segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Anna Snoekstra - A Única Filha [Opinião]

Sinopse: AQUI

Opinião: Romance de estreia da australiana Anna Snoekstra, A Única Filha é um cartão de visita auspicioso. Não é um livro longo, é certo, mas li-o rapidamente com alguma avidez e muito, muito interesse.

Senti-me intrigada pela história logo nas páginas iniciais em que uma mulher, cujo nome desconhecemos, faz-se passar por uma jovem que desaparecera 11 anos antes. Ainda que Rebecca tenha desaparecido há mais de uma década, fez-me alguma confusão como é que duas mulheres podem ser fisicamente tão parecidas ao ponto de serem confundidas.
Tive que me contentar com a explicação de que esse hiato de tempo poderia provocar mudanças físicas em Bec ao ponto de a tornar mais parecida com esta... impostora.

A trama desenrola-se em capítulos alternados entre a acção em 2003 e a actual, em 2014. No passado reconstitui os últimos passos da adolescente de 16 anos que desaparece misteriosamente. Aquilo que parece ser um registo do dia-a-dia de uma miúda, começa a ter maior interesse a partir do momento em que ela fica paranóica. 
Esta subnarrativa é feita na terceira pessoa. De certa forma, e a meu ver, este tipo de estrutura promoveu um afastamento entre o leitor e esta jovem. Ainda que nos sintamos interessados em conhecer o seu desfecho, a nossa atenção foca-se maioritariamente na subtrama actual. Esta é narrada na primeira pessoa, em que o leitor é privilegiado com várias informações sobre a impostora, permitindo conhecer a forma como esta manipula os outros, a culpa que sente ou a incerteza de que a farsa pode acabar bem.

O mistério prossegue em duas frentes: o que terá afinal acontecido a Rebecca e como é que a impostora vai continuar com este "roubo" de identidade sem que ninguém se aperceba. Portanto, diria que existe um cerco que se apertava sobre esta personagem e, estranhamente, acabei por torcer por ela. Apesar de ser assumidamente errada esta usurpação de identidade, não lhe atribuo o papel de vilã na trama. 

Ainda que tenha considerado a história satisfatória, há alguns pontos que careciam de uma explicação mais cuidada. A título de exemplo, a impostora começa a ser ameaçada via SMS. Nunca se descobre quem era o mensageiro. As páginas finais da obra retratam uma situação que, na minha opinião, é completamente dispensável e pouco adianta para fechar a história. 
Não obstante ter adorado o final! Não o previa, de todo. Para mim, foi completamente desconcertante.

Apesar da grande incongruência da história subsistir numa troca de identidades e ser credível, a trama desenvolveu-se de forma intrigante. Não obstante eu ler poucas obras com esta temática, explicando daí talvez o meu entusiasmo com a presente história. Gostei muito! 


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