quarta-feira, 3 de maio de 2017

Emily Bleeker - Destroços [Opinião]

Sinopse: AQUI

Opinião: Destroços é um thriller psicológico que li no final de Março, mês que, como se lembram, foi pautado pelo Especial Thrillers Psicológicos, razão pela qual tive de incluir este título nas minhas leituras. Infelizmente não foi marcante a ponto de ser mencionado nesta iniciativa.

A opinião tardou (o mês passado foi pautado por uma menor dedicação ao blogue) mas não queria deixar de mencionar as minhas observações sobre a presente obra. A história, alicerçada sobre duas personagens, Lilian e Dave, é construída a partir de mentiras e do poder que a ribalta pode exercer sobre o anonimato.  Os protagonistas sobreviveram a um acidente de avião e viveram numa ilha deserta durante dois anos. Quando retornam, têm a imprensa atrás de si. Seria impensável terem sobrevivido sem recursos durante tanto tempo mas uma distorção dos acontecimentos da ilha será pertinente para que continuem a viver as suas vidas.

A premissa é bastante interessante, porém intrigava-me qual seria a componente do thriller. Só se considerarmos o facto de termos como protagonistas, duas personagens aparentemente duvidosas e haver um certo mistério sobre os verdadeiros acontecimentos que tiveram lugar na ilha. Além disso, há uma situação inicial que foi bastante astuta, permitindo reduzir as personagens a apenas duas naquele lugar tão recôndito.

Ainda assim, grosso modo, creio que o subgénero do thriller se desvaneceu na aventura passada na ilha, onde prevalecia o instinto de sobrevivência. No entanto, o que mais temia, aconteceu e, para ser honesta, muitas das passagens recordaram-me a história da Lagoa Azul.

Os flashbacks dos acontecimentos passados alternam com a actualidade para que o leitor acompanhe gradualmente a aventura da ilha, enquanto Lillian conta a sua versão dos acontecimentos à entrevistadora. Há um evidente paralelismo entre a ficção e a realidade e o leitor consegue facilmente discernir a versão falaciosa. Quando se tem uma personagem que se autoproclama mentirosa, não há grande margem para enganos.

Gostei de acompanhar as vidas de Lillian e Dave antes do acontecimento. Achei emocionante a história de Dave e Beth que tanto ansiavam por ser pais e o rumo desta após o regresso de Dave, uma personagem cuja evolução foi notória. A permanência na ilha moldou-o. Já Lilian não me transmitiu a mesma empatia. Precisei sempre de corroborar a informação que ia disponibilizando na entrevista, recorrendo aos flashbacks.

Estamos perante uma história que é, na minha opinião, algo previsível. Apenas um acontecimento na ilha me deixou genuinamente surpreendida. Além disso, considerei o final um pouco anti-climático.
No entanto, penso na grande mensagem indissociável à trama: a importância da família e a desvalorização dos bens materiais em detrimento das relações sociais. Essas sim é que são importantes. Fiquei também a pensar na esperança que os familiares de Dave e Lilian depositaram, nunca desistindo de ver com vida os seus entes queridos.

Em suma, por estas razões que mencionei anteriormente, ainda que Destroços tenha proporcionado uma rápida e plazerosa leitura, não me fascinou por completo. Deveria ter explorado com mais intensidade a componente de thriller. O cenário, caracterizado pelo isolamento, seria bem propício a tal e eu teria ficado bem mais impressionada. Um livro que entretém mas que não acrescenta nada de novo ao género.


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