sexta-feira, 31 de maio de 2013

Liza Marklund - Lobo Vermelho [Opinião]


Sinopse: No Norte da Suécia, no pequeno povoado de Luleå, um jornalista é brutalmente assassinado.
Para a repórter do Correio da Tarde de Estocolmo, Annika Bengtzon, não há qualquer dúvida de que o crime está relacionado com a investigação de um ataque a uma base aérea ocorrido nos anos sessenta. Mas esta será apenas a primeira de uma série de mortes acompanhadas de um carta manuscrita aos familiares. Contra ordens explícitas do chefe, Annika decide continuar a investigação por sua própria conta e risco, envolvendo-se numa espiral de violência e terrorismo que tem por trás um grupo de seguidores da filosofia Mao que se autodenomina «As Feras».
Chegará o momento em que a jovem repórter será obrigada a rever as suas prioridades de vida. Mas não será tarde de mais?

Opinião: Tenho que começar a minha opinião por, em primeiro lugar, congratular a Porto Editora por esta publicação!
Já conhecia a autora, através do livro Homicídio no Parque, e por razões que desconheço, nunca teve destaque suficiente a ponto de continuar a sua publicação. Daí que fiquei bastante satisfeita quando tive conhecimento do lançamento deste livro!

Apesar de Lobo Vermelho ser o quinto livro da saga de Annika Bengtzon, não creio que seja factor para negligenciar esta leitura, que se mostrou ser ávida e bastante interessante. Finda a leitura compreendi o porquê: a própria autora refere em nota final, que este provavelmente este terá sido o seu melhor romance.
No entanto, como reverso da medalha, para quem "conhece" Annika, vê um salto na sua vida. Recordo-me que em Homicídio no Parque ela era apenas estagiária, agora ela é jornalista, casada e com dois filhos. É mencionado um episódio com um Bombista o qual terá deixado marcas na protagonista, que terá ocorrido algures entre o segundo e o quarto livro.
Ainda assim saliento que o livro pode ser lido sem nenhum contacto prévio com as obras da autora!

Além de ter um estranho caso de homicídio inicial, que gradualmente se multiplica por vários, esta trama tem um duplo enlace, focando-se com grande profundidade sobre os protagonistas.
Às páginas tantas, confesso que estava tão interessada no deslindar da investigação como do desenvolvimento pessoal de Annika e da sua amiga Anne Snapphane. Porém, e não é que me tenha chateado porque me envolvi completamente nos dramas das amigas, a investigação leva quase alguns interregnos. Isto deve-se ao facto das descrições das vidas pessoais de Annika e Anne serem de facto bastante morosas e extremamente envolventes. Volto a salientar que não me incomodou tal facto, antes pelo contrário, fez com que simpatizasse mais com a personagem principal, uma mulher determinada e muito forte perante as adversidades.
Assim, acabam por ser exploradas as pressões sociais das mulheres que dividem o tempo entre a casa e uma carreira de sucesso bem como os relacionamentos no seio conjugal.

Uma particularidade interessante, diria que recorrente na série de Annika Bengtzon, é a forma como a profissão da protagonista condiciona a investigação. Ora o leitor está habituado que esta seja conduzida por um polícia ou um inspector, situações que não se verificam no presente livro. Annika é jornalista e a investigação acaba por assumir contornos mais amadores. 
Desenganem-se aqueles que buscam avidamente uma resolução do crime tipo CSI. Annika fá-lo praticamente de forma independente através de investigação por conta própria e associação de pistas. O que acaba por remeter para outro ponto positivo da trama, e que infelizmente não se cinge apenas à Suécia, acabando por ser transversal: a forma como a imprensa pode estar conivente com o sistema político, principalmente quando se detecta movimentos fraudulentos do mesmo.

Digno de registo é o maravilhoso cenário de neve tão comum próprio dos países escandinavos, contribuindo para a minha admiração perante tais locais, clarificando uma rotina muito diferente da nossa, com precauções extra para combater aquele frio gélido. Sensações estas que ressaltam, transportando-nos para a Suécia no conforto do nosso lar!

Confesso que fiquei desiludida quando terminei esta leitura. De facto surpreendeu-me a resolução do caso apresentado mas ficaram em aberto alguns aspectos da vida conjugal de Annika ou da situação da amiga. Por ter me ter envolvido tanto na trama, a minha "desilusão" prende-se com o facto de não ter o livro seguinte para ler, apelando à editora que o publique em breve.

Em suma, Lobo Vermelho é um excelente livro, combinando de forma consistente, a sociedade sueca contemporânea com um sórdido caso que assenta em associações terroristas. Adorei e recomendo!


1 comentário:

  1. Acho que devias colocar uma classificação no final da tua opiniao, tipo as "estrelas" do Goodreads :)

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