sexta-feira, 31 de março de 2017

A Estante está mais cheia [Março 2017]


Mais um mês a terminar e uma mão cheia de livrinhos a acomodarem-se na estante. Março foi fantástico no que concerne a leituras mas e sobre novas aquisições? A avaliar pela fotografia, sem dúvida!

Chegou neste mês o livro que comprei em Fevereiro na Círculo de Leitores, A Caminho do Inferno de Tami Hoag. Já tenho algumas saudades em revisitar as histórias da autora! Também da mesma editora mas comprado a um particular, A Rapariga que Adorava Tom Gordon de Stephen King. Estou a tentar coleccionar as obras do autor. Na Cash Converters, a um preço irrisório, A Última Dança de Ed McBain. 
Já tive Fala-me de Um Dia Perfeito na estante mas acabei-o por dar, sem ler. Por isso, ei-lo de novo e por troca, o primeiro título de Jennifer Niven.
O marido ofereceu Sr. Mercedes de Stephen King em jeito de comemoração dos 11 anos de namoro. 

Não costumo ler biografias mas O Lobo do Mar de Garrett McNamara chegou inesperadamente e, após ter ido ao lançamento, fiquei algo curiosa. Obrigada à Marcador pela surpresa. Ahhh, o livro estava autografado. Tem um gostinho especial!
Do Clube do Autor veio O Leitor do Comboio e estou bastante expectante. Da TopSeller chegou-me O Predador da Noite, já lido e devorado! Da Saída de Emergência, Destroços, terminado ontem à noite. Da HarperCollins chegou A Viúva Negra que está a ser lido pelo marido e será, devidamente opinado, no blogue. Da Planeta chegaram dois romances, Empurrado Para o Pecado e Sinto A Tua Falta. Da Leya vieram O Filho e o novo do Crime à Hora do Chá. Por último, da Suma de Letras: Desaparecidos, A Rapariga de Antes e  A Tua Segunda Vida Começa Quando Percebes Que Não Terás Outra. Obrigada às editoras parceiras! Agora é ter tempo para devorar esta pilha :)

Março em Livros


Ahhh assim sim! O meu Março literário valeu bem a pena! Já há algum tempo que não lia tanto num mês e livrinhos tão bons. Além disso, este mês é marcado por duas leituras em inglês, das quais já vos falei nas respectivas opiniões: Behind Closed Doors e The Girl Before. Estes, a par de O Predador da Noite, foram, sem dúvida, os melhores do mês!

Neste mês, pautado por uma insaciedade em thrillers psicológicos, ainda li mais três do género: Desaparecidos, A Rapariga de Antes e Destroços (este último terminado ontem à noite), bastante entertainers.
Gostei de Em Fuga mas não me deslumbrou como os dois primeiros da trilogia de Lewis do autor Peter May. Mais morosa foi a leitura de Ligações Arriscadas. Devo confessar que não gostei tanto deste título como das obras anteriores da autora. Hoje faço um sprint para terminar esse livro.

E vocês? Muitos livrinhos lidos este mês? Contem-me tudo.


quinta-feira, 30 de março de 2017

Karin Slaughter - A Mulher Oculta [Divulgação HarperCollins]


Data de publicação: Abril 2017

               Titulo Original: The Kept Woman
               Preço com IVA: 17,70€
               Páginas: 416
               ISBN: 9788491391203

Sinopse: Maridos e esposas. Mães e filhas. O passado e o futuro.
Os segredos unem-nos e os segredos podem destruí-los.
A autora do famoso Flores cortadas regressa com um eletrizante thriller, muito complexo emocionalmente, e que submergirá o protagonista nas obscuras profundidades de um caso que pode destruí-lo.
A descoberta de um assassinato numa obra abandonada, conduz Will Trent e o Bureau de Investigação da Geórgia a um caso que se torna muito mais perigoso quando o cadáver é identificado como sendo o de um ex-polícia. 
Depois de fazer a autópsia, Sara Linton, a nova forense do GBI e amante de Will, descobre que a grande quantidade de sangue encontrada não pertence à vítima. Decerto, um rasto de sangue que não encaixa na cena do crime, indica que há outra vítima, uma mulher que desapareceu… e, se não a encontrarem rapidamente, morrerá.
A cena do crime pertence ao habitante mais famoso da cidade: um atleta rico, poderoso e politicamente bem relacionado, protegido pelos advogados mais caros dos Estados Unidos, um homem que já se tinha livrado de um caso de violação, apesar dos esforços de Will para o prender. Mas o pior ainda está para vir. As provas ligam o passado turbulento de Will ao caso… e as consequências irão arrasar a sua vida com a força de um tornado, causando estragos a Will e a todos os que estão à sua volta, inclusive aos seus colegas, familiares, amigos e também aos suspeitos que persegue.

Sobre a autora: Karin Slaughter cresceu numa pequena cidade do Sul da Geórgia e vive actualmente em Atlanta. Na grande tradição dos thrillers literários, o talento de Karin Slaughter foi comparado ao de Thomas Harris (O Silêncio dos Inocentes) e Patrícia Cornwell.

Paula Hawkins - Escrito Na Água [Divulgação TopSeller]


Data de publicação: 2 Maio 2017

               Titulo Original: Into The Water
               Preço com IVA: 18,79€
               Páginas: 384
               ISBN: 9789898800886

Sinopse: CUIDADO COM AS ÁGUAS CALMAS.
NÃO SABEMOS O QUE ESCONDEM NO FUNDO.

Nel vivia obcecada com as mortes no rio.
O rio que atravessava aquela vila já levara a vida a demasiadas mulheres ao longo dos tempos, incluindo, recentemente, a melhor amiga da sua filha. Desde então, Nel vivia ainda mais determinada a encontrar respostas.
Agora, é ela que aparece morta.
Sem vestígios de crime, tudo aponta para que Nel se tenha suicidado no rio. Mas poucos dias antes da sua morte, ela deixara uma mensagem à irmã, Jules, num tom de voz urgente e assustado. Estaria Nel a temer pela sua vida?
Que segredos escondem aquelas águas?
Para descobrir a verdade, Jules ver-se-á forçada a enfrentar recordações e medos terríveis há muito submersos naquele rio de águas calmas, que a morte da irmã vem trazer à superfície.
Um livro profundamente original e surpreendente sobre as formas devastadoras que o passado encontra para voltar a assombrar-nos no presente. Paula Hawkins confirma, de forma triunfal, a sua mestria no entendimento dos instintos humanos, numa história com tanta ou maior intensidade do que A Rapariga no Comboio. 

Sobre a autora: Paula Hawkins foi jornalista na área financeira durante quinze anos, antes de se dedicar inteiramente à escrita de ficção. Nascida e criada no Zimbabué, mudou-se para Londres em 1989, onde vive atualmente.
A Rapariga no Comboio é a sua primeira obra, que imediatamente se tornou um verdadeiro fenómeno mundial, com mais de 20 milhões de livros vendidos em todo o mundo. O filme, produzido pela Dreamworks, estreou em outubro de 2016. Com a mesma intensidade que cativou milhões de leitores de todo o mundo com o seu romance de estreia A Rapariga no Comboio, Paula Hawkins apresenta agora uma história perturbadora, imprevisível e complexa, passada numa pequena localidade ribeirinha. Quando os corpos de uma mãe solteira e da sua filha adolescente aparecem no fundo do rio, com poucas semanas de intervalo, a investigação subsequente descobre uma história labiríntica. Tal como em A Rapariga no Comboio, o novo romance de Paula Hawkins, Escrito na Água, apoia-se na forte consciência do que são os instintos humanos e do mal que estes podem causar.
 

terça-feira, 28 de março de 2017

Tami Hoag - O Caminho do Inferno [Divulgação Circulo de Leitores]


Data de publicação: Março 2017

               Titulo Original: Down The Darkest Road
               Colecção: Oak Knoll #3
               Preço com IVA: 14,99€
               Páginas: 388
               ISBN: 9789724250632

Sinopse: «A minha filha desapareceu a 28 de maio de 1986. Passaram quatro anos. Nunca mais ninguém a viu ou ouviu falar dela desde então. Não sei se está viva ou morta, se é ou se era. Se me conformar ao tempo passado, admito que a minha filha desapareceu para sempre. Se me agarrar ao presente, sujeito-me ao infinito tormento da esperança. Vivo no limbo. Não é um local agradável. Daria o que quer que fosse para de lá sair, ou pelo menos para retirar a melancolia da minha alma. Anseio por alguma espécie de limpeza, de catarse, por uma eliminação do lixo tóxico que ficou para trás, na esteira de uma má experiência. A ideia de catarse incitou-me a começar este livro. A ideia, que, ao partilhar a minha experiência com o mundo, o veneno destas memórias poderia de algum modo diluir-se, foi como lançar uma corda a alguém que estivesse a ser arrastado pelas revoltas águas de um dilúvio. O problema, porém, é que não posso escapar à corrente, por muito forte que seja essa corda. Sou mãe de uma criança desaparecida.»

Sobre a autora: Natural do Minnesota, filha de um vendedor de seguros, casa com apenas 18 anos de idade e, enquanto o marido termina a sua formação académica, Tami Hoag sobrevive entre trabalhos. Treina cavalos, distribui jornais, tenta escrever mais de trinta palavras num minuto enquanto dactilógrafa, mas é a escrita que desde sempre a fascina. Hoje aponta «The Long Goodbye», de Raymond Chandler, como o seu livro favorito mas foi a partir da leitura de «The Wolf and the Dive» que ensaiou um primeiro texto com princípio, meio e fim. Com o dinheiro do seu primeiro sucesso, o mencionado «The Trouble With J.J.» (1988), compra um computador. Escreve então «Magic», «Sarah Sin», e faz uma primeira incursão nos domínios do suspense com «O Perigo Espreita», «Águas Calmas» e «Paraíso das Trevas». Com «Pecados na Noite», «A Mão do Pecado», «Falso Alarme» e «Barreiras Ocultas» assume definitivamente uma viragem do romance para o thriller. Um nova opção que a autora não hesita em justificar.

 

segunda-feira, 27 de março de 2017

Caroline Eriksson - Desaparecidos [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Mais um livro oriundo da Suécia, desta feita, um thriller psicológico. Para quem, como eu, é fascinada pelas obras literárias oriundas da Escandinávia, foi bom ler algo num registo diferente. Todavia, a literatura policial nórdica ou thriller, que conheço, restringe-se à fórmula de um assassino na mira de um investigador ou um detective. 
Esta obra, por sua vez, distancia-se das demais por não ter um caso criminal subjacente à narrativa. 

A premissa assenta no desaparecimento, numa ilha, de Alex e Smilla, respectivamente o pai e filha da protagonista. Porém parece que a personagem principal, Greta, nunca casou nem teve filhos. 
Note-se que esta história está longe de aprofundar uma situação de desaparecimento, o que acaba por ser invulgar neste tipo de narrativa.

Em primeira análise, o aspecto mais imediato a atentar é a forma dúbia como Greta se relaciona com o leitor. Pessoalmente nunca consegui confiar nela, até porque esta relata alguns episódios do passado, tornando-se notório que a protagonista é psicologicamente perturbada devido a um trauma. Essa condição clínica de Greta apenas será desmistificada no desenvolvimento da acção. Por outro lado senti uma certa dependência da personagem em relação à mãe, facto que não é muito comum se tivermos em conta a sua idade e até o estado civil. 

Agora que reflicto sobre a história, atrevo-me a dizer que expandi a minha incredulidade ao reduzido elenco de personagens. Na minha opinião, todas as personagens carecem de confiança, o que contribui para intensificar o sentimento de suspeita.

Segundo, e porque sou maravilhada pela Suécia, considerei a história como extremamente sensorial. Falo sobretudo do cenário, adorei o ambiente da ilha (imaginei como sendo a ilha de Gotland, que já tive oportunidade de pesquisar quando li um outro livro conterrâneo). Todavia esta descrição não é, na minha opinião, morosa, antes pelo contrário, pois o livro, que tem pouco mais de 250 páginas, restringe-se ao fundamental, interligando o cenário da ilha isolada com a acção. O efeito claustrofóbico funciona muito bem neste tipo de histórias.

Em relação à trama, devo dizer que é feita de impressões e percepções, pois nada é o que parece. Como referi, o facto de termos uma narradora não confiável, faz-nos oscilar por entre várias ilações. Existem efectivamente o marido e o filha? Ou serão estes apenas fruto da sua imaginação? 
Estas teorias, na minha experiência de leitura, não maturaram. Isto porque li o livro durante a tarde de sábado e não houve tempo de interromper a leitura e reflectir nas várias opções para o rumo da história. Por conseguinte, acabei por ser surpreendida com a resolução do puzzle, não obstante esperar um dramatismo mais intenso no clímax.

Em suma, esta foi uma leitura que me prendeu embora o final tenha sido, na minha opinião, anti-climático. Esta é, indubitavelmente, uma autora a ter em atenção de futuro. 


sábado, 25 de março de 2017

Stephen King - Sr. Mercedes [Divulgação Bertrand]


Data de publicação: 24 Março 2017

               Titulo Original: Mr Mercedes
               Tradução: Ana Lourenço e Maria João Lourenço
               Preço com IVA: 18,80€
               Páginas: 472
               ISBN: 9789722530477

Sr. Mercedes é o novo thriller de Stephen King e já se encontra à venda nas livrarias portuguesas com o selo da Bertrand Editora. Esta obra, vencedora do Prémio Edgar para Melhor Livro do Ano, vai ser adaptada a uma minissérie de televisão, com o ator irlandês Brendan Gleeson (conhecido pela sua participação na saga Harry Potter no papel do professor Alastor Moody – ‘Moody Olho-Louco’) a interpretar o polícia Bill Hodges.

Sr. Mercedes é um «surpreendente e refrescante» thriller, na opinião do The New York Times. Mas os elogios não se ficam por aqui. Também a Associated Press tece boas críticas a esta obra: «Mais uma vez se prova que um dos maiores contadores de histórias da América é também um dos seus melhores escritores.»

Sinopse: Numa madrugada gelada, uma fila de desempregados desesperados vai crescendo para conseguir lugar numa feira de emprego. Inesperadamente, um condutor solitário avança sobre a multidão num Mercedes roubado, atropelando os inocentes; depois recua e torna a avançar. Oito pessoas são mortas, quinze ficam feridas. O assassino foge. Meses mais tarde, noutro lugar da mesma cidade, um polícia reformado chamado Bill Hodges continua perturbado pelo crime que ficou por resolver.
Quando recebe uma carta demente de alguém que se autodenomina «O Assassino do Mercedes» e ameaça um ataque ainda mais diabólico, Hodges desperta da sua reforma deprimente e decide a todo o custo evitar uma nova tragédia.
Brady Hartsfield vive com a mãe alcoólica na casa onde nasceu. Adorou aquela sensação de morte ao volante do Mercedes, e quer sentir aquilo de novo. Só Bill Hodges, com os seus dois novos (e improváveis) aliados, pode deter o assassino antes que ataque de novo. E não têm tempo a perder, porque a próxima missão de Brady, se for bem-sucedida, irá chacinar milhares de pessoas. Sr. Mercedes é uma luta épica entre o bem e o mal, e a exploração da mente de um assassino obsessivo.

Sobre o autor: Stephen King, apelidado por muitos de «mestre do terror», escreveu mais de quarenta livros, incluindo Carrie, A História de  Lisey e  Cell, Chamada para a Morte. Vencedor do prestigiado National Book Award e  nomeado Grande Mestre  nos prémios Edgar Allen Poe de 2007, conta hoje com mais de trezentos milhões de exemplares vendidos em cerca de trinta e cinco  países.  Números e  um  currículo  impressionantes  a  fazerem  jus  ao  seu  estatuto  de  escritor  mais  bem  pago  do mundo

Rena Olsen - The Girl Before [Opinião]


Mais um livro lido e ouvido em inglês, um thriller psicológico simplesmente dilacerante e perturbador. Esta obra merecia ser atentada pelas editoras portuguesas. Fica a sugestão. O meu mês de Março fica pautado, assim, por duas Raparigas de Antes: a de JP Delaney e esta, de Rena Olsen.

Sem querer desvendar nada do enredo, querendo espicaçar-vos para a leitura da obra, mesmo em inglês, a trama fala sobre Clara, uma rapariga na casa dos 20s que foi encontrada dentro de um armário, junto de uma menina. O primeiro capítulo é, desta forma, repleto de acção e levanta uma pertinente questão: em que circunstâncias vivia Clara? Considero, por isso, que este livro desperta um súbito interesse logo no primeiro capítulo, percepção que ganha maiores contornos à medida que nos envolvemos na história.

Narrado sobre a perspectiva de Clara, a trama oscila entre os momentos do passado e os do presente onde percebemos que a protagonista viveu enganada durante toda a sua vida. Actualmente assume-se casada com Glen e, retrocedendo ao passado, acompanhamos como ela cresceu sob as rígidas ordens dos pais do marido, Mama Mae e o Papa G. Algo me diz que, por muitos livros que leia, nunca me esquecerei destas personagens.

Os episódios que pautam a sua vida, no passado, são contados de forma aleatória. Pessoalmente discordei da opção da autora. Teria preferido ter-me alheado do passado de Clara na sua forma cronológica. Até porque, escrito desta forma, o leitor tem conhecimento de certas informações que teriam maior impacto se fossem reveladas mais tarde. A título de exemplo, uma das primeiras situações do passado que ela relata é a morte de uma personagem (e apercebemo-nos que esta terá ocorrido num passado mais próximo). Este volta a protagonizar outros episódios, relatados mais tarde, muito embora já se saiba qual fora o seu desfecho.

Apesar de considerar a história toda pouco verosímil (ainda que saiba que acontecimentos traumáticos são bloqueados na nossa mente devido a um mecanismo psicológico denominado por recalcamento), não consigo entender como é que este pode apagar memórias passadas. Até porque, no presente caso, falamos de alguém cuja vida mudou aos 6 anos de idade e eu, ainda que, felizmente, não tenha experienciado nenhum trauma, tenho recordações de episódios antes dessa idade. Portanto não consegui entender como é que antes dos seus 6 anos de vida, as recordações de Clara tenham sido simplesmente apagadas ou se houve uma inibição de continuar a existência que tivera até então.

Também não entendi como é que há tantas raparigas que se submetem a uma situação tão decadente como a que é retratada em The Girl Before. E Clara, em especial, como é que não se apercebeu de que tudo o que fazia era em prol da degradação das muitas meninas que moravam com ela. E aquela relação dela com Glen. Seria uma extensão do fenómeno conhecido por Síndrome de Estocolmo?

Esta história levanta, como deixei antever, algumas questões pertinentes. E adianto que há uma outra muito interessante que se reflecte numa dubiedade entre uma vítima e um perpetrador numa situação limite como a que Clara atravessa.

Apesar destas incongruências, não pude deixar de atribuir 5 estrelas no Goodreads a esta obra. Tantas vezes me senti enredada por toda aquela manipulação e toxicidade que me senti genuinamente indignada, arrasada e por vezes esperançada. O desfecho foi emocionante não obstante ser previsível desde o início. 

Um outro aspecto que gostaria de realçar foi o contexto da história. Este livro, salvo erro, foi escrito no ano passado mas a trama passa-se nos anos 90. Será mera especulação (ou uma constatação) de que os anos 80 havia mais facilidade em raptar uma criança, jogando com a morosidade em obter informação. Contrasta muito com a sociedade de hoje, em que a internet é a mais imediata mediadora de referências.

Não deixo de recomendar novamente este livro, salientando novamente o quão fiquei incrédula com o tema retratado, com o estilo degradante de vida de Clara e pela maldade incalculável daquela família.
Simplesmente arrebatador!

quarta-feira, 22 de março de 2017

JP Delaney - A Rapariga de Antes [Opinião]

Sinopse: AQUI

Opinião: Envolto numa aliciante campanha de marketing, A Rapariga de Antes é a nova aposta da Suma de Letras em matéria de thriller psicológico, um género que tenho vindo a abraçar com mais entusiasmo nos últimos tempos (por falar nisso, está a decorrer o Especial Thrillers Psicológicos, estejam atentos aos blogues participantes).
O livro será publicado no próximo mês, embora a blogosfera/imprensa tivesse tido acesso atempadamente, permitindo-me ler quase um mês antes da sua edição. Antes, fora espicaçada com uma carta contendo algumas perguntas que constam de um inquérito, peça fulcral na trama.
Agradeço, novamente, à editora pela oportunidade.

A trama suscita um imediato interesse. O nº1 de Folgate Street em Londres, uma casa imbuída pela filosofia minimalista, tem uma renda de módica quantia. Os candidatos a arrendatários têm que se submeter a um vasto (e peculiar) questionário onde são avaliadas as competências sociais e psicológicas. O grau de complexidade destas perguntas era elevado. Nem eu conseguia responder às mesmas e, na posição das personagens, sentir-me-ia dividida entre responder o politicamente correcto ou o mais sincero possível.

Logo por aqui, torna-se evidente que este thriller teria tudo para se destacar dos demais. Estamos perante uma obra cujo cenário tem um grande impacto no leitor, e, numa primeira análise, parece ser a casa o elemento detentor de maior suspense. Até porque algo de anormal se passava numa habitação onde é tudo praticamente informatizado e as regras são rígidas a ponto de, a título de exemplo, não poder conter livros (eu, claramente, falharia nos testes para viver no nº1 de Folgate Street).

Além do cenário, o segundo elemento mais bem conseguido da trama é a caracterização das personagens, em camadas. A história é narrada por duas personagens, em momentos temporais distintos: a rapariga de antes, Emma, que viveu no nº1 de Folgate Street com o seu namorado, Simon e, nos tempos posteriores, é Jane que ocupa a casa. Aos poucos, somos presenteados com alguns segredos de Emma estabelecendo um paralelismo com a moradora actual. 

O outro elemento que merece ser destacado é a forma como o autor interage com o leitor, puxando-o para a história, através do confronto com as perguntas que constam do inquérito. Por vezes senti-me na pele de Emma ou Jane e fazia uma nota mental de como responderia àquela questão. Não encontro muitas obras que funcionem neste sentido.

Sem querer desvendar nada sobre a trama, rapidamente o leitor se apercebe que existe uma relação de obsessão. Denotei que a linha que separa o herói da trama do antagonista é muito ténue. Como referi, as personagens têm imensas camadas, impossibilitando-nos de, numa primeira análise, avaliar o seu carácter.

A trama debruça-se, em grande parte, neste aspecto, tornando um pouco previsível, por exemplo, os planos das protagonistas com Edward Monkford, um personagem masculino com um papel fulcral na narrativa. 
À medida que as peças do puzzle se iam encaixando, a meu ver, a história perdia o fulgor. Tinha a sensação que as personagens femininas eram tão semelhantes que se fundiam e reagiam de forma semelhante. 
Além disso, o círculo tão restrito de personagens, fez com que o desfecho não fosse propriamente uma surpresa. Já me tinha passado pela cabeça que a chave da resolução do puzzle passaria por ali.

Só queria deixar aqui um comentário relativamente à sinopse. Sem saber como é a sinopse original, pessoalmente, teria omitido da mesma que Emma acaba por morrer. Creio que teria consubstanciado uma reviravolta inesperada e deixaria o leitor, numa primeira análise, numa incerteza sobre o paradeiro da personagem feminina. 

Ainda assim é um thriller interessante e, segundo averiguei, é o primeiro do género do autor. 
Merece ser atentado até porque, segundo o que sei, esta obra fez furor na feira de Frankfurt em 2015 e foi ambicionado por diversas editoras de vários países por lá. Numa escala de 1 a 10, querem saber porquê? A resposta estará disponível nas livrarias já no próximo dia 5 de Abril. 


Especial Thrillers Psicológicos [Projecto d´A Mulher Que Ama Livros]


Conforme anunciado, esta semana estou a participar no projecto da Mulher que Ama Livros (aproveito para agradecer novamente o convite à Cláudia!) dedicado ao género que tenho abraçado nos últimos tempos mais entusiasticamente, os thrillers psicológicos.
De 20 a 24 de Março, alguns blogues apresentarão sugestões de livros e filmes do género.

Esta é a lista dos participantes
A mulher que ama livros
Serão no Sofá
Menina dos Policiais
Diário da Chris
Say Hello to My Books

Eu vou debruçar-me sobre os livros. Vós sabeis o meu amor pela literatura. 
Se o post ficar muito extenso, perdoem-me. Foi, para mim, difícil eleger os meus preferidos. Além disso, adoro thrillers psicológicos e provavelmente não vou conseguir cingir-me ao essencial. De qualquer das formas, vou incluir os links, onde encontrarão as opiniões das obras, de forma mais fundamentada.


Começamos com estes dois, em inglês. Ainda não terminei The Girl Before de Rena Olsen mas é um sério candidato ao pódio dos preferidos. Está a mexer imenso comigo. Ainda tenho algumas horas de leitura pela frente mas, pelo sim pelo não, menciono-o por contar uma história tão dilacerante e perturbadora. Gosto de livros assim ;)

Relativamente ao Behind Closed Doors, recomendei-o na semana passada. Li-o em apenas dois dias, mesmo com o entrave da língua e fiquei rendida. A história é dilacerante e alicerçada em casamentos disfuncionais. O que "aprendi" com esta história é que a violência psicológica tem um efeito tão intenso quando a física. E mais não digo, têm mesmo que conhecer o casal Grace e Jack Angel.
Ahhh e para quem não aprecia literatura em inglês, esta obra será publicada em Julho pela Editorial Presença.
 

Estes são os meus thrillers psicológicos favoritos. Confesso que tive bastante dificuldade em aferir os melhores e cheguei à conclusão que tenho que mencionar, para além destes, mais uns quantos que merecem ser referenciados pelos grandes momentos de literatura que me proporcionaram. Mas já lá vamos. Os livros desta pilha foram classificados com 5 estrelas no Goodreads, pelo que, na minha opinião, são o crème de la crème dos thrillers psicológicos.

Confissões de Kanae Minato, também recomendado pela anfitriã do projecto, é um romance brutal sobre vingança. Chocou-me muito o rumo da história e, sobretudo, ler algo embebido numa cultura diferente da nossa. Foi o primeiro livro asiático que li e marcou-me imenso. Curiosamente, não sou fã do cinema oriental mas esta obra tornou-se uma das minhas preferidas e creio que se tornará, com o tempo, um livro que nunca esquecerei.

A Rapariga Corvo, de Erik Axl Sund é o primeiro livro de uma trilogia que li em 2014 e teima em não sair da minha cabeça. É dark, pesado e inquietante. Uma vez que é o primeiro livro de uma trilogia, a história, como é evidente, apenas é fechada no terceiro volume da série, As Instruções da Pitonisa. É uma trilogia que, a par da Millennium de Stieg Larsson, é das minhas preferidas.

Se há uma entendida em thrillers psicológicos, esta será, provavelmente, Gillian Flynn. Já li a sua bibliografia completa e escolhi o meu preferido, Objectos Cortantes. Como mencionei sobre a mesma, na minha opinião, este pareceu-me ser o livro mais intoxicante da autora. Há uma cena que me vem logo à cabeça assim que tiro este livro da estante e que atribui o título à obra. 
Devo também referir que li esta obra duas vezes: quando saiu, pela extinta editora Gótica e, mais recentemente, quando foi reeditada pela Bertrand. Quando o reli, a sensação excruciante persistiu.

No Canto Mais Escuro de Elizabeth Haynes chocou-me pelo teor gráfico. É uma história muito pesada sobre uma relação amorosa que se pauta pela obsessão do marido, traduzindo-se em violência doméstica. Recordo-me que, aquando a sua leitura, senti-me angustiada por várias vezes.
Por último, um livro que infelizmente caiu no esquecimento: Continua Desaparecida de Chevy Stevens. Li-o quando saiu e ainda hoje me lembro da história com grande clareza. A história é sobre um rapto e contado em primeira pessoa. É dilacerante. Lamento nunca mais ter visto publicações desta autora porém, audaz como ando, hei de me aventurar e ler as suas restantes obras em inglês.


Estes merecem menções honrosas. Foram leituras plazerosas e tiveram um efeito bastante semelhante em mim. Quando os livros mexem comigo, só poderão ser bons, certo? Além disso, estes títulos têm algo em comum: uma leitura ávida.

Nunca tinha lido nada de Lisa Scottoline mas fiquei sua fã. Não Contes Nada é a história de um pai que tudo faz para safar o filho de uma situação complexa. Oscila entre o thriller psicológico e o drama, é certo, mas não pude deixar de ficar impressionada com a história.

A Teia de Mentiras volta a pegar num tema que aprecio muito: relações matrimoniais mas fá-lo de uma forma diferente, fomentando a incerteza e a dúvida de um dos elementos do casal. 

Deixei-te Ir é fantástico. Aquela reviravolta a 1/3 do livro... e, posteriormente, o rumo que seguiu. Foi inexplicável. Adorei! Tinha mesmo que falar nesta obra que é marcante no género. 

Numa Floresta Muito Escura é um thriller psicológico que, de certa forma, relembrou-me as histórias da Agatha Christie em que se reuniam os suspeitos para descortinar o culpado. O ambiente resultou muitíssimo bem, conferindo uma certa claustrofobia e o resultado final foi uma história muito bem conseguida e que me cativou. 

Não Digas Nada de Mary Kubica é sobre um rapto e, à medida que a trama se desenvolve, vai tendo uns contornos imprevisíveis. Até que Sejas Minha de Samantha Hayes explora a obsessão pela maternidade. Que história... 

Quando me lembro de Presa e Predador, penso no bullying que a filha da protagonista sofria na escola e na provação a que ela e a mãe são sujeitas, tornando a trama um jogo de caça ao rato.

Desaparecida de Katy Gardner não é um livro muito falado e tenho pena pois gostei imenso desta história. O desaparecimento de uma criança abre as portas para uma realidade bem mais aterradora.

Para finalizar, porque não ler Doce Tortura? Dissecar as fobias de uma personagem tão peculiar como é Anna naquela casa tão sombria foi fascinante. Gostei tanto do título que fui imediatamente comprar a outra obra da autora, Não Há Bela Sem Senão, para degustar um dia destes...

Na calha ainda tenho mais alguns livros do género que quero desesperadamente ler e, quiçá, daqui a uns tempos não reformular o meu top.

E vocês? Que thrillers psicológicos recomendam?

Não percam a continuação deste Especial Thrillers Psicológicos, amanhã, no blogue O Diário da Chris. Estou curiosa em ver as suas sugestões. 

quinta-feira, 16 de março de 2017

Daniel Silva - A Viúva Negra [Divulgação HarperCollins]


Data de publicação: Março 2017

               Titulo Original: The Black Widow
               Preço com IVA: 17,70€
               Páginas: 508
               ISBN: 9788491391098

Sinopse: A história passa-se na atualidade – entre Paris e Washington, passando por Santorini e o Califado do Estado Islâmico – em cenários trabalhados, mas completamente credíveis.
Gabriel Allon, um dos melhores restauradores de arte do mundo, é também um espião que trabalha para os serviços secretos israelitas – um excelente assassino silencioso, com uma grande equipa atrás dele.
Intrigas, terroristas e mercenários, serviços de inteligência confrontados entre si, vingança entre governos, agentes duplos e triplos… um mundo atual, que realmente poderia ser nosso!

Sobre o autor: Daniel Silva, americano luso-descendente, é mundialmente reconhecido pelos vários romances de espionagem de que é autor.
Os seus títulos são bestsellers e estão frequentemente no topo da lista de ficção do New York Times. Alguns deles já foram adaptados para a televisão e até a Universal Pictures comprou já direitos sobre as  suas obras.
Desde que lançou a sua primeira obra em 1996 – O Espião Improvável – , nunca mais parou, tendo até à data lançado mais de quinze títulos, publicados em mais de trinta países.
O autor traz-nos agora A Viúva Negra, um livro de espionagem emocionante e actual, um thriller fascinante de uma chocante presciência. Esta história é uma viagem ponderada até ao novo coração das trevas, que perseguirá os leitores muito depois de terem virado a última página.
Uma teia de enganos, com líderes e personagens inventadas, mas que, sem dúvida, nos recordam o que é a realidade actual.

Imprensa
«Se ainda não é um fã de Silva e do seu herói Allon, está a perder uma das melhores sagas da literatura moderna.»
Huffington Post

«Allon é o James Bond do século XXI, elegantemente pacato, subtil e bem-informado.»
Daily Mail

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J. S. Monroe - Encontra-me [Divulgação HarperCollins]


Data de publicação: 1 Abril 2017

               Titulo Original: Find Me
               Preço com IVA: 17,70€
               Páginas: 352
               ISBN: 9788491391197

Em abril chega às livrarias portuguesas Encontra-me, o novo título de J. S. Monroe.
Um thriller viciante, ao jeito de A Viúva ou Não Digas Nada, com uma história engenhosa e perturbadora que promete prender o leitor da primeira à última página.

Sinopse: Há cinco anos, Rosa percorreu o cais em plena noite, contemplou a água escura e turbulenta e saltou. Era uma jovem brilhante que estudava em Cambridge e acabava de perder o pai.
A sua morte foi trágica, mas não inesperada. Foi realmente isso que aconteceu? As investigações determinaram que sim, mas Jar, o namorado de Rosa, não se dá por vencido. Vê Rosa em todo o lado: vislumbra o seu rosto no comboio, julga distinguir a sua figura na falésia. Está obcecado pelo desejo de demonstrar que continua viva.
E eis que recebe um e-mail: Encontra-me, Jar. Encontra-me antes que eles me encontrem.
Mas Rosa terá realmente morrido? E se morreu, quem anda a brincar com os seus entes queridos?

Sobre o autor: J. S. Monroe estudou Língua Inglesa em Cambridge, foi jornalista independente, além de colaborador na Rádio 4 da BBC. Autor de cinco romances anteriores, foi correspondente em Nova Deli e editor do suplemento de fim-de-semana do Daily Telegraph. O autor traz-nos agora Encontra-me, um thriller apaixonante com uma história complexa e impactante, na qual a ciência e a política se entrecruzam, na resolução de um caso de desaparecimento por resolver.
Uma trama simultaneamente romântica e aterradora. Uma leitura sedutora e absolutamente arrepiante.

Imprensa
«Um enredo complexo e uma verosimilhança avassaladora concorrem para que [este livro] se converta num bestseller.»
Clare Mackintosh, autora de Deixei-te ir

«O thriller mais engenhoso que leremos este ano. Fui incapaz de o largar.»
M. J. Arlidge, autor de Um, dó, li, tá

«Um thriller intrincado como um quebra-cabeça, simultaneamente romântico e aterrador.»
Lucie Whitehouse, autora de Antes de te conhecer e Keep You Close

«Belissimamente escrito e urdido por uma mão experiente (...). Uma leitura sedutora e absolutamente arrepiante.»
Owen Laukkanen, autor de The Stolen Ones e The Watcher in the Wall

«Um livro apaixonante que nos mantém acordados até bem depois da meia-noite.»
Alice LaPlante, autora de Coming of Age at the End of Days e Turn of mind

«Uma história complexa e impactante na qual a ciência e a política se entrecruzam com casos de desaparecimentos por resolver.»
Caroline Kepnes, autora de Hidden Bodies e You 


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B.A. Paris - Behind Closed Doors [Opinião]


Este livro, infelizmente, ainda não publicado em Portugal, foi/está a ser tão falado lá fora que tive que o ler. Conforme fui partilhando nas redes sociais, a experiência de ler esta obra foi diferente (e muito positiva). Confesso que, apesar de me considerar desenrascada na língua inglesa, não tenho vagar em ler neste idioma, no entanto, li Behind Closed Doors em dois dias. Aguardavam-me, de acordo com o audiobook, 8h30 de leitura pela frente.
Ouvir atentamente a história, à medida em que a lia, em ebook, fez-me atentar em todos os pormenores da trama. Não que seja uma leitora distraída mas ouvir a narradora, enquanto acompanhava a história, trouxe uma nova dimensão à experiência de leitura. Recomendo, claro! E hei de ler mais alguns livros nestes moldes. Já tenho alguns debaixo de mira.

A primeira impressão, logo nas primeiras páginas, onde tem lugar um jantar de convívio de amigos, é que Jack e Grace Angel são um casal perfeito e feliz. Começava a duvidar do que lera sobre este livro. Iria num rumo de um perturbador thriller psicológico como ouvira? Sim. Nada é como se julga. Agora que revejo mentalmente o primeiro capítulo, sinto que pequenas pistas foram deixadas por Grace, para nos preparar mentalmente para o terror que se seguiria. 

Já há muito que não estava tão entusiasmada com um livro. Que história espectacular! Não querendo desvendar muito sobre a trama, esperançosa de vos espicaçar (não se deixem, por favor, intimidar pela língua pois este livro vale mesmo a pena), devo dizer que se trata de um casal com uma relação bastante controversa. É uma história assaz perturbadora, tendo-me repugnado diversas vezes.

O curioso é que apenas os livros mais gráficos me deixam desta forma, não obstante Behind Closed Doors não explorar homicídios macabros, acompanhados de detalhes sórdidos. Não há litros de sangue ou mutilação de cadáveres, ingredientes que aprecio por me deixarem estupefacta perante o teor maquiavélico de uma personagem.
No entanto, se há algo tão intenso quanto a violência física é, seguramente, o sofrimento psicológico. O aspecto mais chocante desta obra é a personalidade psicótica do antagonista que não inflige tortura física, mas opta por demonstrar a sua malvadez numa linha mais psicológica. Mais não digo. É a surpresa que este livro me trouxe: quando achava que ele tinha ultrapassado os limites, eis que as suas acções pioram.
Por outro lado, a protagonista feminina, Grace, que é simultâneamente a narradora em dois momentos temporais distintos, surge como uma figura cheia de esperança. A sua bóia de salvação é a irmã, Millie, portadora de Síndrome de Down. Senti uma imediata empatia por Grace e a forma tão maternal como lida com a irmã, personagem por quem também nutri um certo carinho.

Li avidamente esta obra em dois dias, como avancei antes. Quando não lia, pensava nos próximos passos do antagonista e no quão sufocante era a posição da vítima naquela teia tão hábil e toxicamente construída. Fui engendrando inúmeras teorias, o clímax não esteve muito longe disso.
Embora reconheça alguma previsibilidade no desfecho da trama (e foi bastante satisfatório, torço veemente pelos finais felizes), este livro cativou-me tanto pelo desenvolvimento da história, em particular, pela atrocidade dos actos do protagonista/antagonista.

O único aspecto negativo que tenho a apontar e relativo à história é a não resolução de algumas situações. Uma em particular, que provavelmente teria um maior interesse caso fosse esmiuçada: as constantes viagens de Jack à Tailândia. Que propósito teriam?
Enfim, face à estrondosa história acaba por ser insignificante... 

Em suma, Behind Closed Doors seria, decididamente, uma excelente aposta por parte das editoras portuguesas. Já há muito tempo que não lia um livro tão angustiante como este. Adorei!

Resultado Passatempo Especial Dia da Mulher - As Nove Magníficas de Helena Sacadura Cabral [exemplar autografado]


E chega ao fim mais um passatempo, desta vez comemorativo do Dia da Mulher, que foi no passado dia 8 de Março. Nada melhor que oferecer um livro que homenageia as principais figuras femininas da nossa história!
Em jogo estava um exemplar, autografado, de As Nove Magníficas de Helena Sacadura Cabral.

Contámos com 156 participações válidas.

E após um sorteio no random.org, a vencedora é:

13 - Maria Emília Monteiro (Leiria) 

Parabéns à vencedora!!! A todos os que tentaram mas não conseguiram, não desistam pois terei o maior prazer em fazer estes passatempos! Boa sorte e boas leituras para todos!

terça-feira, 14 de março de 2017

Emily Bleeker - Destroços [Divulgação Saida de Emergência]


Data de publicação: 17 Março 2017

               Titulo Original: Wreckage
               Preço com IVA: 16,60€
               Páginas: 288
               ISBN: 9789897730443

Sinopse: Poderão duas pessoas unidas pela tragédia admitir a verdade, mesmo que implique arruinar as suas vidas? Lillian Linder é uma mentirosa. À superfície, aparenta ser a sobrevivente corajosa de um acidente de avião. Mas tem vindo a mentir à sua família e ao resto do mundo desde que os helicópteros de salvamento a resgataram a si e a Dave, outro sobrevivente, de uma ilha deserta no Pacífico Sul. Desaparecidos durante dois anos, tornaram- -se estrelas e recebem as atenções de toda a imprensa. Mas nunca poderão contar a verdadeira história… O público está fascinado por ambos, mas Lillian e Dave têm de regressar às suas vidas e esposos. Genevieve Randall, uma jornalista experiente e obstinada, suspeita que a história pode ser falsa e está determinada a desvendar a verdade a qualquer custo, mesmo que implique destruir as vidas de Lillian e Dave. Uma história eletrizante que nos faz questionar a importância da sobrevivência, tanto no meio da natureza selvagem como sob os holofotes da imprensa implacável.


segunda-feira, 13 de março de 2017

Jeff Abbott - A Primeira Regra [Divulgação Porto Editora]


Data de publicação: 16 Março 2017

               Titulo Original: The First Order
               Colecção: Sam Capra #5
               Preço com IVA: 17,70€
               Páginas: 432
               ISBN: 9789720048967

Sinopse: Sam Capra nunca acreditou que o irmão tivesse sido assassinado às mãos de extremistas no Médio Oriente. Antigo operacional da CIA, Sam transformou-se num agente infiltrado de topo, e decide lançar a sua própria investigação. Mas a que ponto e com que propósito é que os seus contactos ainda lhe serão leais? Toda a informação tem um preço e a confiança pode ser um conceito volátil para alguns…
A busca desesperada pelo irmão levará Sam a uma versão moderna do coração das trevas: o círculo privado da elite russa, oligarcas implacáveis, com a escola do KGB, que juraram fidelidade a Morozov, o corrupto presidente da Rússia. No fio da navalha, não passam de peões no xadrez global a que Morozov se dedica, e agora um destes homens quer ver-se livre do novo czar. Estará Danny envolvido na conspiração? No que se terá tornado?
Desde os bairros de lata do Paquistão, passando pelos parques de diversão privados dos super-ricos no Caribe, até uma sumptuosa cidade proibida em plena Moscovo, Jeff Abbott oferece-nos uma vez mais um thriller de leitura compulsiva, onde a página seguinte nunca é aquela por que estávamos à espera.. 

Sobre o autor: Escritor norte-americano, Jeff Abbott é licenciado em História e Inglês pela Universidade de Rice e trabalhou como director criativo numa agência de publicidade antes de se dedicar à escrita. Autor de treze livros de suspense e mistério, já esteve nomeado três vezes para o Mystery Writers of America's Edgar Allan Poe Award e duas vezes para o Anthony Award, atribuído pela World Mystery Conference. Actualmente vive em Austin com a mulher e os dois filhos. Obras como Pânico, Medo, Colisão ou Adrenalina tornaram-no famoso em todo o mundo.


Jessica Fletcher & Donald Bain - Crime, Disse Ela: Morte em Savannah [Divulgação ASA]


Data de publicação: 21 Março 2017

               Titulo Original: Murder, She Wrote: A Slaying In Savannah
               Preço com IVA: 13,50€
               Páginas: 272
               ISBN: 9789892337609

Sinopse: Uma mansão assombrada.
Um mistério milionário.
Uma corrida contra o tempo.

A famosa escritora de romances policiais Jessica Fletcher está a ouvir a leitura do testamento da sua querida amiga Tillie, quando é surpreendida por uma das cláusulas. Tillie doará um milhão de dólares à obra de caridade que ambas fundaram... se Jessica descobrir quem foi o responsável pela morte do noivo dela, assassinado numa festa de fim de ano quarenta anos antes. E tem um prazo de trinta dias para o fazer.
Assim que Jessica se instala na mansão de Tillie, percebe que não é bem-vinda. Nenhum dos herdeiros lhe vai facilitar a vida. Consta que a velha casa está assombrada… E, sem arma do crime ou quaisquer pistas, como poderá ela solucionar o mistério? E quais seriam as verdadeiras intenções da amiga, uma vez que nunca saberá a resposta à sua derradeira pergunta?

Sobre a autora: Jessica Fletcher (nascida Jessica Beatrice MacGill que escreve sob J.B. Fletcher) é uma personagem ficcional da série televisiva americana, Crime, Disse Ela (no original Murder, She Wrote), interpretada por Angela Lansbury.


Jo Nesbø - Polícia [Opinião]

Sinopse: AQUI

Opinião: Polícia é já o 10º livro da série protagonizada pelo Harry Hole.Mas a verdade é que não parece. Ainda não me sinto cansada dos casos deslindados por este invulgar protagonista, não obstante parecer-me que à medida que a saga avança, os seus problemas com o álcool, vão-se mitigando progressivamente.

O caso aqui presente debruça-se sobre os homicídios de vários polícias e, hei de jurar que por entre as primeiras vítimas, os nomes eram algo conhecidos. Talvez tenham entrado em O Morcego ou Baratas (ou até em demais títulos da série) mas a dificuldade em reter ou mesmo de associar estes nomes escandinavos às obras, é uma tarefa, a meu ver, assaz complexa.
Confesso que, até ao presente livro, a morte que mais me tinha chocado, nesta série protagonizada por Harry Hole, tinha sido a do seu colega, o jovem polícia Halvorsen, o qual deixara, como legado, um filho bebé que, tenho visto mencionado, pontualmente, em outros livros da série. Teria sido importante, e omito as minhas razões, que se tivesse falado igualmente desta criança na presente trama. Com isto quero apenas dizer que ao longo desta leitura deparei-me com o homicídio de uma personagem muito querida e da qual, doravante, sentirei falta. 

Afinal de contas, não é apenas sobre a vida pessoal de Harry que o autor se debruça. Os fãs da série sabem igualmente as vidas de personagens tão carismáticas, ou não, como é o caso de Beate Lønn, Stale Aune e até mesmo Silje. Deixo uma ressalva, ainda sobre as personagens secundárias, para a forma como Anton Mittet progride ao longo da trama. Ele é um desconhecido investigador policial e, aparentemente, sem grande importância. Rapidamente essa minha percepção foi deitada por terra. E não, não estou a revelar a verdadeira identidade do antagonista, Valentin.

Durante as primeiras 200 páginas, sentia-me algo desinteressada pelo livro, confesso. No decorrer da primeira parte da história, o protagonista Harry Hole manteve-se oculto e eu sentia-me inquieta com a possibilidade de uma secundarização deste protagonista. O final de Fantasma não fora o mais abonatório para o detective e estava expectante sobre a sua participação em Polícia. As dúvidas ficaram desfeitas quando o caso passou, finalmente, para as mãos de Harry. Agradou-me muito o desenrolar da trama mais pessoal do personagem principal. A situação relativa a Rakel e Oleg que teve início em O Boneco de Neve, parece-me, enfim, ultrapassada.

Não foi o meu livro favorito da série. Esse lugar ainda está preenchido pel'O Boneco de Neve e O Leopardo. No entanto, noto que ao 10º livro, o autor ainda logra cativar os seus fãs. Não me senti defraudada, de forma nenhuma, com Polícia. Finda a leitura, fui de imediato averiguar como prosseguia a série. Ficarei, certamente, expectante com um novo caso de Harry Hole, porém, nas livrarias a partir da próxima semana, teremos um stand alone, O Filho. Sempre ameniza o tempo de espera até voltar a ler mais um caso do nosso inspector norueguês de eleição.


sábado, 11 de março de 2017

Caroline Eriksson - Desaparecidos [Divulgação Editorial Suma de Letras]


Data de publicação: 22 Março 2017

               Titulo Original: De försvunna
               Preço com IVA: 16,60€
               Páginas: 256
               ISBN: 9789896651978

Sinopse: Ninguém mente. Ninguém diz a verdade. Todos têm segredos.
Em torno dela, apenas silêncio.
Greta acorda e percebe que Alex e Smilla ainda não voltaram. Saíram do barco para um passeio na ilha no meio do lago Maran, enquanto ela permaneceu a bordo, a descansar. Mas agora o sol está a desaparecer por detrás das árvores, desenhando línguas vermelhas no céu. A água, fria e imóvel como uma pedra. E greta não sente nem a voz reconfortante de Alex nem o riso alegre de Simlla. Vai para terra procurá-los, mas rapidamente percebe que eles não estão na pequena ilha. Desapareceram.
Greta regressa a casa, à beira do lago, onde a família está a desfrutar de alguns dias de férias. Também não estão lá- E as chamadas para o telemóvel de Alex vão sempre parar ao implacável atendedor.
Mas Greta não pode ficar assim, sem fazer nada. Reúne toda a sua coragem e vai à polícia denunciar o desaparecimento do marido e da filha.
Na esquadra da pequena vila mais próxima, Greta encontra um jovem agente. O polícia ouve a sua história e, após fazer algumas verificações no compitador, diz-lhe que greta não é casada e que nunca teve filhos...
Mas quem são então Alex e Smilla? Porque desapareceram? E o que esconde Greta? Qual é a sua história? Está a mentir ou é ela a única a dizer a verdade?
O marido e filha desapareceram. Mas ela não é casada e nunca teve filhos…. 

Sobre a autora: Caroline Eriksson, nascida em 1976, tem um mestrado em Psicologia Social e trabalhou durante mais de dez anos na gestão de recursos humanos. Vive em Estocolmo com o marido e dois filhos.
Os seus primeiros dois livros, baseados em casos de assassinatos reais na Suécia, receberam elogios fantásticos, e a sua estreia, The Devil Helped Me (2013), foi nomeado para o Stora Ljudbokspriset (O Grande Prémio de Audiolivro), em 2014. Desaparecidos, o seu primeiro thriller de suspense psicológico, é um sucesso internacional e os direitos foram vendidos para mais de 25 países em pouco mais de uma semana.


JP Delaney - A Rapariga de Antes [Divulgação Suma de Letras]


Data de publicação: 5 Abril 2017

               Titulo Original: The Girl Before
               Preço com IVA: 18,80€
               Páginas: 400
               ISBN: 9789896652029

Sinopse: «Por favor, faça uma lista de todos os bens que considera essenciais na sua vida.»
O pedido parece estranho, até intrusivo. É a primeira pergunta de um questionário de candidatura a uma casa perfeita, a casa dos sonhos de qualquer um, acessível a muito poucos.
Para as duas mulheres que respondem ao questionário, as consequências são devastadoras.
Emma: A tentar recuperar do final traumático de um relacionamento, Emma procura um novo lugar para viver. Mas nenhum dos apartamentos que vê é acessível ou suficientemente seguro. Até que conhece a casa que fica no n.º 1 de Folgate Street. É uma obra-prima da arquitectura: desenho minimalista, pedra clara, muita luz e tectos altos. Mas existem regras. O arquitecto que projectou a casa mantém o controlo total sobre os inquilinos: não são permitidos livros, almofadas, fotografias ou objectos pessoais de qualquer tipo. O espaço está destinado a transformar o seu ocupante, e é precisamente o que faz…
Jane: Depois de uma tragédia pessoal, Jane precisa de um novo começo. Quando encontra o n.º 1 de Folgate Street, é instantaneamente atraída para o espaço — e para o seu sedutor, mas distante e enigmático, criador. É uma casa espectacular. Elegante, minimalista. Tudo nela é bom gosto e serenidade. Exactamente o lugar que Jane procurava para começar do zero e ser feliz. Depois de se mudar, Jane sabe da morte inesperada do inquilino anterior, uma mulher semelhante a Jane em idade e aparência. Enquanto tenta descobrir o que realmente aconteceu, Jane repete involuntariamente os mesmos padrões, faz as mesmas escolhas e experimenta o mesmo terror que a rapariga de antes. 
O que aconteceu à rapariga de antes?

Sobre o autor: A Rapariga de Antes é o primeiro thriller psicológico de JP Delaney, pseudónimo de um escritor de sucesso de outros livros de ficção e que também é director criativo numa das maiores agências de publicidade do Reino Unido.
A Rapariga de Antes foi publicado em Janeiro de 2017 nos Estados Unidos, a primeira de mais de 30 edições estrangeiras. O filme baseado neste romance será levado ao grande ecrã pelo realizador Ron Howard (Apollo 13, Uma Mente Brilhante, O Código DaVinci, etc.).



segunda-feira, 6 de março de 2017

Passatempo Especial Dia da Mulher - As Nove Magníficas de Helena Sacadura Cabral [exemplar autografado]


No Dia Internacional da Mulher, nada melhor do que enaltecer algumas figuras públicas femininas que foram marcantes, como é o caso das nossas rainhas. Sim, estão no blogue certo, na Menina dos Policiais, que de tempos a tempos lê algo sobre História de Portugal se bem que esta não é, de todo, a sua praia. Por isso, fãs desta área, não se acanhem de participar e partilhar este passatempo. Vou oferecer este livro, proveniente da minha estante, autografado pela autora Helena Sacadura Cabral, em jeito de comemoração do dia da Mulher.

Sinopse: Sobre o papel das mulheres na construção do país que somos, reina o silêncio. Se é indiscutível que a História de Portugal foi erigida com uma importante influência feminina, também é verdade que este contributo tem sido lamentavelmente minorado ou mesmo esquecido pela grande maioria dos historiadores. Exaltamos os nossos reis, as suas qualidades, os jogos de poder em que estiveram envolvidos, as vitórias que alcançaram. Mas as suas consortes são quase sempre vistas como meros peões deste jogo. Neste livro, Helena Sacadura Cabral surpreende-nos ao recuperar a história de nove magníficas mulheres que souberam deixar a sua marca e influenciar decisivamente a vida nacional. O que têm em comum D. Teresa, a primeira rainha de Portugal, Santa Isabel, a pacificadora, D. Leonor Teles, a licenciosa, D. Filipa de Lencastre, a mãe da Ínclita Geração, D. Catarina de Áustria, a centralizadora, Luísa de Gusmão, uma regente poderosa, D. Carlota Joaquina, a política irreverente, D. Maria, a única mulher a ocupar, por direito próprio, a chefia do Estado português já num ordenamento constitucional e D. Amélia, que viu morrer nos seus braços o marido e o seu filho, o príncipe herdeiro? Foram rainhas, regentes, mães, esposas dedicadas, diplomatas de calibre, políticas argutas e quase todas elas sentiram esse imenso fascínio que o poder parece desencadear. Através das suas alegrias e tristezas, dos encantos e desencantos, das ambições e dos fracassos, das acções políticas ou mesmo do seu quotidiano, Helena Sacadura Cabral relata nove séculos de História do nosso país através do olhar e do destino que a vida reservou a estas surpreendentes mulheres.

Esta obra parece-me ser adequada para ofertar nesta altura, não vos parece? Podem participar até às 23h59 do dia 12. Então vamos a isso. Creio que conseguem facilmente responder às questões levantadas.

Espero que gostem! Boa sorte :)

domingo, 5 de março de 2017

Peter May - Em Fuga [Opinião]


Sinopse: AQUI 

Opinião: Em Fuga é a mais recente obra do autor Peter May a ser publicada por cá. Antes de mais, uma das minhas críticas recai sobre a opção da edição de mais um stand alone em vez da publicação do último livro que encerra a trilogia de Lewis (recordo que o último título editado foi A Ilha de Entrada, também este independente) composto pelas obras A Casa Negra e Um Homem Sem Passado.

Gostei particularmente destes dois livros e aguardo com grande ansiedade a conclusão da trilogia. Não sei se terá sido esse sentimento a influenciar a minha apreciação sobre Em Fuga. De facto, não gostei tanto como dos livros anteriores.

A história distribui-se entre dois planos temporais distintos: uma subtrama passada nos anos 60, intercalada com a acção na actualidade. Devo confessar que gosto de histórias contadas dessa forma, pois permite-nos saber, de forma simultânea, as provações a que foram submetidos os protagonistas e como eles se encontram passados 50 anos. Sem grandes pistas, foi fácil aferir que algo de muito grave se passou quando eles decidiram fugir, na década de 60.

Que o autor aprimora as descrições já eu me tinha apercebido, afinal de contas, um dos componentes que fez com que adorasse os livros antecessores foi precisamente a forma como Peter May pintou o cenário escocês que serviu de pano de fundo a essas tramas. Como referi na altura, senti-me apaixonada por aquelas paisagens. No entanto, não senti o mesmo com a presente obra. O cenário não foi esmiuçado com a mesma intensidade. Faz sentido, já não estamos perante aquele singular ambiente escocês, ao invés, o autor opta, na subtrama relativa aos anos 60, por explorar um certo estoicismo da adolescência. Ora os jovens fogem de casa, movidos pelo objectivo de singrar no mundo da música. Mas até que isso aconteça, as personagens passam por uma série de situações adversas à conclusão do objectivo.

Por essa razão, considero que o ritmo da trama foi algo moroso nas páginas iniciais com uma ausência de momentos de maior tensão ou acção.

Apesar de ter achado piada à alusão aos Beatles ou a outras figuras da época, devo confessar que, muito provavelmente por motivos etários, não tenho grande afinidade com os 60s. Teria achado mais piada, certamente, se a década em questão fosse a dos 80s. Não consigo embeber o ambiente hippy da geração passada explorada na trama.

Quanto à trama relativa à actualidade, não é muito mais do que o grupo de amigos, agora envelhecidos, a viajar para Londres afim de revolver o passado e encontrar respostas para o homicídio do amigo. Não há grandes revelações pois estas acontecem maioritariamente na parte alusiva a 1965 e nas páginas finais. Até então, é apenas um grupo de jovens que escapa de casa e tenta sobreviver.

Já no que concerne ao clímax da história, não esteve muito longe daquilo que eu equacionara. Teria gostado em ser mais surpreendida, como fui nos primeiros livros que li do autor.

Por estas razões, considero que Em Fuga ficou um pouco aquém das obras que conheço do autor. Na estante ainda consta para ler A Ilha de Entrada mas para ser sincera, sinto-me sequiosa de ler a terceira parte da trilogia de Lewis.