segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Especial MOTELx 2017: El Bar de Álex de la Iglesia [Opinião Cinematográfica]


Sinopse: Nove horas da manhã: algumas pessoas tomam o pequeno-almoço num café no centro de Madrid. Uma delas, um homem, está com pressa. Ao sair para a rua, um tiro atinge-o inesperadamente. Ninguém se atreve a ajudá-lo. Presos dentro do café, todos se apercebem rapidamente de que nem deles próprios estão a salvo... É o regresso do mestre Álex de la Iglesia à comédia de género e a um tema já antes explorado em filmes como “Common Wealth”, “800 Bullets” ou “Witching and Bitching”, ou seja, personagens enclausuradas num único espaço físico. Para explorar este tema, Iglesia conta com o seu parceiro desde “Mutant Action”, Jorge Guerricaechevarría. O filme foi estreado mundialmente na última edição do Festival de Berlim.

Opinião: Chega Setembro e eu começo a fazer o aquecimento para o evento mais aguardado do ano para fãs de terror, como eu! A minha vontade era ver os filmes todos do festival mas, com muita pena minha, é economicamente inviável.

Começo por dizer que sou grande fã do cinema de terror espanhol e Álex de La Iglesia é uma referência no género. Daí que, quando soube que este filme estaria em cartaz nesta edição do MOTELx, não hesitei em vê-lo.

El Bar é um filme que destaca o instinto de sobrevivência numa situação limite, recorrendo a uma das sensações mais tenebrosas: paranóia. 
Inicialmente pensei que o tiroteio fosse algum acto de terrorismo e que seria um rastilho para uma trama, embora ficcionada, alicerçada sobre os constantes ataques que se têm vislumbrado na Europa. Porém, rapidamente descartei essa hipótese. O rumo da história envereda por um outro caminho, cujas pistas são dadas logo no início. Basta atentar à abertura do filme, em que mostram ampliações de bactérias. 
Além desta aparente indução ao tema do terrorismo, a história faz uma breve referência ao poder da comunicação social e como este consegue adulterar informação e assim, manipular a população.

Creio que o aspecto mais bem conseguido é a sensação contínua de claustrofobia. A história passa-se, em primeiro plano, num bar em Madrid e, posteriormente, no sistema de saneamento por baixo. Devo dizer que este segundo cenário, ainda que igualmente claustrofóbico, consegue ainda ser mais repulsivo. Impressionou-me, confesso.

Penso que as personagens representavam, de certa forma, um estereótipo na sociedade. A título de exemplo, temos a mulher aparentemente fútil, o mendigo, a viciada no jogo... e sendo um filme cujo tema relaciona-se fortemente, como já afirmei, com o instinto de sobrevivência, os actos de altruísmo são apenas pontuais.

Não obstante estes pontos que me agradaram, houve um que achei menos positivo. Na minha opinião, a origem daquela situação carecia de uma explicação mais pormenorizada. No final, fiquei com a sensação de ambiguidade sobre a verdadeira génese daquela situação.

Tirem as vossas próprias conclusões. O filme será exibido no MOTELx nas seguintes sessões e horários:

Sessão 1 - Quarta-feira, 6 Setembro 2017 às 19h00
Cinema São Jorge
Sala Manoel de Oliveira

Sessão 2 - Sexta-feira, 8 Setembro 2017 às 14h30
Cinema São Jorge
Sala 3

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