terça-feira, 27 de agosto de 2013

Jess Michaels - Emoções Proibidas [Opinião]


Sinopse: Durante vários verões Miranda Albright viu - horrorizada, mas vergonhosamente excitada - o seu perverso vizinho Ethan Hamon, o notório conde de Rothschild, "entreter" uma sucessão de amantes nos terrenos da sua propriedade. Agora que o pai dela morreu, deixando para trás uma montanha de dívidas, Miranda deve fazer o impensável. Ethan prometeu apoiar as suas irmãs mais novas, financeira e socialmente, por um preço escandalosamente caso. Miranda deve oferecer-se completamente ao conde durante três meses, sem remorsos e sem restrições.
Noventa dias e noites de sensualidade desenfreada esperam-na nos braços de um galã que vê a sua submissão como nada mais do que um grande jogo erótico. Porém, nem Miranda nem Ethan percebem que fogo arde por detrás de um rubor inocente. E assim que a paixão é desencadeada pelos lábios e pelo toque de Ethan, é a aluna que vai ensinar ao professor os caminhos do prazer proibido... e do amor.

Opinião: Já conhecia a autora Jess Michaels através do seu livro Tabu, que está num dos melhores que li dentro do género. Gosto particularmente do facto da autora embeber a acção num riquíssimo cenário histórico onde transpareça as ligações, na sua maioria, por interesse, e uma contenção nos sentimentos luxuriosos. Este facto está constantemente presente nas personagens, retratado especialmente na mãe, Dorthea e na irmã, Penelope que relativizam o sentimento em prole de um casamento abastado.
A protagonista afasta-se deste estereótipo e procura uma relação apaixonante, daí ter recusado diversas oportunidades de casamento.

Emoções Proibidas é o primeiro de uma saga, a das irmãs Albright, por isso ainda bem que não li Força do Desejo, que sendo o terceiro, vou aguardar pelo livro seguinte, torcendo para que seja breve a sua publicação.

Apesar da história estar dentro dos mesmos moldes dos livros de Cheryl Holt, não me canso ler estas histórias que têm tanto de amor como de cenas sensuais. Acho que este livro se destaca dos demais em voga romances eróticos precisamente por ter alguma história, não se cingindo às cenas sexuais explícitas. E como já me expressei anteriormente, os romances sensuais com cenário histórico são os meus preferidos. Embora com uma história altamente ficcionada, penso que, mais uma vez, o contexto social está bem recriado e convidativo a uma viagem no tempo a Inglaterra do século XIX.

Gostei da personagem feminina Miranda que, acidentalmente voyeur, assistiu às sessões de sexo de Ethan Hamon e as suas parceiras. Um comportamento que aumentou a libido da jovem, transgredindo os conceitos sociais da época que reprimiam as mulheres do prazer carnal.
Com um estatuto mais submisso, as mulheres acabam por ser estereotipadas e têm como objectivo comum, o arranjo de um casamento nas temporadas. Por intermédio de bailes e banquetes, a melhor combinação seria o marido abastado em troca de uma rapariga com um bom dote.
Claro que a protagonista teria que sobressair destes padrões sociais femininos. Miranda começou por rejeitar uma série de candidatos a marido e apela ao conde Ethan o apadrinhamento da temporada de forma a que as irmãs consigam um casamento abastado num acto de coragem e dedicação à família.
A interacção familiar pode gerar algumas discórdias e a amizade entre as irmãs Miranda e Penelope e, às páginas tantas, esta relação acaba por ser abalada. Fico a pensar se o próximo livro da saga Albright Sisters não terá como protagonista a irmã confidente de Miranda.

Em relação ao protagonista masculino, Ethan, acaba por estar dentro do estereótipo destes romance, ora vejamos: inicialmente é um homem convencido que não se deixa embeiçar por mulheres, preferindo sempre os contactos sexuais fortuitos. Evidentemente que acaba por se apaixonar pela protagonista feminina.
Ainda em relação às personagens, gostei que Cassandra Willows, a protagonista de Tabu, tivesse um fugaz papel no presente livro, não fosse ela a

Em suma, Emoções Proibidas foi uma leitura sensual, romântica e até algo divertida, adequada para estes dias quentes de Verão.

Para mais informações sobre o livro Emoções Proibidas, clique aqui.


Dennis Lehane - Mystic River [Divulgação Editorial Sextante]


Data de Publicação: 30 Agosto 2013

Título Original: Mystic River
              Tradução: Mário Dias Correia
              Colecção: Sextante TOP
Páginas: 465
              Preço com IVA: 17,70€ 
              ISBN: 9789720071835  


Mystic River foi adaptado ao grande ecrã por Clint Eastwood, num filme muito bem recebido pelo público e pela crítica e protagonizado por Sean Penn, que com ele recebeu o Óscar para melhor ator.

O reencontro de três amigos marcados por um episódio traumático na sua infância é o ponto central da trama envolvente de Mystic River, um livro que catapultou Dennis Lehane para a categoria de um dos melhores escritores americanos da atualidade, tornando-se também um autor best-seller da lista do The New York Times.

Sinopse: Sean Devine, Jimmy Marcus e Dave Boyle são três amigos de infância. Um dia, um estranho carro parou na rua onde brincavam. Dave é levado pelos homens do carro, os outros ficam no passeio e algo de terrível vai acontecer que acabará com a amizade dos três e mudará as suas vidas para sempre. Vinte e cinco anos mais tarde, Sean é detetive de homicídios, Jimmy é um ex-presidiário dono de uma loja e Dave está a tentar controlar os seus demónios. Quando a filha mais velha de Jimmy aparece assassinada, Sean é um dos detetives encarregados do caso. Mystic River é um thriller psicológico excecional que serviu de base ao notável filme homónimo de Clint Eastwood.

Imprensa:
«Não percam Mystic River, de Dennis Lehane. Se ele sabe escrever!»
Elmore Leonard

«Não há melhor razão que Mystic River para ficar em casa com um bom livro… Este é incrível: cheio de alma, estratosférico, cheio de suspense e movido pelas mais profundas emoções.»
The New York Times

«A maneira como esta história se desenrola e envolve os nossos mais profundos medos agarra-nos por dentro… A capacidade para criar retratos cristalinos de humanidade e colocá-los depois no lado negro da vida é uma das bênçãos de um escritor.»
USA Today

Do autor, anteriormente publicado nesta colecção:













domingo, 25 de agosto de 2013

Laura Lippman - Só os Mortos Sabem [Opinião]


Sinopse: Trinta anos atrás, duas irmãs desapareceram de um centro comercial. Os seus corpos nunca foram encontrados.
Agora uma mulher manifestamente desorientada, envolvida num acidente de viação em hora de ponta, afirma ser a mais nova das irmãs Bethany há muito tempo desaparecidas. Mas a sua admissão involuntária e subsequente esforço para alienar os investigadores adensam ainda mais o mistério. Onde esteve ela todo este tempo? Porque esperou tanto para reaparecer? Poderá o seu raptor ser um estimado polícia de Baltimore? Não existem quaisquer provas que validem a sua história e cada pista que fornece à polícia parece conduzir a mais um beco sem saída - um moribundo incoerente, uma casa arrasada, uma campa inexistente e uma família há muito desfeita, destroçada não so pelo crime mas também pelas fissuras reveladas pela tragédia num lar aparentemente perfeito. 
Numa história que recua e avança por várias décadas, somente uma pessoa ousa mostrar-se céptica em relação à mulher que pretende reivindicar a identidade de uma das irmãs Bethany sem, no entanto, revelar o destino da outra. Será ela capaz de descobrir a verdade?

Opinião: Sempre que leio um livro da colecção Nocturnos da Gótica, fico revoltada com o facto da editora não existir actualmente. Por norma, os livro da colecção são policiais bastante bons e este não foi excepção.

Embora tenha que confessar que Só os Mortos Sabem não foi um livro que me arrebatasse por completo, reconheço que é uma boa história. A altura em que o li não foi a mais conveniente: o trabalho era muito e mal me conseguia concentrar na leitura devido ao cansaço. Atribuo a este factor, o não ter apreciado tanto este livro como queria, por isso este será um livro a reler, daqui a uns tempos.

O que cativa no livro, logo nas primeiras páginas, é a forma como a mulher envolvida no acidente de carro assume ser uma das irmãs Bethany, uma revelação bizarra uma vez que Sunny e Heather Bethany estão desaparecidas à vinte e cinco anos. A mulher sabe muito acerca de Heather, o que corrobora as suas declarações sobre a sua identidade. No entanto, e simultâneamente, há algo que faz com que o leitor desconfie desta personagem.

Só os Mortos Sabem começa assim na actualidade, aquando o acidente, e retrocede aos anos 70, acompanhando um pouco da rotina das meninas e a sua dinâmica familiar, relatando o pré e pós desaparecimento de Heather e Sunny. A autora recorre a contínuos flashbacks, numa estrutura que resulta muito bem particularmente neste caso, uma vez que Lippman dispensa as informações com alguma moderação, mantendo constante o nível de suspense. Fiquei bastante intrigada durante toda a trama pois apesar da consistência das alegações de Heather, conjugando com os factos que passaram na sua infância, algo não estava certo.
A estrutura acaba por fugir ao convencional, uma vez que não se cinge a um narrador, sendo contada a partir de múltiplos pontos de vista que alternam entre a mulher misteriosa, os pais das irmãs, a assistente social Kay e o polícia Infante. Desta forma, o leitor percepciona diferentes considerações das demais personagens, ponto importante para acentuar o efeito de mistério.

Daí que a protagonista, a suposta ou verdadeira Heather, mantém uma certa empatia quase proporcional à desconfiança para com o leitor. Denote-se que as personagens estão, em geral, bem conseguidas, com particular destaque para Miriam e Dave, os pais, que conseguiram transmitir a dor da perda das filhas à medida que os vários segredos que assombram a sua relação vão sendo progressivamente revelados, mostrando todo uma rede de complexidades que poderá existir num casamento. E sob este prisma, são várias as reviravoltas que acabam por ser tão surpreendentes quanto a explicação do motivo de desaparecimento das irmãs.

A história é de facto interessante mas houve aspectos que gostaria de ter visto mais aprofundados. Certos pormenores, os quais não vou citar para não desvendar pitada da história, não me convenceram por completo.

Intrigante e comovente, Só os Mortos Sabem é um livro que, estando actualmente esgotado vale a pena o esforço para se encontrar!

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Rebecca Johns - A Condessa [Opinião]


Sinopse: A bela condessa Erzsébet Bathory nasceu num berço de ouro da aristocracia húngara. Nada faria prever que acabaria os seus dias encarcerada na torre do seu próprio castelo. O seu crime: os macabros assassínios de dezenas de criadas, na sua maioria jovens raparigas torturadas até à morte por desagradarem à sua impiedosa senhora.
Pouco antes de ser isolada para sempre, Erzsébet conta a apaixonante história da sua vida. Ela foi capaz dos mais cruéis actos de tortura mas também do mais apaixonado e intenso amor. Foi mãe, amante, companheira... uma mulher que teve o mundo a seus pés e se transformou num monstro. Os seus opositores retrataram-na como uma bruxa sanguinária, um retrato que fez dela a mulher mais odiada da História, Erzsébet inspirou Drácula, inscreveu-se na literatura clássica e contemporânea, deu azo a filmes, séries de TV e até jogos de computador.

Opinião: Em jeito da 35ª maratona, em que o objectivo da minha equipa era a leitura de um romance histórico, lembrei-me que tinha este na estante. Um género a que estou alheada embora a aquisição do livro tivesse a ver com a vida de uma personalidade que acho no mínimo assombrosa e que merece algum destaque aqui no blogue dos policiais. Falo de Erzsébet Bathory, conhecida como a condessa sanguinária.

Realço que sou imberbe no género e como tal desconheço se a estrutura é muito própria do romance histórico mas acho que o livro peca pelo reduzido número de diálogos. No entanto, pode dever-se ao facto da estrutura do livro ser em forma de carta, escrita pela própria Erzsébet ao filho Pál com a particularidade de se iniciar precisamente pelos últimos dias de vida da condessa. Por meio de analepses, Erzsébet relata como terá sido a sua vida.

Assim, é expectável que toda a narrativa desdramatize os actos vis que Bathory terá cometido e que estão algures entre torturas inimagináveis às criadas, culminando até em homicídios. Porém, o livro dá a entender que estes terão sido, maioritariamente, levados a cabo por Dorka e Darvulia, o que contrariam provas históricas. Desvalorizando os conhecidos requintes de sadismo, Erzsébet Bathory foi responsável por ceifar centenas de vidas.
Efectivamente esta trama estando escrita em detrimento da mesma, acho que apela aos sentimentos de compaixão por parte do leitor, conferindo-lhe um lado mais humano.

Sendo esta personalidade conhecida pelos tenebrosos actos, um dos quais o afamado banho de sangue (reza a lenda que a condessa Bathory se banhava em sangue de raparigas virgens numa tentativa de atrasar o processo de envelhecimento), esperava uma série de descrições macabras. Eis que a autora refere-se a episódios pontuais, atribuindo o assassínio das raparigas à serventia leal da condessa.
Penso que a intenção de Rebecca Johns seria traçar um perfil que desvaloriza as atitudes 
Mais do que isso, A Condessa retrata a sociedade húngara do século XVI, que se adaptava às consequências da ocupação do Império Otomano: as guerras eram recorrentes pelo que as mulheres viam partir os seus maridos para a guerra sem garantia que voltassem; o povo vivia miseravelmente e tinha que servir as classes mais endinheiradas. Pelo que entendi e lembrando-me das palavras de Erzsébet, "quando as criadas não fazem um bom trabalho, há que puni-las", os espancamentos eram constantes nesta estranha relação entre servo/senhor feudal.

Já conhecia um pouco da vida da condessa pois vi, relativamente à pouco tempo, o filme protagonizado por Julie Delpy, intitulado A Condessa. Se não conhecem, deixo o link do IMDB aqui. Recomendo também o visionamento do filme que acaba por mostrar o lado mais negro desta senhora.

Em suma, não desacreditando a autora, penso que a trama teria um outro impacto se Rebecca Johns tivesse contemplado os episódios pelos quais a Condessa é conhecida actualmente. Embora existam, de facto, descrições de algumas torturas por parte de Bathory, confesso que esperava contornos mais maquiavélicos na trama, fazendo jus ao que esta personalidade é conhecida actualmente. Não obstante, não deixa de ser uma leitura interessante, especialmente pelos curiosos desta personalidade tão imponente na História.


segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Pedro Garcia Rosado - Morte na Arena [Divulgação Editorial TopSeller]


Data de Publicação: 29 Agosto 2013

Colecção: As investigações de Gabriel Ponte - Vol.2
Páginas: 352
              Preço com IVA: 16,49€ 
              ISBN: 9789898626189 

Sinopse: Quatro homens aparecem mortos num prédio devoluto, ao lado de um braço decepado que não pertence a nenhum deles. Com o passar dos dias começam a surgir outros membros humanos espalhados por Lisboa, até ser evidente que são partes do corpo de uma jovem de dezasseis anos, filha de um dirigente político, que foi assassinada e que estava desaparecida havia meses.
As investigações destes casos estão a cargo da inspetora-coordenadora da  PJ, Patrícia Ponte, ex-mulher de Gabriel Ponte, que enfrenta agora obstáculos dentro da própria PJ, além da pressão do ex-marido, que quer informações sobre o caso, e da jornalista Filomena Coutinho, que foi a causa da separação deles.
Os três acabam por descobrir um inferno escondido nos túneis subterrâneos de Lisboa: uma arena onde especialistas em combate corpo a corpo massacram homens e mulheres, numa imitação dos combates de gladiadores da Roma Antiga.

Anteriormente publicado nesta colecção:

Opinião AQUI












sábado, 17 de agosto de 2013

Donna Leon - A Rapariga dos Seus Sonhos [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Eu bem que tentei ler a saga por ordem mas foi mais forte do que eu. Sim, li Morte no Teatro La Fenice, Morte Num País Estranho e agora este... o décimo sétimo. Volto a defender-me, não resisti à capa, que é lindíssima, apelando à sinopse.

Quem é fã da saga sabe que um elemento fascinante é a forma como a autora descreve a cidade de Veneza. Já o tinha mencionado nas opiniões anteriores e não me vou alargar sobre o que me cativa nos romances de Donna Leon. Ainda para mais, o comissário Guido Brunetti destaca-se dos protagonistas do género, que geralmente são homens atormentados, tendo uma dinâmica familiar bastante feliz. 
São adoráveis as cenas em família e Leon transmite a paixão dos mediterrânicos na refeição como um momento em família, daí que a autora acaba por enfatizar gastronomia italiana, uma das melhores a nível mundial.

Por isso, continuei a simpatizar com Paola, a esposa de Guido, compreensiva e dedicada, tendo sentido o mesmo em relação aos filhos Raffi e Chiara. No entanto, e tendo em conta que Guido conversava muito com Paola sobre os casos que tinha em mão, a esposa pouco fala da sua perspectiva no presente caso. Outro aspecto que achei: para quem saltou quinze livros da saga, achei que os filhos não cresceram. Continuam os adolescentes afáveis que conheci nos dois primeiros livros.
No entanto, e em comparação com os únicos dois livros, achei que esta componente mais pessoal do Brunetti está mais reduzida. 

Confesso que, nas primeiras noventa páginas, o livro não me cativou. O enredo focou-se num único evento, que nem é mencionado na sinopse e cujo desfecho fica em aberto, certamente encerrado num volume posterior. Falo do possível caso de extorsão de dinheiro por parte de Leonardo Mutti, um alegado líder de uma seita ligada à religião. Inevitavelmente, é esta a temática de pano de fundo que se estende por toda a trama. Denote-se que o inicio do livro é uma cerimónia fúnebre, coincidindo com o final com o mesmo evento.

A partir do momento em que o cadáver é descoberto, a trama assume uma outra perspectiva. Donna Leon vitima uma criança de etnia cigana. Num local tão lindo como certamente é a paisagem dos canais venezianos, a existência deste elemento perturbador, o cadáver que flutua nas águas calmas.
E os pormenores que são revelados na autópsia são no mínimo aterradores. Já me expressei sobre o quanto me deixam chocada as tramas que recaem em homicídios infantis. E embora tenha uma amostra pouco representativa de comparação ao ter lido apenas dois livros da autora, penso que ela foi mais longe com o presente livro. Não esperava, de todo, que na autópsia viesse a confirmar que a menina tivesse uma experiência de vida tão dura, face à sua tenra idade.

Afinal de contas, a Itália tem os mesmos preconceitos a nível social, debatendo a dúvida da desconfiança que as minorias étnicas representam. Não deixando, portanto, de ser uma abordagem interessante, não só pela interacção dos venezianos para com os ciganos, como a relação em comunidade: o desleixo na educação e nos cuidados de saúde e, em particular neste caso, a vivência em acampamentos (um costume que penso estar já ultrapassado). Não obstante, acredito que muitos dos factos até estão bastante fiéis à realidade.

Em suma, A Rapariga dos Seus Sonhos é um livro que mexe com o leitor, e quero realçar sobretudo na investigação da morte da criança. Ninguém fica indiferente a algo tão terrível como o infanticídio.
Peca apenas pela extensão do caso Leonardo Mutti, como referi anteriormente pois de resto, gostei bastante do caso que Brunetti resolve, do entrosamento do caso com a rotina da comunidade cigana e dos sórdidos pormenores por trás de um cadáver de uma criança. 

Para mais informações sobre o livro A Rapariga dos Seus Sonhos, clique aqui.


quarta-feira, 7 de agosto de 2013

James Patterson - Alex Cross: Perigo Duplo [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Mais um livro lido de James Patterson e posso afirmar sem dúvidas, que a minha saga preferida do autor é precisamente esta, protagonizada por Alex Cross.
Adorei este livro! Devo confessar que ainda mais do que o primeiro, Alex Cross. Em Perigo Duplo, estamos perante um psicopata doentio e os contornos revelam-se mais mórbidos pela sucessão de homicídios direccionados às celebridades. E como qualquer artista actua perante um publico, sem qualquer encenação e como se uma peça de teatro se tratasse, este homicida ceifa inúmeras vidas com os olhos postos nele. Este é apenas um dos problemas que Alex Cross tem nos braços. Claramente que o dito Assassino Publico é um vilão com muita astúcia e dado o seu gosto pela exposição mediática, recorre ao disfarce e camuflagem, dificultando a sua identificação.

Uma outra situação complicada é a saída de Kyle Craig da prisão. Sem que o autor desenvolva o porquê do ódio deste vilão (pelo menos neste livro que constatei ser o 13º da série e desconhecendo se terá sido mencionado num outro livro anterior), há assumidamente um plano de vingança para com Alex Cross. Craig é também conhecido por "O Crânio" e denota ser um vilão extremamente inteligente. Apesar de estar explícito na sinopse, a sua fuga da prisão de alto risco não deixa de ser algo incrível.

Perigo Duplo é assim a história em que Alex Cross enfrenta dois vilões ao contrário do livro anterior. Bree Stone, a detective com quem Cross assume uma relação, torna-se um alvo. Apesar das intimidações dirigidas à família de Cross (e não esqueçamos que ele vive com a avó e os três filhos), creio que esta não tem um papel de destaque, comparativamente ao livro anterior.

Um ritmo frenético que se desenvolve em curtos capítulos levaram a que lesse este livro praticamente numa tarde! E finda a leitura, podem crer que leria o próximo volume se estivesse publicado.
Não posso deixar de recomendar Perigo Duplo, uma história envolvente com muita acção, debruçando-se sobre crimes perversos levados a cabo por antagonistas inteligentes. Em suma, um livro espectacular!

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Eric Giacometti & Jacques Ravenne - O Irmão de Sangue [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Sequela de O Ritual da Sombra, O Irmão de Sangue apesar de ter uma história independente, deverá ser lido após a obra de estreia para se apreciar devidamente. O protagonista continua a ser o mação Antoine Marcas e todo o seu background está precisamente em O Ritual da Sombra.
A maçonaria é precisamente o elemento chave das novelas destes autores, que abordam a organização sem qualquer tabus. Não é à toa que Marcas assume que é mação perante a comunidade que o rodeia. Em comum nos dois livros, em adição à temática, está a acção e o suspense, ingredientes que tornaram ávida esta leitura.

Gostei particularmente da estrutura do livro, dividido em três partes, em que, inicialmente, alternam duas narrativas aparentemente independentes. Ora os capítulos intercalam entre a acção em 1355 e a que ocorre actualmente, permitindo que o leitor acompanhe simultaneamente as duas narrativas.
Os autores delineiam os espaços temporais, chamando eu à atenção o cuidado na caracterização da acção em 1355, descrevendo o bairro de Paris naquele ambiente tão tipicamente medieval e atendendo à pormenorização da linguagem formal, traduzindo-se no tratamento pela segunda pessoa do plural. Em antítese, é notável a forma contemporânea do ambiente/linguagem a que os autores descrevem a acção actual, como se de duas tramas independentes se tratassem.

Assim, a narrativa correspondente ao período medieval incide sobre a personalidade Nicolas Flamel, um copista associado à pedra filosofal. Curiosa como sou, não pude deixar de ler o artigo da wikipedia de Flamel, tendo constatado que a narrativa em que participa tem algum fundo de verdade.
E claro, na trama actual, o fascinante é sem dúvida o facto dos autores desmistificarem os aspectos da Maçonaria, como os ritos e a simbologia que influenciam o carácter dos elementos pertencentes à ordem. Penso que se a Maçonaria tem alguma conotação negativa, a mesma se dissipa nas obras de Giacometti e Ravenne, pela forma como os autores abordam, ora não fosse um dos autores também mação.

Não que eu seja grande fã deste tipo de histórias, mas aprecio esta parelha de autores pelo tom extremamente inteligente que é conferido aos seus livros. Reunindo elementos do simbolismo mação, tanto O Irmão de Sangue como O Ritual da Sombra afiguram-se histórias bastante intrigantes. 
Fará, sem sombra de dúvida, as delícias principalmente para os fãs de Dan Brown.

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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Stephen King - Carrie [Opinião]


Sinopse: Carrie era a ave rara da escola, aquela que era trapalhona nos jogos, a que a roupa nunca assentava bem, que nunca percebia uma anedota.
E por isso tornou-se o alvo da chacota e da crueldade dos outros adolescentes, que a confundiam e magoavam ao mesmo tempo. O único consolo, embora escasso, era o seu jogo secreto, mas como tantas outras coisas na vida de Carrie, era pecaminoso Ou pelo menos era o que a mãe afirmava Carrie conseguia fazer mexer os objectos - concentrando-se neles, desejando que se movessem. Pequenas coisas, como berlindes, que começavam a dançar. Ou caía uma vela. Fechava-se uma porta. Este era o seu jogo, o seu poder, o seu pecado, firmemente reprimido como tudo o resto na sua vida. Um acto de ternura, tão espontâneo como as piadas maldosas dos colegas de turma, permitiu que Carrie olhasse para si própria de maneira diferente na noite fatídica do baile de finalistas. Mas outro acto - de uma crueldade feroz - mudou para sempre o rumo das coisas e transformou o seu jogo clandestino numa arma de terror e destruição. Ela faz cair uma vela acesa e trancou as portas...

Opinião: Quem não conhece o afamado filme Carrie, protagonizado por Sissi Spacek, realizado por Brian De Palma em 1976? Este foi adaptado do primeiro livro escrito por Stephen King, aquele que viria a ser, mais tarde, considerado como o mestre do terror. A título do desafio temático de Julho, a leitura de um livro cujo título tenha o nome próprio de uma personagem, não poderia ter elegido melhor do que Carrie.

Não esqueçamos que Carrie foi a primeira obra escrita por King e ainda assim, é notório o talento que o autor deixa transparecer. Aliando a história original com contornos que o deixarão preso à sua leitura com o facto do reduzido número de páginas, é uma obra de rápida leitura.
A estrutura do livro, diferente do habitual, contempla excertos de artigos científicos e notícias que, embora fictícias, ajuda a recriar um ambiente verossímil da trama. Carrie White foi educada num ambiente religiosamente sufocante com a sua mãe, o que indirectamente atribui uma perspectiva opressiva no desenvolvimento das relações com outrém. Assim, Carrie foi educada no seio da mais pura ignorância, desconhecendo factos tão naturais para as mulheres como a menstruação. Este comportamento desencadeou desde cedo uma quase fobia social, visto que a comunidade encara Carrie como uma estranha.

Há uma série de temas que King aborda no desenvolvimento da presente obra: o bullying, o fanatismo religioso e um outro mais controverso, o da telecinética. Seja o leitor céptico ou não, King desmistifica a telecinética, com base em alguns artigos, sendo esta a capacidade de mover objectos com a força psíquica. Carrie é detentora deste estranho dom que será determinante para que a jovem leve a cabo uma vingança.

Carrie é sem dúvida um grande conto de terror, complementado com a grande tragicidade que antevemos página após página. Confesso que já conhecia a história afinal de contas, Carrie marcou a história do cinema de terror, no entanto e como já tive oportunidade de me expressar, prefiro sempre a literatura às adaptações televisivas. Notei que, mesmo sendo um filme fiel, há pormenores no livro que são explicados de forma mais completa, como o testemunho da vizinha de Carrie que deixa antever que a infância da jovem terá desenvolvido nestes moldes tão pouco usuais.

Pela abordagem dos temas que frisei há pouco, juntamente com o terror e o dramatismo que poderosamente deixam transparecer durante toda a trama, Carrie foi decididamente um livro de que gostei muito!
Curiosamente, neste outono estreia uma nova adaptação do livro em cinema. Caso se sintam curiosos, deixo-vos o link do trailer:




quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Domingo Villar - A Praia dos Afogados [Opinião]


Sinopse: Uma manhã, o cadáver de um marinheiro é arrastado pela maré até à beira-mar de uma praia galega. Se não tivesse as mãos amarradas, Justo Castelo seria outro dos filhos do mar a encontrar a sua sepultura entre as águas, durante a faina. 
Sem testemunhas nem rasto da embarcação do falecido, o inspetor Leo Caldas mergulha no ambiente marinheiro da povoação, tentando esclarecer o crime entre homens e mulheres renitentes em revelar as suas suspeitas, mas que, quando decidem falar, indicam uma direção demasiado insólita.

Opinião: Na aldeia Panxón, na Galiza, em que a actividade piscatória é o ganha pão dos locais, o cadáver de Justo Castelo dá à costa. Os locais, gente de origem humilde, consideram que o pescador terá cometido suicídio, no entanto, as provas forenses indicam que terá sido um homicídio.
Esta é a premissa de um livro que equilibra a investigação criminal com o desvendar de segredos dos populares. Estes conferem, como seria de esperar, algumas reviravoltas ao longo de uma trilha repleta de falsas pistas. Por isso dá a sensação que, sem perder o interesse do leitor, nos primeiros dois terços do livro a investigação aparentemente não avança. 

O aspecto que mais me cativou no livro foi sem dúvida, o cenário onde tem acção esta trama policial. O autor descreve pormenorizadamente as belas paisagens costeiras galegas e a rotina dos pescadores que habitam na região. Durante muitos anos passei férias em Olhão no Algarve e não pude deixar de estabelecer um paralelismo entre os habitantes de Panxón com o povo olhanense devido aos hábitos e à rotina de quem vive do mar.
Nunca pensei que um crime nestas circunstâncias fosse credível pois nunca consideraria os humildes pescadores como assassinos mas finda a leitura, não pude deixar considerar que este ambiente, tão melancólico, fosse propício a um caso criminal deste calibre. 

Sendo o primeiro contacto que tenho com o autor Domingo Villar, devo dizer que o caso está inteligentemente arquitectado e a escrita é bastante fluída. Gostei da estrutura original da trama onde cada capítulo é antecedido por uma definição das que consta no dicionário.
O autor não se alarga em pormenores de natureza violenta, restringindo-se apenas aos procedimentos standard na morgue. 

Este é o segundo livro escrito por Domingo Villar, e embora não tenha lido Ojos de Água, também protagonizado por Leo Caldas, não me senti perdida de todo. Neste romance policial é dada pouca ênfase à vida pessoal de Caldas, se for a comparar com a generalidade dos livros policiais que li recentemente, abordando a sua relação com o pai, o tio Alberto, a mulher que o deixou Alba e acima de tudo, com o assistente Rafael Estevez. Villar reveste a personagem principal de algum humor, não só nas passagens ocorridas no hospital, num tom mais agridoce como nas observações ao sempre cúmplice Rafa e as idas à rádio local em Vigo, numa tentativa de melhorar o relacionamento com a comunidade. 

A Praia dos Afogados é o terceiro livro da colecção Sextante Top que tinha elevado a fasquia das tramas policiais de qualidade com os livros Alex de Pierre Lemaître e Sindrome E de Franck Thilliez. Na linha dos bons policiais europeus, junta-se este A Praia dos Afogados, esperando eu que seja o primeiro de mais publicações do autor Domingo Villar.

Para mais informações sobre o livro A Praia dos Afogados, clique aqui.


Mark Mills - Sombras Passadas [Divulgação Editorial Civilização Editora]


Data de Publicação: 5 Agosto 2013

Título Original: House of the Hunted
Páginas: 336
              Preço com IVA: 15,90€ 
              ISBN: 9789722634885 

Sinopse: França, 1935. Nos confins da Riviera fica Le Rayol, um refúgio para artistas, expatriados e refugiados. Aqui, longe dos rumores de um continente prestes a entrar em guerra, Tom Nash reconstruiu a sua vida após uma tumultuosa carreira nos Serviços Secretos.
Mas o seu passado não parece querer abandoná-lo. Quando um intruso tenta assassiná-lo durante a noite, Tom sabe que é apenas uma questão de tempo até tentarem de novo.
Todos os seus entes mais queridos estão reunidos em Le Rayol para passar o verão, incluindo Lucy, a sua adorada afilhada. A custo, Tom começa a acreditar que um deles o terá traído. Para sobreviver, Tom tem de eliminar o seu inimigo. Mas a que preço - para si e para aqueles que ama?

Imprensa:
«Mais uma vez, Mills apresenta um mistério convincente e bem escrito, que cumpre todos os requisitos do suspense.»
Daily Mail

«Um novo romance hipnotizante… a melhor obra da sua já consagrada carreira.»
Independent

«Mark Mills escreve muito bem […] muito agradável de ler.»
Literary Review