sábado, 18 de outubro de 2014

Peter Lovesey - Um Caso de Espíritos [Opinião]

Sinopse: AQUI

Opinião: A colecção Crime à Hora do Chá da ASA tem-me apresentado autores clássicos de policiais que desconhecia por completo. Associava o policial clássico à afamada Agatha Christie e por intermédio desta colecção, tenho constatado que há uma imensidão de autores, que dentro do género, proporcionam uma boa história. Peter Lovesey é um deles.

Em Um Caso de Espíritos, o cerne da história assenta na vida de um médium e nas suas práticas em casas particulares. Constatei que na época vitoriana, alguma elite intelectual ligada ao romantismo preenchia os seu muito tempo de ócio dedicando-se a conhecer melhor as ciências ocultas e, por conseguinte, a participar em sessões de espiritismo.

Embora não seja grande fã de tramas paranormais que fogem às explicações lógicas, foi com muita curiosidade que folheei as 240 páginas desta história. Posso dizer que a mediunidade constitui apenas o contexto deste caso. Não há explicações paranormais que fundamentem o caso que o Inspector Cribb nos traz na presente obra.

O roubo de uma obra de arte e posteriormente uma morte são os motes da investigação que nos é trazida em Um Caso de Espíritos. Completamente isento de pormenores mórbidos, pormenor que já frisei como um dos meus preferidos na literatura, a presente trama convida ao raciocínio e à capacidade de dedução de forma a descortinar o culpado. Os suspeitos, como é já costume, são vários e todos eles com razões para matar, o que dificulta a percepção do verdadeiro culpado. 

Muito ao estilo de Poirot, o Inspector Cribb é um sujeito bastante inteligente e protagoniza alguns momentos espirituosos juntamente com o guarda Thackeray, podendo o leitor estabelecer um paralelismo entre o par de personagens e a dupla Poirot/Hastings.
No entanto, ainda que certas cenas sejam interessantes, não se conhece muito mais sobre o Inspector Cribb, facto que poderá ser explicado pelo seguinte: Um Caso de Espíritos é o sexto livro protagonizado por este personagem, tendo chegado também ao meu conhecimento que a presente obra terá ganho o Prix Du Roman D’aventures em 1987, pelo que acredito que esta história sobressaia perante as anteriores.

Achei, aliás, como é frequente nos livros do estilo, que a trama se desenvolveu a um ritmo moroso, no caso em apreço, dando a conhecer sobre a sociedade vitoriana e a forma como esta encarava as sessões de espiritismo, tema que considero bastante interessante. Devo referir que as passagens que mais gostei foram precisamente referentes ao desenvolvimento de uma sessão deste tipo. Embora seja céptica em relação ao tema, estas passagens de tão bem desenvolvidas, não deixaram de me fazer sentir alguma inquietação e curiosidade sobre o desfecho da trama. 
Gostei de ver omitida a identidade da vitima na sinopse, tendo constituído a maior surpresa da trama bem como o deslindar do culpado e os fundamentos deste.

Em suma, Um Caso de Espíritos é um livro que, na minha opinião, ainda que seja um policial, é leve e proporciona uma boa e rápida leitura. Gostei do protagonista e fico curiosa em ler mais casos resolvidos por este inspector e pelo fiel ajudante Thackeray.


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