendo muitas vezes de situações de rapto e a polícia só pode agir após algumas (largas) horas, o que nem sempre avizinha um desfecho feliz.
Neste caso em particular, a história configura-se dentro de parâmetros pouco usuais, (e à partida, isento de um possível desfecho trágico) uma vez que Paul retorna a casa, onze anos depois. Como aleguei anteriormente, o papel de investigação por parte das entidades policiais é quase ínfimo, debruçando-se a história num pesado desencadeamento de acções dentro do núcleo familiar de Paul.

Sem querer levantar spoilers, até porque a minha intenção é fazer com que o leitor se sinta cativado pela opinião e motivado para ler o livro, há um aspecto que tenho mesmo que falar, relativamente à história, temendo eu que desvende um pouco mais do que pretendia.
Eu penso que existe uma incongruência na trama. Ora vejamos, Paul tem quatro anos quando desaparece e segundo consta, a sua irmã Tracy, seria ainda bebé. Ela chora, balbucia algumas palavras... bem, diria que seria um bebé talvez, no máximo com dois anos.
Quando Paul volta a aparecer, onze anos depois, Tracy terá certamente uma idade que ronda os treze anos. No entanto, a autora reveste a personagem já com um carácter afincado, tendo algumas quezílias com a mãe (perfeitamente rotineiro), tem já experiência com drogas (acho demasiado precoce) e mais... a rapariga trabalha já numa clínica veterinária. Ou seja, a caracterização de Tracy, deixa muito a desejar por ser pouco realista. 

No entanto, as demais personagens estão muito plausíveis. Anna é uma personagem forte mas no fundo, também fragilizada com o desaparecimento do filho e muito esperançosa ainda que decorram largos anos até o voltar a ver. O pai de Paul, é mais céptico, convencido que o filho não irá voltar mais. Antagonismo e formas de ver a situação completamente contraditórias, portanto. E Tracy... enfim, apesar de não ter efectivamente gostado como esta personagem é, nos primórdios da adolescência, tendo sido habituada a ser filha única, claramente é visível e realista a sua negação face ao reaparecimento do irmão do qual ela mal se lembra.

A caracterização de Tracy assume-se como um pormenor que nada afecta a leitura e a qualidade da história, porque de facto esta é muito boa. Mais do que um thriller, a trama aborda muito a estrutura familiar que se vê fragilizada primeiro, com o desaparecimento de Paul, revestindo o casal com as únicas formas de encarar este drama. Depois a sobreprotecção da mãe aquando o reaparecimento de Paul, quando este é um adolescente, descurando um pouco, as personagens em seu redor. Com a vivência longe dos pais, e condicionado pela natureza intrínseca desta faixa etária, Paul acaba por ser um estranho. 
Anna e o marido terão que perceber o que terá de facto acontecido à onze anos atrás e que segredos encerram a comunidade onde vivem.

A autora não se rege pelos habituais clichés de desfecho inesperado. Sensivelmente a meio da trama, a autora privilegia o leitor, dando a conhecer aquele que eventualmente terá tido relação com o desaparecimento de Paul. Rapidamente o leitor deduz a hipótese certeira que justifica a estranha situação do jovem. O final é sim, de cortar a respiração. Uma verdadeira contra corrida à sobrevivência, ocorrendo então aquele que será o único registo de homicídio, desprovido de violência mas contrabalançado em emoções fortes.
Sem margem para dúvidas, um livro muito bom! Irei certamente ler mais obras de Patricia MacDonald.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Dan Brown - Inferno [Divulgação Editorial Bertrand]

No ano em que se comemoram dez anos sobre a publicação de O Código Da Vinci, o conhecido best e longseller, Dan Brown publica um novo livro. Anunciado hoje à imprensa internacional nas redes sociais pelo próprio autor, Inferno será publicado a 14 de maio nos Estados Unidos e Canadá e, em Julho, em Portugal, pela Bertrand Editora.

Inferno, marca o regresso de Robert Langdon, o famoso simbologista de Harvard, que protagonizou O Código Da Vinci. Este novo romance é passado em Itália e é sobre o o clássico da literatura a que vai buscar o título, o Inferno, de Dante Alighieri.

Em declarações difundidas ontem pelo editor internacional, Dan Brown confessa que embora tenha estudado o Inferno de Dante, apenas recentemente, enquanto pesquisava em Florença, se deu conta do peso da influência do poeta florentino no mundo moderno: «com este novo romance, quero levar os leitores a mergulharem numa viagem neste mundo misterioso… uma paisagem de códigos, símbolos e muitas passagens secretas».

«With this new novel, I am excited to take readers on a journey deep into this mysterious realm…a landscape of codes, symbols, and more than a few secret passageways.»

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Philip Kerr - Se Os Mortos Não Ressuscitam [Divulgação Editorial Porto Editora]

Data de Publicação: 14 Janeiro 2013


Título Original: If The Dead Rise Not
Tradução: José Vieira de Lima
Páginas: 480
Preço com IVA: 18,80€
              ISBN: 9789720045607

Sinopse: Berlim, 1934. Os nazis garantiram a realização dos Jogos Olímpicos de 1936, mas enfrentam grande resistência estrangeira. Hitler e Avery Brundage, o presidente do Comité Olímpico dos Estados Unidos, tudo fazem para tentar encobrir o antissemitismo nazi e assim convencer a América a participar nos Jogos. Bernie Gunther, agora detetive num dos hotéis mais conceituados de Berlim, vê-se arrastado para este mundo de corrupção internacional, enredado entre as várias fações do aparelho nazi.
Havana, 1954. Fulgencio Batista, apoiado pela CIA, acabou de subir ao poder. Fidel Castro foi preso e a Máfia americana ganha poder sobre a indústria do jogo e da prostituição. Bernie, recentemente expulso de Buenos Aires, reemerge em Cuba com uma nova identidade, decidido a levar uma vida de relativa paz. No entanto, quando se depara com duas figuras do passado - um pérfido assassino dos tempos de Berlim, que pouco depois é misteriosamente assassinado, e uma antiga amante que, ao que tudo indica, poderá ser a responsável pelo crime -, percebe que não tem como lhe fugir. 

Sobre o autor: Philip Kerr nasceu em Edimburgo em 1956 e estudou Direito na Universidade de Birmingham. Colabora assiduamente em publicações como o Sunday Times, o Evening Standard e o New Statesman. Para além dos catorze romances publicados, escreveu uma série de livros juvenis com o pseudónimo de P. B. Kerr. Traduzido em 25 idiomas, galardoado com inúmeros prémios importantes e com várias obras adaptadas ao cinema e à televisão, Philip Kerr é um dos nomes mais consagrados do policial inglês. 
Este seu romance mereceu o Prémio Internacional de Novela Negra RBA, o Ellis Peters Historical Dagger, da Crime Writers’ Association, e o Barry Award. 

Críticas de imprensa:
«Um dos romances policiais mais empolgantes do ano.»
Sunday Times

«Uma das grandes proezas do policial contemporâneo.»
Observer

«Kerr é exímio na arte de capturar o sentimento de época, sem nunca se esquecer de entreter o leitor e sem cair no erro de oferecer visões políticas.»
The Sun

«Um romance carregado de mistério, que evoca a sensibilidade negra de Raymond Chandler e Ross Macdonald, ainda que trilhando o seu próprio terreno literário.»
Los Angeles Times

Do mesmo autor na Porto Editora:
- O Projecto Janus


domingo, 13 de janeiro de 2013

Boris Starling - Messias [Opinião]

Sinopse: A primeira vítima foi encontrada pendurada numa corda. A segunda, espancada até à morte, jazendo numa poça de sangue. A terceira, decapitada. Os seus antecedentes são tão diferentes como os métodos do seu assassinato. Mas um pormenor arrepiante liga os três crimes: as suas línguas foram cortadas e substituídas por uma colher de prata. A polícia tem provas suficientes para acreditar que está perante um raro e perturbador fenómeno: o aparecimento de um serial killer, perverso e inteligente... E tudo indica que ele vai matar outra vez.

Opinião: Terminei ontem à noite, a leitura ávida deste thriller, que posso desde já adiantar, um dos melhores que li até hoje! O número excessivo de páginas, ultrapassando as 500, em nada impede a rápida e emocionante leitura.
É um livro cuja edição standard infelizmente está esgotada, embora haja no mercado a versão da chancela editorial 11x17. Felizmente tive a sorte de encontrar este e o próximo livro do autor, Tempestade, numa loja em segunda mão. Ainda bem. Não sou fã de livros de bolso, confesso.

Não é difícil perceber o contexto dos assassinatos, basta atentar no título que claramente remete para a temática da Bíblia. Desconheço se o autor é entendido na matéria, eu admito que não o sou, de forma a que o livro foi também extremamente didáctico, tendo aprendido um pouco mais sobre os apóstolos de Jesus Cristo e a relação entre o Messias e Judas Iscariotas. Mesmo o menos entusiasta da matéria bíblica, irá certamente render-se a este magnífico thriller, uma vez que joga muito com o simbolismo e as metáforas retratadas no livro sagrado, aplicando-as ao mundo real sob o ponto de vista de um serial killer inteligente e estratega, mas igualmente maléfico. É portanto uma trama que aprofunda a temática da traição e da vingança, contextualizando uma série de valores morais que infelizmente são cada vez mais descurados em detrimento do capitalismo.

Embora a temática da religião associada ao homicida em série seja já recorrente, o autor explora-a de forma diferente, excluindo o cliché do assassino ter uma educação excessivamente religiosa.
A trama é repleta de suspense e revelações. Os assassinatos são macabros, descritos com grande rigor, bem como pormenores alusivos às autópsias. Poderão, por este motivo, ferir as susceptibilidades dos leitores mais sensíveis. O nível de violência bem como os métodos de tortura infligidos, são sobredoseados mas acabam por ser únicos, acabando por se destacar de tantos outros policiais que tenho lido.

O que me fascinou, desde o ínicio, foi a forma como o autor interpôs duas narrativas, de cariz independente centrando-se na personagem Redfern Metcalfe. Em 1982, Red depara-se com um dilema. Actualmente, o ano é 1998 e Red, agora na polícia, investiga os sucessivos e estranhos homicídios, perpetuados pelo Língua de Prata. As duas narrativas combinadas formulam um perfil bastante completo do protagonista, Red, um homem que admirei durante toda a história, apesar dos contratempos, pela sua humanidade.
O polícia é o perfeito exemplo de como a vida profissional se pode interpor na pessoal, situação recorrente talvez nas autoridades de investigação, uma vez que Red não tem horários e a sua motivação foca-se na descoberta do homicida que julga ser o Messias. O distanciamento para com a família, encontra-se bem explanado na narrativa de há 30 anos.

À medida que a investigação avança, foi para mim, relativamente fácil de perceber o verdadeiro autor, depois de ter alguns suspeitos em vista. O móbil do crime, esse passa despercebido, até ao desfecho, verdadeiramente emocionante. Estou ansiosa em ler Tempestade, desta feita protagonizado por Kate, uma das investigadoras do caso, pensando eu que terá um papel de maior importância no segundo livro do autor.

Messias, volto a realçar, é um brilhante thriller. Irá certamente ficar na minha memória. Recomendo, sem qualquer tipo de reserva!


Ken Follett - O Estilete Assassino [Divulgação Editorial Bertrand]

Data de Publicação: 18 Janeiro 2013


Título Original: Eye of The Needle
Tradução: Maria Filomena Duarte
Páginas: 384
Preço com IVA: 17,70€
ISBN: 9789722525145 


Sinopse: Um agente secreto de Hitler, um assassino frio e profissional com o nome de código «Estilete», vê-se envolvido na manobra de diversão dos aliados que antecede o desembarque militar em França. Estamos em 1944, a semanas do Dia D.
O Estilete Assassino é um bestseller internacional em que o destino da guerra assenta nas mãos de um espião, do seu adversário e de uma mulher corajosa.

Críticas de imprensa
«Um thriller absolutamente extraordinário, perturbador, engenhoso e tão assustadoramente realista que não o conseguimos parar de ler»
Publishers Weekly

«Um thriller cheio de tensão e pormenores extraordinários, baseado nos alicerces sólidos dos factos.»
Sunday Times

Do mesmo autor na Bertrand:
- O Homem de Sampetersburgo
- A Chave para Rebecca
- O Vale dos Cinco Leões
- Noite Sobre as Águas
- O Terceiro Gémeo
- O Preço do Dinheiro




sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Charlaine Harris - Sangue Fresco [Opiniao #1Desafio Literário 2013]


Sou grande fã da série televisiva da HBO, True Blood, baseada nos livros de Charlaine Harris, tendo já visto todas as temporadas (e desespero já pela próxima). Desta forma, não me foi difícil optar por este livro, de forma a começar o desafio literário 2013.

Este é claramente um livro pertencente ao género Fantasia. As minhas afinidades literárias relacionam-se com o policial mas do género, aprecio e muito a famigerada saga de vampiros da autoria de Chuck Hogan e Guillermo del Toro. Por isso, não será a primeira vez que enveredo pela leitura em que os vampiros assumem papel de destaque, embora em Sangue Fresco, os vampiros adoptam uma identidade completamente diferente à que foi dada na trilogia Estirpe.
No entanto, e particularizando para Sangue Fresco, o mistério assume um papel relevante em toda a narrativa: até ao final do livro, o leitor desconhece a identidade do responsável pelas inúmeras mortes.

Para quem não está familiarizado com a série, a protagonista é Sookie Stackhouse, uma empregada do bar Merlotte´s e que numa noite, conhece o vampiro Bill. Sookie é especial, tem o dom de ouvir os pensamentos das pessoas, no entanto, não consegue ter a mesma percepção com Bill, o que o torna como uma atracção. 
Estamos num cenário futurista, onde os vampiros são bem aceites na sociedade, alimentando-se de True Blood, uma espécie de sangue sintético afim de evitar os ataques dos vampiros aos humanos, com finalidade de alimentação.
A saga explora a relação de amor entre uma aparentemente humana e um vampiro, sendo que este primeiro volume se debruça nos primórdios da relação e num clima de medo. Há um serial killer à solta, e as provas indicam que estes são levados a cabo por um vampiro.

Denotei muitas semelhanças entre este livro e a primeira temporada da série, pelo que coibiu o factor surpresa na leitura. As diferenças residem sobretudo nas personagens, porque a acção é bastante fiel à série.
Para quem é fã do Lafayette, este tem um mínimo papel quando me apraz dizer que ele traz um certo carisma à série; a Tara nem sequer é contemplada no livro.
À semelhança da série, o vampiro viking Eric, tem um ínfimo papel se tivermos em conta a importância que esta personagem assume no decorrer da série.
Mas acima de tudo, o que globalmente caracterizam as personagens, é de facto como a forma sobrenatural se alia a um realismo, com todas as complexidades que um ser humano é munido. Desde à questão da virgindade aliada à espera de uma relação de sonho ou uma relação meramente platónica, questão subtilmente aprofundadas pelas estranhas personagens vampiras, metamorfas ou outras entidades sobrenaturais que serão desvendadas no decorrer da série.

O primeiro volume de Sangue Fresco é bastante agradável de se ler. A história é interessante e Charlaine Harris combina com mestria, géneros tão diferentes como o suspense, o romance e a fantasia. O humor está presente, grande parte nos comentários de Sookie. No entanto esta Sookie, que imaginei como Anna Paquin naquele sotaque redneck característico de Bon Temps, no livro é mais fria e passiva. Achei-a com uma postura pouco lancinante se tivermos em conta a morte da avó e posteriormente da gata, atitude passiva esta que me desagradou tendo em conta o papel da Anna Paquin e o dramatismo que esta conseguiu dar na série às passagens supra referidas. 
Em suma, teria certamente apreciado melhor o livro se desconhecesse a série. O desfecho, momento clímax da história em que a identidade do homicida é finalmente desvendada, não foi surpreendente como se desejava, uma vez que a série adaptou o mesmo final.
No entanto, reconheço que esta foi uma boa leitura, até porque sou fanática pela série e a primeira temporada foi uma das minhas preferidas. Reúne o mistério que tanto procuro na ficção literária, bem como uma pitada de romance e humor. Este é um livro obrigatório para os fãs do sobrenatural.
Ainda assim, na estante residem os volumes II e III que irei ler em breve, sabendo que estes divergem já da adaptação televisiva, proporcionando certamente, maiores surpresas.