quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Especial MOTELx 2016: Shelley [Opinião Cinematográfica]


Sinopse: Elena, uma jovem romena, chega à Dinamarca para trabalhar como governanta na casa de campo de um casal, Louise e Kasper. A rotina de Elena inclui cuidar da frágil Louise, que devido a um aborto espontâneo ficou impossibilitada de ter filhos. Desesperada por ser mãe, Louise oferece uma avultada soma de dinheiro para que Elena seja barriga de aluguer. A sua gravidez traz alegria à casa, mas o comportamento de Elena altera-se. Parece que a vida dentro dela está a tomar forma demasiado depressa...
“Shelley” foi rodado na Suécia, por um realizador iraniano, com produção dinamarquesa. Estreou no último Festival de Berlim, convoca clássicos como “Rosemary’s Baby” e “The Omen” mas num contexto socioeconómico europeu muito contemporâneo.

Opinião: A capa é sinistra e a história faz-lhe jus. Já para não falar no cenário: uma terreola dinamarquesa no meio de nenhures, reduzida a uma vida minimalista. Sem electricidade, a água potável é proveniente de um poço e, claro, a presença do isolamento como elemento chave. É nestas circunstâncias que Elena entra na vida do casal dinamarquês para, numa primeira abordagem, cuidar das tarefas rotineiras e, posteriormente, para carregar no ventre o filho de Kasper e Louise.

Creio que a sinopse é bastante explícita. Considero Shelley o elo perdido entre o filme de Polanski e o The Omen, recordando que ambos datam dos anos 70, e como tal, alguns aspectos poderiam estar ultrapassados nos dias de hoje. Não obstante e estranhamente, o modo de vida de auto subsistência dos dinamarqueses inviabiliza a vida moderna tal como a conhecemos, repleta de gadgets e tecnologia.

Não há muito que se possa contar sobre o filme que não os acontecimentos estranhos que decorrem durante a gravidez de Elena. Formulamos inúmeras hipóteses: será uma entidade demoníaca? Uma possessão? Ou será apenas uma mera incapacidade da barriga de aluguer em levar a gravidez até ao fim? Uma dúvida que se instala até ao último minuto da película, não sendo, no entanto, devidamente esclarecida a razão de todos os acontecimentos que acabara de ver. Se é mau? Não, apela a uma interpretação muito própria e que, certamente, deferirá de telespectador para telespectador.

Eu, pessoalmente, gosto de filmes europeus. Por norma têm um budget inferior às produções "hollywoodescas" e acaba ser um desafio superá-las. Acho que estamos perante um filme bem conseguido. É bastante inquietante e o terror é sobretudo psicológico. As representações são convincentes e devo confessar que me fascinou o ambiente. Confesso-me fã da Escandinava e gostei de ver um filme que não fosse inteiramente falado em inglês (as personagens recorriam a esta língua para se entenderem uma vez que Elena era romena e o casal dinamarquês).

Para já e note-se que ainda só vi um filme da sessão deste ano, achei Shelley um filme bem conseguido. A temática não é original mas as abordagens à mesma acabam por resultar em histórias interessantes.

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