quarta-feira, 13 de setembro de 2017

C.L. Taylor - Em Fuga [Opinião]

Sinopse: AQUI

Opinião: Em Fuga é o primeiro livro de C.L. Taylor publicado por cá. Um thriller psicológico muito interessante que me prendeu quase de imediato. No primeiro momento de leitura, li praticamente 100 páginas e imperava a vontade de continuar.

Numa primeira análise, o que mais me intrigou na história foi a chantagem de Paula a uma mulher sem que, aparentemente, nada as ligasse. A vítima é Jo, uma mulher casada com uma filha pequena de dois anos e que possui uma particularidade. 
Mais uma vez, o estigma da saúde mental acaba por determinar o juízo que fazemos de uma dada personagem e Jo sofre de agorafobia. Aliada à fobia, tem constantes ataques de pânico, alturas em que demonstra alguns devaneios. Portanto, a minha percepção (note-se, muito pessoal) é que esta personagem é algo duvidosa. Ao longo das várias páginas, nunca consegui confiar nela e houve um momento em concreto em que esta minha sensação se intensificou. Omito, obviamente, o acontecimento em causa mas, relacionado com a criança de apenas dois anos, chocou-me muito. 

Creio que, e pegando na personagem da pequena Elise, esta dá um impacto maior à estrutura familiar de Jo. A minha dúvida, além da inquietação perante os estranhos comportamentos de Jo, prendiam-se com a relação desta com a filha. Questionava-me com frequência se esta seria boa mãe e pus-me na pele da personagem. Definitivamente não tomaria grande parte daquelas decisões. 
Portanto a criança surge na trama para intensificar o suspense, a meu ver. 
O outro ponto de grande mistério foi, a meu ver, a forma como a chantagista pode não ser a vilã da história, colocando-nos a nós, leitores, na incerteza sobre quem, afinal, poderá ser o verdadeiro antagonista e porque razão.

Uma das temáticas que mais gosto de ver exploradas no subgénero de thriller psicológico é, sem dúvida, a exploração da relação entre o casal. Temo que, numa interacção tão íntima, haja a possibilidade de um dos elementos boicotar a relação para prejudicar o outro. De forma intencional, claro.
Esta componente é bem jogada com a chantagem e, ao longo de grande parte da acção, não sabia como ligar os dois acontecimentos. O que me leva a escrever sobre o ponto que, na minha opinião, foi o menos positivo. Creio que a chave do mistério é resolvida muito antes do clímax e, muito sinceramente, pensei que toda aquela perseguição da Paula se devesse a um motivo mais rebuscado. A partir desse momento, a meu ver, a trama tornou-se um pouco previsível. O desfecho foi, na minha opinião, pouco intenso e sem grandes surpresas, não obstante congratular a autora pela escolha do cenário onde se dá o confronto final.
Talvez o ponto mais interessante se tenha repetido no epílogo, altura em que, claramente, se aplica o ditado "cá se fazem, cá se pagam". Confesso que esbocei um sorriso na frase final.

Em suma, Em Fuga é um livro de rápida leitura, bastante empolgante, embora peque pela eventual previsibilidade a um dado ponto. Confesso que senti falta do último twist que me deixasse boquiaberta.
Ainda assim, um thriller psicológico bem conseguido alicerçado, uma vez mais, num núcleo familiar que, não diria totalmente disfuncional, mas com algumas lacunas. Fiquei, pessoalmente, curiosa em ler mais trabalhos da autora.


1 comentário:

  1. Mais um para a lista...Este parece-me muito interessante mesmo.
    O Domador de leoes, ainda estou muito no inicio... Já conheço as personagens, agora estou a especular, quem faz ou fez o quê ;)

    Beijinho

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