sábado, 21 de junho de 2014

Justin Cronin - A Passagem Vol.1 [Opinião]


Sinopse: A Passagem é o primeiro livro de uma grandiosa epopeia pós-apocalíptica. Uma experiência científica a que o exército dos Estados Unidos submete vários homens e uma menina, para os tornar invencíveis, resulta numa catástrofe cujos efeitos têm consequências inimagináveis. Os homens submetidos àquela experiência tornam-se detentores de extraordinários poderes, mas são monstros assassinos sedentos de sangue. Neste primeiro volume do livro acompanhamos a sangrenta destruição que se segue à invasão dos mutantes, bem como a penosa reorganização dos sobreviventes em pequenas comunidades precárias, onde a gestão dos escassos recursos é uma prioridade. Neste cenário de devastação instala-se uma dinâmica que vai modificando as personagens e as relações que se estabelecem entre elas.

Opinião: Talvez deva começar por explicar que a compra deste livro foi completamente inesperada. Já ouvira testemunhos sobre quão forte é esta obra e numa ocasião em que me esqueci completamente do meu livro em casa (e eu não passo uma viagem para o trabalho sem a fiel companhia da leitura), decidi adquirir A Passagem. A sinopse deixa antever que a presente história se debruça sobre vampiros após uma manipulação de um vírus. Pessoalmente esta abordagem sobre estes seres é a que mais gosto (já tive oportunidade de ler A Estirpe de Guillermo del Toro e Chuck Hogan, cujos moldes se assemelham ao presente livro e foi das obras com vampiros que mais gostei). Pois na minha opinião, estes são seres maléficos e sedentos de sangue que não se coíbem de ceifar vidas humanas para se alimentarem. 

A estrutura do livro é muito dinâmica: ora alterna entre a narrativa propriamente dita ora entre os planos de contingência do Estado Americano ou registos do diário de uma testemunha do apocalipse. A meu ver, estas duas últimas formas conferem um efeito de realismo bastante acentuado à trama. Apesar de estar dividido em cinco partes, há claramente dois momentos distintos na narrativa: as circunstâncias actuais que antecedem e originam o apocalípse e o período que sucede este acontecimento, mostrando uma sociedade que se rege essencialmente através do instinto de sobrevivência. Aponto que este factor é para mim, o mais cativante no género distópico. Cada autor tem uma leitura diferente sobre o apocalipse e o modo como se organiza a sociedade difere de acordo com as circunstâncias instigadas pelo fenómeno.

As primeiras páginas prenderam-me imediatamente à narrativa pois apesar de toda uma descrição sobre as personagens há um certo clima tenso. Ao longo da leitura tive a sensação de que "algo muito errado vai acontecer". Além disso, fiquei muito sensibilizada com a história da menina, Amy, que tão nova e passou por provações tão complicadas. As personagens são descritas com grande profundidade e todas elas munidas de dramas pessoais, independentemente do papel que estas desempenham na trama.
Adorei a pequena Amy, pelo que já explanei anteriormente embora não tenha ficado indiferente à personagem de Brad Wolgast e ao aparente "vilão" Anthony Carter. Identifiquei-me com estas personagens e mexeram comigo por apresentarem histórias de vida tão atribuladas. Reconheço que inicialmente estava impaciente, queria apenas ler sobre o apocalipse quando fui absorvida por estas personagens espectaculares. Dava por mim a interessar-me cada vez por elas, sabendo que uma catástrofe seria iminente. 
Posteriormente, numa fase mais avançada do livro, são desenvolvidas outras personagens nos mesmos moldes. Não senti grande empatia com estas, confesso, ainda que reconheça características interessantes devidas ao árduo ambiente onde vivem. Talvez tenha tido esta percepção pois ligara-me muito à personagem de Brad e sinceramente senti a sua falta. Afinal de contas, a relação que este desenvolvera com a menina foi tão forte e repleta de ternura, brotando os instintos mais bonitos que o ser humano pode revelar. E a meu ver, uma verdadeira antítese pois um cenário pós apocalíptico não oferece margem para tais sentimentos. 
Já para não falar de Amy, embora esta acabe por ser a força motriz, participando na totalidade do livro.

O mundo criado por Cronin não difere muito do cenário que conhecia de The Walking Dead, diferindo apenas nos seres, que neste caso são os virais, um termo usado para as criaturas sedentas de sangue. Embora Cronin tenha intensificado o efeito paranormal através da personagem Amy que participa em toda a narrativa ainda que futurista, ocorrendo uma centena de anos após o apocalipse.
A Passagem é um livro muito gráfico e o autor não se poupa nos pormenores dos ataques dos vampiros que são verdadeiramente impressionantes.

Fica a curiosidade: em livro algum vi a expressão de admiração "Fisga-se". Até ler o presente livro. E como os momentos de surpresa em A Pssagem surgem em catadupa, vi esta expressão inúmeras vezes. Este livro poderá muito bem dirigir-se para um público mais jovem, desadequando-se assim o uso de uma linguagem escatológica, daí que compreendo ser-se usado este invulgar termo.
Aponto como defeito o facto deste livro ter sido dividido em dois. Os livros publicados pela Editorial Presença encontram-se em papel reciclado e são leves, pelo que não me importaria de andar sempre com o livro mesmo que este tivesse mais umas quantas páginas.
Felizmente na Hora H da Feira do Livro de Lisboa comprei o segundo volume a um preço bastante simpático, o qual tenciono ler o mais breve possível.

A Passagem é um excelente distopia com nuances de terror que me manteve em suspense no decorrer da sua leitura. Visto que a escrita do terceiro livro da trilogia ainda está em curso, o primeiro volume da Passagem será decididamente um livro que mais tarde irei reler (embora sinta que o poder da história foi tal, que a tornou inesquecível) a fim de saborear conveniente a trilogia num só trago. Gostei mesmo muito!

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1 comentário:

  1. ADORO!!! Adoro a opinião e adoro que tenhas gostado tanto do livro!!! Fico mesmo feliz!
    Gosto quando mencionas que o Carter é um "aparente" vilão... lá para a frente vais entender porquê! Acho que vais adorar a 2ª parte da passagem!

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